Depressão sazonal: entenda o transtorno reconhecido pela Organização Mundial da Saúde
Especialista explica fenômeno que ganha força durante o outono e inverno.

A falta de exposição à luz solar pode afetar a produção de neurotransmissores relacionados ao humor e ao sono, levando a alterações emocionais em muitas pessoas. O efeito é chamado de Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), uma condição reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O TAS é mais frequente no outono e no inverno, com maior incidência em pessoas que vivem em regiões mais distantes da linha do Equador. Nesses locais os dias de inverno são mais curtos e há menos exposição ao sol.
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No Paraná, as condições climáticas são diversas.
Os dados do Simepar apontam que, nos 252 dias que se passaram de 1º de janeiro até 03 de setembro, Curitiba teve 97 dias com chuva; Telêmaco Borba teve 100; Pinhão, 105; Cascavel, 89; Pato Branco teve 92; já Antonina teve 131 dias chuvosos.
Já no Noroeste o cenário é diferente: Paranavaí registrou chuva por 76 dias no mesmo período, sendo apenas 11 desde 20 de junho, quando teve início o inverno; Maringá teve chuva por 74 dias, sendo apenas 13 no inverno; Apucarana teve chuva por 76 dias, sendo apenas 13 no inverno; e Londrina teve 77 dias de chuva, sendo apenas 9 no inverno.
Dentro dos mesmos 252 dias de 2025, Curitiba teve 55 dias com temperaturas abaixo de 10°C, enquanto Guarapuava registrou 60 dias, e Palmas registrou 81 dias na mesma condição. Em Maringá foram apenas 15 dias com temperatura abaixo de 10°C no mesmo período.
“No Norte do Estado é muito raro ter quatro dias seguidos, por exemplo, com o tempo fechado e chuvoso. Já no Litoral e Região Metropolitana isso não é tão difícil e, às vezes, é possível ter períodos muito maiores do que isso no Sul do Estado, onde também tem dias bem mais frios do que em outras regiões”, afirma o coordenador de operações do Simepar, Marco Jusevicius.
De acordo com a psicóloga Izabela Neves Freitas, especialista em luto e depressão, nas regiões onde o tempo é mais frio e mais chuvoso o índice de casos de TAS tende a ser maior.
O transtorno depressivo está relacionado à influência dos ritmos circadianos (variações das funções biológicas ao longo de um dia) e ao desequilíbrio dos neurotransmissores no cérebro pela redução da exposição à luz solar.
“Percebo no atendimento clínico, no período chuvoso, as pessoas pedindo mais a consulta online. E muitas das pessoas que vêm presencialmente estão com menor qualidade do estado emocional”, afirma Izabela.
Manter a regularidade do sono, de acordo com Izabela, é essencial para manter o ciclo circadiano regulado e prevenir os efeitos do TAS.
“O tempo cinza leva as pessoas a também dormirem mais. Ou estando em um ambiente fechado, por exemplo, as crianças e os adolescentes ficam mais tempo nas telas. Isso muda o ciclo circadiano da pessoa. A gente precisa dormir de noite e acordar com a luz do dia”, ressalta.
Para quem tem uma rotina diferente e trabalha de madrugada, por exemplo, o mais indicado pela psicóloga é respeitar a quantidade e os horários de sono nos dias em que não estiver de plantão.
“Precisamos ensinar o hábito para o nosso cérebro. Se a pessoa estiver em um plantão noturno, necessita receber a luz do dia pela manhã, mesmo que não tenha dormido. E quando for pra cama, buscar um ambiente escuro e dormir a mesma quantidade de horas que os outros dias”, explica.
Um ciclo de sono irregular e pouco tempo de exposição solar, além de aumentar os sintomas de TAS, também causam baixa na vitamina D.
“A falta dela, mesmo que seja em proporções pequenas, causa um desânimo e bloqueia também a entrada de outras vitaminas que são importantes para nós, como a vitamina C e a B12. E aí a pessoa pode entrar em um processo depressivo que leve a situações mais graves, que necessitem de medicação”, afirma a psicóloga.
De acordo com Izabela, a ingestão de água também é essencial para um melhor funcionamento das células do nosso organismo. Nos dias mais difíceis, muitas atividades podem ser deixadas para depois, mas a psicóloga lembra que é indispensável tentar cumprir, ao menos, as ações de rotina.