GERAL

Os desafios do trânsito no mundo de hoje

A experiência de participar do Congresso Mundial de ITS – Sistemas Inteligentes de Transporte tem sido um misto de esperança, expectativa e frustração.

Em síntese é possível combinar tecnologias avançadas de equipamentos de segurança na indústria automotiva, internet sem fio e GPS para melhorar significativamente o trânsito no mundo e salvar dezenas de milhares de vidas todos os anos.

A questão no momento é definir e conciliar as responsabilidades dos fabricantes de veículos, das instituições de pesquisa, universidades, empresas e dos poderes públicos, tanto executivo quanto legislativo, de forma que os avanços possam ser colocados a disposição das pessoas e começar imediatamente a transformar as suas vidas.

Na sessão de abertura do Congresso tudo isso já podia ser percebido, nos pronunciamentos dos ministros de Transportes do Japão, China, Suécia, França, Estados Unidos, Canadá.

Todos defenderam que investimentos em sistemas inteligentes de transporte (ITS) devem ser parte das políticas publicas de qualquer país e justificaram, afinal a disponibilidade de energia para que o país se desenvolva acaba sendo responsabilidade do governo e nos países representados em media 31% de toda a energia vai para o transporte de cargas e pessoas, a questão ambiental e o efeito estufa também são responsabilidade do governo e 26 % dos gases que ameaçam o planeta vem do transporte.

Os acidentes causam mortes e ferimentos que consomem fortunas dos sistemas públicos de saúde e dos seguros obrigatórios além de ocupar leitos, médicos, enfermeiros, medicamentos e outros serviços que consomem cerca de 230 bilhões de dólares por ano.

Isso tudo sem contar os incalculáveis prejuízos provocados pela perda de tempo e paciência de executivos, funcionários, estudantes, cidadãos em geral em intermináveis filas e congestionamentos nos centros urbanos.

Tudo isso pode ser resolvido com o advento de tecnologias de comunicação wireless permitindo que veículos se comuniquem com veículos e com as ruas ou estradas.

Em síntese, o GPS dentro dos carros não é um luxo, mas sim uma ferramenta a serviço da segurança e da gestão eficiente do trânsito.

Através de novos sistemas o motorista pode saber quais as rotas alternativas que evitarão congestionamentos ou que o levarão ao destino com maior rapidez e segurança.

Além disso, os carros muito em breve trarão equipamentos que permitirão viajar com toda segurança, mesmo sob intensa neblina ou em rodovias sinuosas, pois os mesmos radares que hoje mostram ao piloto do avião tudo que esta acontecendo ao seu redor, inclusive a aproximação de outras aeronaves, agora estarão disponíveis nos carros.

A Ford, GM, Toyota, Honda e Mercedes trabalham juntas no desenvolvimento de tecnologias de comunicação que fazem os carros avisarem uns aos outros o que está acontecendo em cruzamentos com baixa visibilidade ou em ultrapassagens, ou mesmo a aproximação de pedestres ou ciclistas evitando acidentes.

A Volvo apresentou no congresso sua tecnologia Alco-loc, instalada em caminhões.

Um bafômetro previamente calibrado está conectado na ignição do veículo e para poder ligar o motor o motorista tem que soprar no aparelho, caso o nível de álcool esteja acima do permitido o caminhão simplesmente não funciona.

Para privilegiar o transporte coletivo, ônibus em Nova Iorque já usam dispositivos que interagem com os semáforos abrindo passagem para que os passageiros do transporte público cheguem primeiro aos seus destinos.

Praticamente tudo que foi dito já está em operação mas é preciso definir quem investe quanto no que.

Os fabricantes de automóveis estão prontos para colocar novos dispositivos de segurança nos veículos, mas o governo tem que adequar seus sistemas viários com os equipamentos que vão emitir as informações para os motoristas e os legisladores tem que fazer as leis que regulamentam estas tecnologias e é aí que começa a nossa frustração.

Quando será que isso vai acontecer no Brasil ?

Por enquanto para nós é um sonho, mas se começarmos a trabalhar nele, um dia será realidade.

Uma proposta da empresa japonesa Denso (que tem fábrica em Curitiba) sintetizou o caminho que temos a frente no desafio dos Sistemas Inteligentes de Transporte:

Cardumes de peixes são capazes de se mover juntos rapidamente em todas as direções sem que nenhum saia colidindo com o outro, nós humanos temos que desafiar nossa inteligência para promover mobilidade, com confiabilidade e sustentabilidade.

PS: Tive a oportunidade de testar os simuladores da Nissan e da Denso que demonstram os equipamentos de segurança que já estão sendo utilizados em alguns carros para evitar acidentes.
PMM