AGRICULTURA

Agricultores querem PR como área livre de transgênicos

Entidades de agricultores familiares organizaram ontem uma mobilização para mostrar ao governo federal o interesse dos pequenos produtores de soja em fazer com que o Paraná se torne uma área livre de transgênicos. Um abaixo-assinado está circulando pelo Sudoeste do Estado e deverá ir para as demais regiões ainda esse mês. Cartas de apoio ao governo do Paraná foram encaminhadas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. ''Não aceitamos que apenas a opinião dos barões da soja seja levada para Brasília. Temos muitos agricultores familiares no Paraná e todos são contrários à produção de soja transgênica desde 2001'', alertou o advogado Darci Frigo, diretor da Organização Não-Governamental (ONG) Terra de Direitos.

O Paraná possui atualmente 320 mil propriedades rurais. Deste total, 574 têm autorização do governo federal para o plantio de soja transgênica, desde que não haja aplicação aérea do agrotóxico glifosato. Os agricultores familiares representam 90% do total de produtores paranaenses e são responsáveis por 48% da produção da soja no Estado. ''Não existem motivos para que o Paraná passe a comercializar e plantar soja transgênica. A soja convencional paranaense conquistou o mercado internacional e não traz riscos à saúde ou ao meio ambiente'', pontuou ontem Luís Perin, coordenador estadual da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) Sul.

As entidades envolvidas na mobilização estão organizando uma série de jornadas estaduais para sensibilizar o governo federal. Uma audiência pública deverá ser marcada com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva para pedir que o Paraná seja incluído na lista dos locais onde os transgênicos não poderão ser plantados (como a Amazônia e pontos de preservação ambiental). O representante da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, Marcelo Souza, disse que mundialmente o Paraná é reconhecido por estar resistindo aos transgênicos. ''O Brasil se precipitou ao cadastrar produtores para produzir transgênicos. Não temos condições de fiscalização. Milhões de sementes transgênicas proibidas estão sendo comercializadas livremente. Isso é proliferar o crime e a impunidade'', destacou ele.
Folha de Londrina