SAÚDE

Exercício físico e diabetes: uma parceria que precisa de atenção

Exercício físico e diabetes: uma parceria que precisa de atenção
Você sabe que atividade física é bom, mas tem que ter critério e acompanhamento. Para conhecer melhor sobre esta questão, conversamos com a Ana Silvia Ieker, doutoranda em Educação Física que, juntamente a outros pós-graduandos, desenvolveu uma pesquisa aqui no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) sobre esta questão.

O estudo de Ana Silvia é sobre exercícios aeróbicos e resistidos (musculação, podemos dizer assim). A pesquisa procurou entender como estas atividades ajudam na luta contra a diabetes tipo I e II, e também os cuidados que devem ser tomados na recomendação destas atividades. A doutoranda apresentou resultados preliminares da pesquisa no III Simpósio de Atualização em Endocrinologia, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM/PR).

O evento ocorreu em setembro, em Maringá, e contou com a presença de pesquisadores das universidades estaduais de Maringá (UEM) e de Londrina (UEL); da Universidade Federal do Paraná (UFPR); e da Pontifícia Universidade Católica de Maringá (PUCPR).

A pesquisa – O trabalho de Ana começou como um projeto chamado Mais UEM – Promoção da Saúde. No começo, foi destinado a toda Universidade, mas, em 2016, começou atuar dentro do HUM, preocupando-se com a saúde dos servidores efetivos do Hospital. “Neste projeto a gente tentou descobrir o perfil de saúde dos servidores e os fatores de risco que envolvem isso. A gente faz um trabalho longitudinal, por um longo período de tempo. Acompanhamos os servidores por dois anos, para vermos o que muda: estudamos os riscos e vamos analisando se há agravo na saúde deles e como eles lidam com os fatores de proteção contra problemas como o diabetes”, explica Ana Ieker.

Os primeiros dados foram coletados em 2016. Agora, em 2018, estão sendo levantados, de novo. Em 2020, será realizada a última etapa, sendo possível então, planejarmos e executarmos uma intervenção destinada à promoção da saúde. “A partir da amostragem feita neste período de tempo, teremos um ‘perfil global’ dos servidores. Com ele vamos direcionar essas pessoas para realizar algumas atividades físicas que possam influenciar na qualidade de vida delas”, explicou a pós-graduanda.

Situação atual dos servidores – A doutoranda em Educação Física afirma que a situação dos funcionários do HUM é preocupante. Os primeiros dados mostram que 69% das servidoras analisadas têm sobrepeso ou obesidade. Nos homens, este número é ainda maior: 74,4%. Através dos dados da pesquisa, é possível, ainda, ver números de variáveis antropométricas, ou seja, medidas do corpo humano. “Para vocês terem uma noção, 52% dos servidores têm uma circunferência abdominal elevada. O que é isso? Essa variável elevada tem uma relação direta com o risco de problemas do coração. Então, quanto mais barriguinha você tem, maior a chance de desenvolver um risco cardiovascular. A gente percebe com os números que há fatores de risco altíssimos, como o alto Índice de Massa Corporal (IMC) – cálculo feito entre a relação peso x altura, além da circunferência abdominal”, explana Ana Silvia Ieker.

Os dados mostram que 64% da população da pesquisa é sedentária ou insuficientemente ativa; isto é, pode até fazer alguma atividade física, mas não suficiente para tornar-se uma pessoa inserida num projeto de atividade física. Esta informação é outro fator que predispõe ao diabetes tipo I e II.

Doenças metabólicas – Segundo Ana Ieker, o diabetes é uma doença crônica não transmissível (DCNT), influenciada diretamente pelo sistema hormonal e metabólico. O corpo humano necessita de um equilíbrio. A liberação de hormônios em diversas partes do corpo tem grande influência neste processo. As atividades físicas ajudam nesta dinâmica, podendo ser recomendadas a pessoas que possuam alguma destas doenças que afetam o metabolismo, como: hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares, dentre outras.

“Sempre falamos de prevenção, né? Nós da Educação Física temos uma diferença bem grande, nós sempre tentamos prevenir e promover saúde. Má alimentação, tabagismo, sedentarismo alcoolismo, stress, falta de sono, todas essas questões contemporâneas aumentam o número de pessoas com sobrepeso e de obesos e, por consequência, as doenças crônicas. Todos esses são fatores de risco”, explica a educadora física.

Porém, é preciso estar atento. Exercícios físicos são bons, sim, mas quando são indicados por um profissional especializado nesta área que sabe das recomendações necessárias a cada tipo de atividade realizada. Para o diabetes mellitus, nome científico da doença crônica, é preciso tomar alguns cuidados.

O diabetes Tipo I, por exemplo, é um problema que leva à insulinodependência; ou seja, o indivíduo não produz insulina, hormônio secretado pelo pâncreas que metaboliza a glicose em nosso organismo, e precisa injetar a substância no organismo. Já o diabetes Tipo II é ocasionado pelo estilo de vida inadequado, tem a ver com o comportamento das pessoas.

“Em ambos os casos as atividades físicas podem ser benéficas. Sejam exercícios aeróbicos: caminhadas, corridas etc.; ou resistidos, voltados para fortalecimento da musculatura. As duas modalidades têm objetivos diferentes e precisam de cuidados ao serem indicadas para uma pessoa diabética”, alerta Ana Sílvia.

A junção dos dois tipos de exercício, aeróbico e resistido, ajuda a pessoa diabética porque contribui com a metabolização da insulina e com o controle da quantidade de glicose no organismo, problemas fundamentais na vida de quem sofre deste mal. “Porém, as ‘doses’ e os tipos de exercício precisam ser controlados. Daí, a necessidade de um profissional da saúde que esteja informado sobre o tema para garantir uma recomendação adequada a cada indivíduo”, completa Ana Ieker.

UEM