TURISMO

Paraná teve prejuízo de quase R$ 4 bilhões no setor de turismo

Das 217 cidades turísticas do Paraná, representantes de 155 responderam a uma pesquisa sobre a situação enfrentada com a pandemia do novo coronavírus, conduzida pela Paraná Turismo

Paraná teve prejuízo de quase R$ 4 bilhões no setor de turismo
Na avaliação da CNC, o turismo deve ter uma inércia mais acentuada no processo de recuperação em relação a outras atividades econômicas. - Foto: Zig Koch/Divulgação

A pandemia do novo coronavírus e a necessidade de isolamento social impactam diretamente o setor de turismo no Paraná. Enquanto começam a ser retomadas atividades do segmento, empresas da área, além dos próprios municípios, enfrentam enormes prejuízos.

De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Paraná teve perdas estimadas em R$ 3,93 bilhões no setor entre os meses de março e maio. Foi o sexto estado com o maior prejuízo em valores absolutos, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia.

Em todo o Brasil, o setor acumulou perdas de R$ 13,38 bilhões, colocando em risco 97,3 mil empregos, ainda segundo a CNC.

Conforme a última atualização do Mapa do Turismo Brasileiro, do Ministério do Turismo, o Paraná conta com 217 municípios com potencial turístico – Curitiba, Londrina e Foz do Iguaçu se destacam, com classificação máxima na avaliação da pasta.

No último dia 10, Foz do Iguaçu reabriu o turismo na cidade, com barreiras sanitárias, testagem de turistas com sintomas gripais e rede hospitalar equipada. A tríplice fronteira permanece fechada.

Segundo Isabella Tioqueta, diretora técnica da Paraná Turismo, o estado prepara protocolos sanitários, de caráter orientativo, para empresas da área. São recomendações, ainda a serem aprovadas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em relação a funcionamento de estabelecimentos como hotéis, bares e restaurantes e empresas de guias turísticos. A hospedagem, por exemplo, pode ter de obedecer um prazo mínimo entre a saída de um hóspede e a entrada de outro.

Das 217 cidades turísticas do Paraná, representantes de 155 responderam a uma pesquisa sobre a situação enfrentada com a pandemia do novo coronavírus, conduzida pela Paraná Turismo.

Entre as respostas, responsáveis por órgãos oficiais de 69,5% das cidades afirmaram que não há, neste momento, fluxo turístico em suas localidades. Da fatia que informou haver movimentação de turistas, 61,3% disseram que o volume está abaixo de 20% do que foi observado no mesmo período de 2019.

Outra sondagem, feita com empresas inscritas no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo, além de membros da Associação de Empresas de Eventos do Paraná (Abeoc-PR) e da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Paraná (Abav-PR), revelou que, no setor de hospedagem, 49,4% das empresas tiveram de fazer demissões, 44,4% necessitam de crédito e 25,9% acreditam que a recuperação de seu negócio ocorrerá somente em 2021.

Entre as agências de turismo, 78,6% aderiram ao trabalho remoto. No setor de fornecimento e organização de eventos, 65,6% disseram ter condições de manter seus compromissos por no máximo quatro meses. Além disso, 66,4% precisaram fazer cortes de despesas e 54,4% remarcaram ou adiaram serviços já contratados.

“No Paraná, o segmento que mais tem sofrido é o de turismo de negócios e eventos”, diz Isabella. “É uma área que está tentando se reinventar, organizando lives ou encontros híbridos – online e presencial com o menor número de pessoas possível”, explica.

Na avaliação da CNC, o turismo deve ter uma inércia mais acentuada no processo de recuperação em relação a outras atividades econômicas.

De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), crises anteriores mostram que pessoas que viajam por lazer para visitar parentes e amigos são menos hesitantes em voltar a viajar do que os que o fazem a trabalho.

Para a diretora da Paraná Turismo, em um primeiro momento, a tendência é que as pessoas optem prioritariamente pelo turismo regional, em viagens a distâncias de no máximo 200 quilômetros, que podem ser feitas em veículos próprios. “A retomada deve começar com o turismo rural, de aventura e o ecoturismo, que são realizados em áreas abertas, onde há menos aglomeração de pessoas.”

A expectativa é que a circulação nacional de turistas volte aos patamares anteriores à pandemia no início do próximo ano e que o fluxo internacional seja retomado somente a partir do segundo semestre de 2021.

A previsão é corroborada por analistas do Painel de Especialistas da OMT, que acreditam que a demanda doméstica deverá se recuperar a partir do fim deste ano.

Gazeta do Povo