Câncer infantil é a primeira causa de morte por doença em crianças no Brasil
No Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil, celebrado nesta quarta (15), o Inca lembra que a enfermidade tem altas chances de cura.
O câncer infantil é a primeira causa de morte por doença em crianças e a segunda causa em geral, atrás apenas de óbitos causados por acidentes. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que no triênio 2023/2025 ocorrerão, a cada ano, 7.930 novos casos de câncer em crianças e jovens de 0 a 19 anos de idade.
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Hoje (15), Dia Internacional da Luta contra o Câncer Infantil, a oncologista pediátrica do Inca, Sima Ferman, chefe da Seção de Pediatria, lembra que, atualmente, a doença é altamente curável.
Sima afirma que, como a incidência de câncer vem aumentando lentamente ao longo dos anos, a enfermidade começa a aparecer como causa importante de doença em crianças. “Como nem todas são curadas, a doença pode ter, na verdade, um percentual de mortalidade infantil também. Os dados mais recentes, de 2020, revelam que foram registrados 2.280 óbitos em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos no Brasil”.
Entre os tipos mais comuns de câncer infantojuvenil estão leucemia, linfoma e tumores do sistema nervoso central. A médica do Inca ressaltou, contudo, que os tumores em crianças são diferentes dos que acometem pessoas adultas. “Adulto tem muito carcinoma, tumores de células diferenciadas”. Embora esses três tipos sejam mais frequentes, existe uma gama de tumores, como os embrionários, que ocorrem nos primeiros anos de vida. São exemplos os da retina, do rim e do gânglio simpático. “São tumores que acontecem, mais frequentemente, em crianças menores. Mas todos eles são muito diferenciados e respondem bem ao tratamento quimioterápico”, reiterou a especialista.
Segundo a oncologista, a doença é muito séria, mas trouxe, ao longo dos anos, uma esperança de busca pela vida. Há possibilidade de cura, se o paciente é diagnosticado precocemente e tratado nos centros especializados de atenção à criança.
Alerta - Nos países de alta renda, entre 80% e 85% das crianças acometidas por câncer podem ser curadas. No Brasil, o percentual é mais baixo e variável entre as regiões, mas apresenta média de cura de 65%. “É menos do que nos países de alta renda porque muitas crianças já chegam aos centros de tratamento com sinais muito avançados”. Sima Ferman reafirma que o diagnóstico precoce é muito importante. Por outro lado, admitiu que esse diagnóstico é, muitas vezes, difícil, tendo em vista que sinais e sintomas se assemelham a doenças infantis comuns.
O Inca faz treinamentos com profissionais de saúde da atenção primária para alertá-los da importância de uma investigação mais profunda, quando há possibilidade de o sintoma não ser comum e constituir uma doença mais séria. A oncologista ressalta que os pais devem sempre acompanhar a consulta e o tratamento dos filhos, além de dar atenção a todas as queixas feitas por eles, principalmente quando são muito recorrentes e permanecem por um tempo.
Podem ser sinais de tumores em crianças: febre prolongada por mais de sete dias sem causa aparente; dor óssea; anemia; manchas roxas no corpo; dor de cabeça — que leva a criança a acordar à noite — seguida de vômito; alterações neurológicas, como perda de equilíbrio e massas no corpo.
Individualização - Para cada tipo de câncer, os oncologistas do Inca procuram estudar a biologia da doença com o objetivo de traçar um tratamento que possa levar à chance de cura, com menos efeitos a longo prazo. “Para conseguir isso, temos que saber especificamente como a doença se apresentou na criança e, muitas vezes, as características biológicas do tumor. Isso vai nos guiar sobre o tratamento que oferece mais ou menos riscos para esse paciente ficar curado e seguir a vida”.
Em geral, o tratamento de um câncer infantil leva de seis meses a dois anos, dependendo do tipo de doença apresentada pelo paciente. Após esse prazo, a criança fica em acompanhamento, ou “no controle”, por cinco anos. Se a doença não voltar a se manifestar durante esses cinco anos, pode-se considerar o paciente curado. “A chance [de retorno da doença] é maior no primeiro ano, quando termina o tratamento, e vai diminuindo mais e mais”, diz a oncologista pediátrica.