No Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, Sesa destaca atitude que salva vidas
Como nem sempre o doador compatível será encontrado na família do paciente,a busca por compatibilidade ocorre por meio Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

O terceiro sábado do mês de setembro foi instituído pela Associação Mundial de Doadores de Medula Óssea (World Marrow Donor Association - WMDA) como o “Dia Mundial do Doador de Medula Óssea”, uma forma de homenagear todos que se dispõem a ser doadores. Em alusão à data, Secretaria de Estado da Saúde (Sesa-PR) destaca a importância desse ato de solidariedade e amor que pode salvar vidas.
Quando se trata de transplante de medula, a principal associação é ao câncer – a leucemia – mas o tratamento é também utilizado para outras doenças, como anemia, algumas doenças autoimunes e até alguns tipos de doenças genéticas raras.
Como nem sempre o doador compatível será encontrado na família do paciente, para as chamadas doações de aparentados, a busca por compatibilidade ocorre por meio Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), o banco de dados que coordena as informações sobre os doadores cadastrados.
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De acordo com a última atualização disponibilizada pelo Redome, nesta semana, em todo o Paraná, existe uma média de 114 pacientes ativos em busca de um doador compatível. Esse número, no entanto, pode mudar diariamente, já que novos pacientes podem ser incluídos e doadores podem ser encontrados. De janeiro a julho de 2025 já foram realizados 157 transplantes de medula no Paraná. Em todo o ano de 2024 foram 313.
O cadastro para integrar o Redome no Paraná é realizado pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), rede que integra a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
São 25 unidades de coleta distribuídas em todas as regiões, o que facilita o acesso para os novos registros de doadores. “Para muitos pacientes, a doação de medula significa a única chance de sobrevivência e, por isso, todo novo cadastro, todo novo potencial doador pode fazer a diferença”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Morador de Curitiba, Renato Pereira Linhares, de 34 anos, é um dos 590 mil paranaenses cadastrados como doadores de medula e, em julho deste ano, embarcou em uma viagem para o Rio Grande do Norte, onde doou sua medula para um paciente compatível. Ele, que já era doador regular de sangue, viu no Hemepar a informação sobre a possibilidade de cadastro para doação de medula e não perdeu tempo. “É muito simples e rápido fazer o registro no Redome. Eu fiz, mas confesso que nunca imaginei que seria compatível com outra pessoa”, comentou.
Renato explica que todo o processo ocorre de forma bastante protocolar. “O primeiro contato do Redome me informando da possível compatibilidade aconteceu por e-mail, em dezembro de 2024, com a informação de que, se eu quisesse seguir com a doação, deveria colher nova amostra no Hemepar para contraprova”, explicou.
A compatibilidade foi confirmada e em julho passado ele foi levado para Natal, no Rio Grande do Norte, onde passou por uma bateria de exames para verificar sua condição de saúde. “Voltei para Curitiba e duas semanas após esses exames retornei a Natal para a doação efetiva da medula”, acrescentou. Renato fez questão de destacar que todos os exames, o procedimento e as viagens foram custeadas pelo SUS. “Tudo foi fornecido de graça”.
Para Renato, desistir de doar nunca foi opção, nem mesmo se tivesse custos, pois desde o primeiro momento se colocou no lugar do paciente e de seus familiares. “Eu poderia estar no lugar do paciente, alguém da minha família, meus pais, esposa, filhos ou amigos poderiam ser o paciente precisando de uma medula”, observou. “Medula não é um produto, um remédio que dá para comprar, então, doar é um ato de amor. A doação pode ser a única salvação para uma pessoa, é também um ato de humanidade”, concluiu.
Familiar
Diferente da doação de outros órgãos, cuja legislação brasileira e normas éticas impedem a divulgação das identidades de doador e receptor, no caso do transplante de medula existe essa possibilidade, desde que seja consenso entre as partes. Todo o processo é intermediado pela equipe do Redome e há prazos a serem cumpridos. No primeiro momento, o doador pode receber informações sobre a saúde do receptor. Depois de 18 meses, se todos concordarem, pode ocorrer o encontro.
Sobre o paciente que recebeu a doação da medula do Renato, o que ele sabe, até o momento, é que está se recuperando. “Depois de seis meses da doação podemos, se for de nossa vontade, trocar uma carta, sem informações pessoais”, disse. “Após 18 meses do transplante, também se houver consenso, podemos nos conhecer. No nosso caso isso será em janeiro de 2027 e eu estou ansioso para isso.”
Cadastro
No Paraná, para se cadastrar como doador voluntário de medula junto ao Redome, basta procurar uma unidade do Hemepar, ter entre 18 e 35 anos, não ter doenças impeditivas, como HIV, hepatites B e C ou doenças autoimunes, e apresentar documento oficial com foto. São colhidos apenas 5 ml de sangue para o teste de compatibilidade. Tão importante como se disponibilizar a ser doador é manter os dados no Redome atualizados, pois é por ele que o contato com o doador é feito.