ELEIÇÕES

Beto Richa e Osmar Dias partem para o confronto em debate

Os candidatos Osmar Dias (PDT) e Beto Richa (PSDB) partiram para o confronto com duras trocas de acusações no debate da RPC TV (afiliada da Rede Globo), realizado nesta terça à noite.

Osmar tentou expor falhas na gestão de Richa quando o tucano foi prefeito de Curitiba (2005-2010). Richa tentou desqualificar o adversário citando posicionamentos polêmicos dele como senador.

O pedetista classificou os ataques de "quanta lorota", enquanto Richa pediu que Osmar começasse a citar "ideias próprias", sem mencionar por repetidas vezes o presidente Lula.

O debate começou com Osmar criticando suposta extinção de escolas técnicas para formação de mão de obra jovem nos governos de Fernando Henrique Cardoso.

O pedetista também questionou o adversário pelo fato de o principal aterro sanitário de Curitiba estar com vida útil saturada, sem que o tucano conseguisse resolver o problema.

Já Richa procurou atacar Osmar pelo fato de o pedetista ter votado a favor da CPMF, além de ter defendido proposta pelo fim do pagamento de multa de 40% sobre o FGTS para demitidos sem justa causa.

Osmar disse que retirou o projeto a pedido das centrais sindicais, mencionando que as principais entidades de trabalhadores o apoiam hoje.

O pedetista ainda dirigiu uma provocação indireta a Richa chamando-o de "playboy". Já Richa acusou o pedetista de, como senador, nunca ter obtido recursos para Curitiba.

O pedetista disse que Richa não tem condições de dar garantias à população de que cumpriria suas promessas a governador, já que descumpriu a principal promessa de ficar no mandato de prefeito até o fim. Richa renunciou em março para ser candidato ao governo após um ano e três meses como prefeito reeleito.

O tucano disse que as propostas que fez na campanha à reeleição estão em andamento na atual administração e que atendeu a "um chamado popular" de Curitiba para sair como candidato ao governo.

Os candidatos Luiz Felipe Bergmann (PSOL) e Paulo Salamuni (PV), por pertencerem a partidos com representatividade no Congresso, também integraram a banca de debatedores.

Veja como foi o debate.

22h32 – Começa em poucos minutos o debate. A mediação fica a cargo de Sandra Annenberg

22h48 – Copa de 2014 foi o primeiro tema sorteado. Salamuni, do PV, perguntou para Richa, do PSDB: “É a favor de verbas públicas para a Copa? Se for, em que nível?”

22h50 – Richa responde: “Eu sou contra dinheiro publico em áreas particulares e a Arena da Baixada é particular, mas Copa do Mundo é importante para Curitiba e para o Paraná. Virão milhares e milhares de turistas”. Segundo ele, o projeto de Curitiba foi muito elogiado. “Há convênios de repasse de R$ 222 milhões para infraestrutura na cidade. Serão benefícios para todos”, acrescentou.

22h51 – Salamuni replicou que sua preocupação é com a transparência no uso dos recursos. “Que evitemos renúncias fiscais”, ponderou. Richa afirmou que transparência sempre foi o forte da administração de Curitiba. “Demos um choque de gestão, fechamos a torneira do desperdício e tivemos um canteiro de obras”, afirmou.

22h52 – Richa escolheu Osmar Dias para responder sobre emprego. “Qual a proposta do candidato para garantir política publica de geração de emprego e renda?”

22h54 – Dias diz que acabou de receber telefonema do presidente Lula para dar apoio. Diz que Lula ensinou a criar emprego no País. “Infelizmente o PSDB proibiu escola técnica lá atrás”, ataca. Disse que vai apoiar agricultura porque ela rende muito emprego. Limite de 300 mil para 760 mil o limite de isenção para microempresas. “Queremos trocar o imposto pelo emprego”, diz. Vai criar agência de fomento.

22h58 – Richa diz que Osmar se liga a Lula o que é fácil. Ataca Osmar dizendo que ele, quando senador, apresentou proposta para acabar com a multa de 40% para o FGTS. “Ele é usina de projeto contra o trabalhador”, disse. E também votou pela aprovação da CPMF.

23h00 – Dias retruca dizendo que o projeto do FGTS foi apresentado quando o desemprego era altíssimo. Depois, as centrais pediram e ele retirou. “Está mal informado o candidato”

23h02 – Osmar pede a Bergmann que responda o que fará para resolver problema do lixo nas cidades. Bergmann diz que fará isso mantendo as pessoas no campo com reforma agrária. “Mesmo que tenha que tirar fazenda de cowboy, ainda que seja senador”, diz Bergmann

23h03 – Osmar diz que ajudará o prefeito a melhorar a questão do lixão construindo quatro usinas de reciclagem

23h05 – Bergmann retruca dizendo que não vai entrar na “briguinha” entre Richa e Dias. “O Osmar é fazendeiro, ficou 16 anos no Senado e desconheço qualquer medida para melhorar a reforma agrária”, disse.

23h07 – Perguntado sobre questão de habitação, Salamuni diz que prevê 40 mil habitações inicialmente e regularização fundiária, levando em conta a preservação ambiental. Bergmann diz que para isso é preciso acabar com a especulação fundiária

23h08 – Salamuni diz que é preciso haver uma articulação com a região metropolitana para resolver o deficit de 13% em habitação em Curitiba

23h10 - Osmar escolhe Richa para respoder. “Se elegeu e abandonou o mandato com 1 ano e tres meses. Se tivesse cumprido, cumpriria todas as promessas, metrô, linha verde e creches?”

23h13 – Richa diz que Osmar está nervoso. “Diz que deixei a prefeitura. Nunca disputei uma convenção, nunca fui candidato de mim mesmo. Ele foi derrotado na ultima eleição e se vencesse renunciaria quatro anos. Aceitei porque minha candidatura representa mudança, para colocar no Estado o modelo que coloquei na capital. Senador está na ânsia de conquistar a qualquer custo os votos de Curitiba”, diz Richa. Segundo Richa, o projeto de metrô é de longo prazo.

23h15 – Osmar diz que está tranquilo e sereno. Segundo ele, o compromisso de ficar quatro anos foi assumido por Richa. Dias diz que trouxe 7 mil vgas para o projovem, mas o atraso no projeto de Curitiba fez com que voltasse para Brasília.

23h16 – Richa diz que não conhece mais Dias. Segundo ele, o político tem que ser conhecido. Segundo ele, o projovem foi perdido em razão de o secretário, indicado pelo PDT de Osmar Dias, ter “cochilado”.

23h18 – Richa queria fazer pergunta para o próprio Dias, mas foi impedido em razão das regras do debate. então, pergunta sobre educação para Salamuni.
Salamuni cita Marina Silva dizendo que é professora e aprendeu a ler no Mobral. “Queremos resgatar a alegria de aprender e o prazer de ensinar”, diz Salamuni.

23h20 – Richa diz que valorizou os professores em Curitiba e que fará o mesmo no Estado. Salamuni diz que vem de família de professores e acentua que muitos professores ainda não tem seus direitos trabalhistas reconhecidos. Ele pede também condições tecnológicas para os professores.

23h23 – Salamuni pergunta a Bergmann se considera Curitiba ecologicamente ecológica. Bergmann diz que uma cidade que fica vários anos com lixão a céu aberto não pode ter esse título. “A propaganda oficial considera como modelo”, diz. Segundo ele, a ocupação desordenada também não respeita o meio ambiente.

23h24 - Para Salamuni, Curitiba não pode ser uma “ilha” sem reconhecer a região metropolitana. “Temos todos os rios que cortam Curitiba mortos”, diz.

23h26 – “O problema da Caximba (lixão de Curitiba) fede para burro”, afirma Bergmann. Segundo ele, o agronegócio também produz alimentos à base do agrotóxico o que torna mais grave os problemas ambientais em todo o Estado.

23h27 – Bergmann diz que a saúde do Paraná está uma “tragédia”. Ele pede que Dias apresente suas propostas. Dias critica antes Richa que disse que 80% das pessoas aprovaram sua saída da prefeitura. “Acho que é uma das pesquisas que a coligação está impugnando porque não vi”, afirma.

23h29 – Dias diz que fará 50 centros de especialidades e 300 clinicas de mulher e criança. Vai construir 40 unidades de pronto atendimento “junto com o governo da Dilma (Rousseff)”. “Isso já está acertado”, diz. Bergmann responde que “candidatos ricos não falam de saúde, falam de doença”. Ele diz que Dias recebeu dinheiro de plano de saúde privada na campanha anterior.

23h30 – Dias diz que sua campanha não teve caixa 2. “Conheço campanha por aí que teve caixa 2 e apareceu no Fantástico”, acrescentou, em referência a denúncias sobre a campanha de Richa para a prefeitura.

23h35 – No início do segundo bloco, Bergmann pede que Richa fale sobre saúde. “Não houve investimento nem na prevenção nem no tratamento. Nem se cumpriu a lei no Estado. Eu vou aplicar os 12% e só aí vamos dar um grande salto”, afirmou. Segundo ele, a justiça de Cascavel mandou o prefeito de Cascavel, que é do mesmo partido de Dias, a fazer licitação para lixo em 30 dias.

23h39 – Bergmann disse que sua proposta é fazer funcionar o que existe de saúde. “O que existe hoje não funciona”, acentuou. Richa replicou que o governo atual do Estado desviou R$ 2 bilhões da saúde. “Isso dito pelo Ministério Público”, acentuou. O atual governo apoia Dias. “Eu não pulo de galho em galho”, disse, com intuito de atacar Dias.

23h42 – Richa pergunta sobre malha ferroviária a Salamuni. “Em questão de infraestrutura deixa-se muito a desejar no Estado”, afirmou. “Qual sua opinião sobre a malha ferroviaria?” Salamuni disse que foi um “desserviço” realizado no País nesse setor. “Foi feito um desmonte”, acentuou. Salamuni também pediu com urgência a terceira pista para o Aeroporto Afonso Pena.

23h45 – Salamuni diz a Dias que o pedágio não abaixou e não acabou, como era promessa do ex-governador Roberto Requião, hoje na campanha do pedetista. “Qual sua proposta?” Dias diz que colocará agencia reguladora de serviços públicos, que terá planilha. “Vamos fazer auditoria também nos contratos”, prometeu. Segundo ele, o pedágio que Lula implantou é 10 vezes menor que o paranaense.

23h48 – Segundo Salamuni, é inaceitável que nem mesmo roçadas sejam feitas. “É preciso repaginar a questão do pedágio no Paraná”, disse. Dias afirmou que sentarão na mesma mesa concessionárias, Estado e usuários na agência que criará. “Tenho certeza que há uma imensa gordura para queimar”, disse.

23h50 – Dias pergunta a Bergmann sobre reforma agrária e MST. Diz que fez 42 assentamentos quando foi secretário da agricultura. Afirma que também fez substitutivo para criar o banco da terra. “Qual sua proposta?” pergunta. “A proposta do PSOL para a reforma agrária é fazer a reforma agrária”, responde Bergmann. Segundo ele, é preciso também política de incentivo à pequena propriedade e à agroecologia.

23h54 -Dias diz que no governo Fernando Henrique Cardoso houve 2.459 invasões, enquanto no governo Luiz Inácio Lula da Silva foram 1.741. “Houve diálogo”, acentuou. Bergmann diz que o Paraná tem 1,4 milhão de hectares de terras devolutas e improdutivas. “Prontinhas para a reforma agrária”, afirmou.

23h58 – Beto pergunta a Osmar sobre segurança pública. “Você concorda que o atual governo fracassou?”

00h00 – Dias diz que Richa também não fez a parte dele em Curitiba. Ele diz que vai contratar mais policiais e, principalmente, atacar a causa, que é droga. “Já combinamos com a Dilma que vamos colocar mais polícia, mais fiscalização”, afirmou. “Temos também que criar ambiente nas escolas para chegar antes da droga.”

00h02 -Richa diz que fez além de suas obrigações, citando entre elas a criação da primeira secretaria contra as drogas. ele prometeu reativar módulos policiais, fortificar policiamento na fronteira e reforçar as clinicas terapeuticas.

00h06 – Salamuni pede apoio de Dias no Senado para aprovação do codigo florestal, ao responder pergunta sobre meio ambiente.

00h10 – Salamuni diz a Bergmann que corrupção “é cupim da República”. Pergunta sobre a corrupção na Assembleia do Paraná. Bergmann diz que a proposta de seu partido é financiamento público de campanha. Segundo ele, somente os dois principais candidatos no Paraná vão gastar R$ 69 milhões. Ainda de acordo com Bergmanne, em Curitiba constrói-se avenidas e não creches, porque avenidas dão dinheiro para empreiteiras.

00h12 – Salamuni responde que o PV foi o único partido a entrar com pedido de cassação do presidente e do primeiro secretário da Assembleia. “O que me causa espécie é que às vezes há críticas porque tocamos nesse assunto”, reclamou. “Se não discutirmos este tema agora, vamos discutir quando?”

00h13 - Bergmann diz que concorda que tem que afastar corruptos. “Mas eles são como ratos, se proliferam”, disse. Segundo ele, a população tem que ser chamado para fiscalizar. Para Bergmann, a relação entre Legislativo e Executivo precisa ser repensada.

00h15 – Richa diz que foi escolhido dez vezes o melhor prefeito do Brasil ao responder pergunta de Bergmann sobre gestão. Segundo ele, 300 audiências públicas foram realizadas para estar mais em contato com a população. “Quem sabe o que é preciso fazer é quem mora nas comunidades”, diz

00h17 – Bergmann diz que a população reclama de falta de ônibus, falta de creches, regularização fundiária. “Se a pessoa não consegue administrar bem a cidade como administrar o Paraná?”

00h18 – Richa responde que talvez Bergmann tenha conversado com pessoas que não estão entre os cerca de 80% que o aprovaram como prefeito

00h23 – Osmar Dias, nas considerações finais, agradeceu as famílias. Diz que não gosta de contar vantagens, mas ouvir as pessoas para transformar ideias em projetos. “Para cuidar da família chamada Paraná que sou candidato”, afirma. “Os mesmos passos que o Lula deu no Brasil queremos dar no Paraná.” Ele acentua que pretende dar um salto industrial no Estado.

00h25 – Paulo Salamuni agradeceu a série sobre diários secretos, que mostrou a existência de corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná. Também agradeceu ao povo por fazer a “onda verde” em torno da candidata Marina Silva. “É uma alternativa diferente para que essa eleição não fosse plebiscitária”, afirmou

00h27 -Beto Richa agradeceu pela confiança e “maneira carinhosa pela qual me receberam”. “Não tenho compromisso com grupos políticos passados”, garantiu. “Sou candidato da mudança e não da continuidade, mas uma mudança segura.” Disse que com bom projetos trouxe 60% a mais de recursos para Curitiba do que o ex-governador Requião para todo o Estado.

00h30 – Luiz Felipe Bergmann diz que o PSOL está do lado dos que querem um chão para produzir e dos trabalhadores que dão “sangue”. “Nós queremos ser governador porque queremos representar os excluídos das periferias”, disse. Pediu voto para o candidato a presidente Plínio de Arruda Sampaio.

00h33 – Termina o debate.

Folha e Estadão