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Projeto 'Nossa Horta' será iniciado em Maringá

Projeto 'Nossa Horta' será iniciado em Maringá
Em parceria com o pesquisador e engenheiro agronômico José Oliveira de Albuquerque, o deputado estadual Evandro Junior busca, junto ao Governo do Estado, viabilizar o projeto "Nossa Horta", que levará saúde, bem-estar e complemento de renda aos povos refugiados que vivem em Maringá, em sua maioria compostos por haitianos. Albuquerque é o idealizador das "Hortas Comunitárias", projeto de sucesso absoluto que gerou mais de 40 hortas na cidade e que foi reconhecido em diversos prêmios nacionais e internacionais.

A ideia é fazer hortas urbanas em terrenos pertencentes ao Estado e que se encontram ociosos por estarem em regiões próximas de instalações de altas tensões da rede elétrica. "Diversos espaços na cidade podem servir de hortas para os imigrantes que sofrem com a falta de emprego e até de convivência com a comunidade em Maringá", diz Evandro Junior. Calcula-se que há aproximadamente dois mil imigrantes em Maringá, vindos de Haiti, Angola, Síria e de outros países.

O engenheiro agronômico explica que muitas áreas da cidade são ideais para essas hortas, e que não há perigo algum em cultivar hortaliças nesses terrenos ao lado de torres elétricas. "A pedido da Eletropaulo, um estudo da Unesp foi realizado nestas áreas durante 30 anos em São Paulo. A conclusão é de que não compromete em nada o alimento e não há perigo para os frequentadores", explica.

Um ofício com o projeto "Hortas Comunitárias" já foi encaminhado a Curitiba pelo deputado estadual. O Governo do Estado demonstrou interesse em ceder os terrenos para projetos que beneficiem a sociedade. No entanto, é preciso que uma entidade de classe oficialize esse pedido.

Com o avanço do projeto, a primeira horta comunitária para os refugiados deverá ser instalada na Vila Morangueira, em um terreno amplo, de 6.500 metros quadrados, e que consegue atender a maior parte dos imigrantes que hoje mora na região do Jardim Alvorada. "Conseguiremos atender pelo menos 50 famílias com esta primeira horta. Depois disso, queremos instalar uma horta para os imigrantes que moram na região da Vila Esperança", explica Albuquerque.

Para demonstrar alguns dos benefícios trazidos pelas hortas comunitárias, o pesquisador fez questão de apresentar o que ele chama de "circuito de saúde completo", localizado no Conjunto Residencial Branca Vieira. Em um amplo espaço público, interligam-se no bairro uma horta comunitária, uma Academia da Terceira Idade (ATI) e ainda espaço para recreação infantil e esportes.

Denis Batista Barbosa colhia alfaces quando a equipe do deputado Evandro Junior chegou ao local. Ele é presidente da Horta Comunitária Branca Vieira e faz questão de doar legumes e verduras para quem precisa. "Isso daqui faz um bem danado pra todo mundo no bairro. Tem gente que estava doente e sarou mexendo na horta. Tem gente que faz terapia olhando e até conversando com plantas", comenta.

Santo remédio

Em 2007, a dona de casa Elizabeth de Jesus Alves se encontrava em depressão profunda e parecia não ver luz no fim do túnel por tanto sofrimento com um filho usuário de drogas. Sua história começou a mudar quando ela foi motivada a participar dos trabalhos em uma horta comunitária, em Maringá. Hoje, aos 62 anos, ela é presidente da Horta Comunitária Parque Residencial Tuiuti, e afirma: mexer com o plantio de verduras e legumes é um santo remédio.

"Moro do lado da horta. Preparo comida para o meu filho e vou cuidar das minhas plantinhas. Faço isso todo dia. Mudou minha vida e de toda a comunidade. Plantamos de tudo: alface, almeirão, cebolinha, salsinha, hortelã. Agora mesmo estávamos todos lá no rancho trocando ideia. Tem gente que nem quer ir embora pra casa", conta Beth.

Ao saber de histórias como essas, Albuquerque sente que o seu dever foi cumprido. "Tivemos o objetivo alcançado, que era a promoção da saúde, mas foi surpreendente ver que, além de promover a nutrição saudável, tivemos nas comunidades histórias como a da Beth, que combateu sua depressão com o trabalho nas hortas. Ao final, o projeto conquistou diversos benefícios para Maringá: saúde, complemento de renda e ainda um bem-estar muito grande com o convívio diário entre vizinhos e conhecidos da comunidade."