ASSALTO

Roubo ao comércio aumenta 325% de fevereiro para março

O Mapa do Crime de Maringá, levantamento pioneiro de O Diário nos boletins de ocorrência das Polícias Militar e da Polícia Civil, está comprovando o que muitos já suspeitavam: o aumento da criminalidade, em alguns casos, de forma vertiginosa.

Entre as modalidades de crime analisadas, todas registraram aumento no número de ocorrências entre fevereiro e março, exceto o item homicídios e latrocínios, que apresentou queda de 20%, com quatro registros em março e cinco, em fevereiro.

No Mapa do Crime, o que mais impressiona é a alavancada dos casos de roubo em estabelecimento comercial. Em março, foram 41 ocorrências, contra apenas nove registradas no mês anterior, uma diferença de 355%.

Março teve 1,32 assalto ao comércio por dia, fevereiro (que este ano teve 29 dias) teve 0,31 assalto - considerando os dois dias a menos, o aumento nessa modalidade de crime foi de 325%.

Uma situação que preocupa os comerciantes, especialmente quem tem negócio na periferia, longe do patrulhamento mais constante do centro.

Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Maringá (Conseg), Everaldo Belo Moreno, as investidas dos criminosos aos caixas dos estabelecimentos comerciais acompanham o crescimento do tráfico de drogas na cidade.

“Todos os empresários estão assustados, especialmente na periferia. Maringá tem assalto à mão armada todos os dias e muitos comerciantes já estão fechando as portas, tamanho é o prejuízo causado”.

Na opinião de Moreno, o problema pode ser contornado, desde que o efetivo policial seja reforçado na cidade.

Nas reuniões da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), o aumento da criminalidade é constantemente debatido, até porque muitos dos membros da diretoria tiveram as empresas invadidas por criminosos armados.

Há o consenso na entidade de que o problema seria bem menor com um efetivo policial maior no combate ao tráfico de drogas.
“O aumento da venda e do consumo de drogas está acabando com vidas e daqui a pouco vamos perder o controle da situação. Se o tráfico for combatido, esses números certamente vão cair”, aposta o vice-presidente da Acim, Paulo Meneguetti.

Meneguetti tem razão quando incluiu o transeunte entre as principais vítimas da bandidagem. O roubo a pessoa bateu recorde em março, com 132 ocorrências registradas. Isso corresponde a um aumento de 12,8% em relação a fevereiro, ou 17,8% a mais do que a média do primeiro bimestre.

Nesse caso, mulheres, idosos e crianças – de preferência desacompanhados e à noite – são os alvos preferidos dos assaltantes.

No furto a pessoa, quando o bem alheio é tomado pelo bandido sem o uso de violência ou qualquer arma, foram registradas 43 ocorrências no mês passado.

Fuga

Tanto o aumento do número de roubos a pessoa quanto de assaltos a estabelecimentos comerciais estariam relacionados à fuga de presos de cadeias da região.

O entendimento é do delegado de Furtos e Roubos da 9ª Subdivisão Policial de Maringá (SDP), Laércio Fahur, que atribui o uso de armas de fogo em assaltos, inclusive à luz do dia, a bandidos mais experientes.

Na teoria - e é o que costuma ocorrer na prática, garantem policiais - ao escapar da detenção, sem dinheiro e sem poder recorrer à família (sob o risco de ser recapturado), o foragido primeiro providencia uma arma, depois se empanha em juntar dinheiro, assaltando.

“O aumento do número de roubos em março pode ser justificado pelas fugas de presos que tivemos na região. Esses presos geralmente buscam cidadesgrandes, com maior número de estabelecimentos comerciais e menor risco de serem reconhecidos. A tendência, quando fogem da cadeia, é roubar para ter algum dinheiro, já que eles não podem buscar a ajuda na casa de familiares (onde a polícia normalmente faz buscas)”, opina.

Independente dos motivos que tenham resultado no aumento da criminalidade, os policiais são unânimes em afirmar que o cidadão de bem não deve, jamais, reagir a um assalto.

“Primeiro, você elege a vida, depois, o patrimônio. O melhor a fazer é ligar para o 190. Pode acontecer de a Polícia Militar ter uma viatura próxima do local e se deparar com o marginal em fuga”, orienta o sargento Argemiro Mendes Ferreira Junior, do 4° Batalhão de Polícia Militar (BPM).

O Diário