PESQUISA

Trabalho remoto aumentou produtividade de desenvolvedores de software, afirma pesquisa da UEM

De 413 profissionais questionados, 53,2% se consideram mais produtivos e 63% querem continuar trabalhando em casa

Trabalho remoto aumentou produtividade de desenvolvedores de software, afirma pesquisa da UEM
Os pesquisadores pela UEM são Edson Oliveira Junior e Gislaine Camila Lapasini Leal, professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação. - Foto: Divulgação

No início da pandemia, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e de outras universidades visava identificar, por meios de questionário enviado a desenvolvedores brasileiros que migraram ao regime de trabalho 100% remoto, como a covid-19 estava trazendo impactos no desenvolvimento de software.

Houve 413 respondentes, de 7 de abril a 26 de maio: para a maioria (220 pessoas ou 53,2%) houve aumento da produtividade; 63% do total, o que representa 260 profissionais, gostariam de continuar trabalhando remotamente, integral ou parcialmente. Segundo a pesquisa, houve número maior de reuniões do que havia no regime presencial e 70,9% receberam solicitações de seus gestores para permanecer online todo o tempo.

Os pesquisadores pela UEM são Edson Oliveira Junior e Gislaine Camila Lapasini Leal, professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (ela também coordena a graduação em Engenharia de Produção e pertence ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção). Oliveira Junior explica que a intenção era descobrir como estava a produtividade percebida, ou seja, quais eram as percepções pessoais dos desenvolvedores sobre suas próprias produtividades.

"A produtividade continuou a mesma ou reduziu para desenvolvedores com menos de 30 anos. E aumentou para desenvolvedores entre 30 e 45 anos”, aponta o professor, que acredita que o tempo maior de experiência pode ter feito com que a motivação dos profissionais com mais idade viesse a ser maior. Ainda de acordo com o docente da UEM, a pesquisa mostra que a produtividade é maior tanto para aqueles com mais de dez anos de experiência quanto para os que trabalham em empresas com mais funcionários. Os pesquisadores também detectaram que houve mais trocas de e-mails e processos de documentação nas metodologias ágeis, algo que não é característico desse sistema de trabalho.

A pesquisa é conduzida por um grupo de docentes da UEM e das universidades Federal de Minas Gerais (UFMG), Federal do Pará (UFPA), de São Paulo (USP) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Os resultados serão discutidos, na quinta-feira (12), em sessão técnica da 4ª Escola Regional de Engenharia de Software (ERES), uma realização da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Também já foram apresentados, em outubro, no 34º Simpósio Brasileiro de Engenharia de Software (SBES), o principal evento da área na América Latina, cujos anais ainda não foram divulgados.

Perfil dos respondentes

 

  • Faixa etária: 48,1% com menos de 30 anos de idade; 45,7% com idade entre 30 e 45 anos.
  • Função: 75% são desenvolvedores; 9,2% são product owners que também desenvolvem.
  • Experiência: 45,5% estão há pelo menos dez anos na área; 22,7% estão de dois a cinco anos.
  • Empresa onde trabalham: 62,9% têm mais de cem colaboradores (nestas, a produtividade aumentou em 33,1%); 18,4% têm entre 10 e 50 colaboradores.

Percepções

 

  • Para 53,2%, a produtividade aumentou com o trabalho 100% remoto. Principais motivos: menos estresse e tempo de deslocamento ao trabalho; menos interrupções; mais conforto em casa; mais motivação; melhores recursos em casa do que no escritório.
  • Para 24,4%, a produtividade diminuiu com o trabalho 100% remoto. Principais motivos: falta de foco; dificuldade de se comunicar; problemas tecnológicos; interrupções por parte da família; melhores recursos no escritório do que em casa; horário divergente de colegas da equipe; falta de acesso a recursos.

Principais ferramentas utilizadas

  • Microsoft Teams (a que atende a um número maior de funções), Skype, Slack, WhatsApp, Zoom, Google Meet e Discord. A maior parte dos respondentes usou de uma a duas delas.
  • Os desenvolvedores também procuraram adotar mecanismos de comunicação informais para facilitar a coordenação de atividades.
Universidade Estadual de Maringá