SAÚDE

Ações contra suicídio valorizam capacitação e prevenção

Ações contra suicídio valorizam capacitação e prevenção
A psicóloga da Secretaria Municipal da Saúde, Raquel Pinheiro, integrante do Comitê de Prevenção e Posvenção do Suicídio, afirma que o número de casos têm aumentado nos últimos anos e a melhor forma de prevenção é debater sobre o assunto. “É preciso saber o que é, como tratar, entender os sinais de alerta, os tratamentos e ter informações sobre o suicídio para saber lidar com ele”, explica Raquel.

Em 2017, o número de óbitos foi o maior registrado em oito anos, com 27 casos de morte por suicídio. Neste ano (até 23 de maio) foram 12. O número de tentativas é maior. Em 2017 foram notificados 575 tentativas de suicídio, sendo 160 homens e 415 mulheres. Destes, 488 casos referem-se a tentativas de suicídio já cometidas e 87 de ideação suicida, onde a pessoa ainda não tentou realizar o ato, mas tem a intenção.

Neste ano, foram registradas (até 23 de maio) 244 casos de violência autoprovocada, sendo 176 mulheres e 68 homens. Em nove anos, mais de 1,6 mil pessoas tentaram tirar a própria vida em Maringá. A faixa etária com maior incidência de tentativas são pessoas de 20 a 34 anos. Embora mais mulheres tentem cometer suicídio, o número de óbitos é maior com homens porque eles tendem a ter mais impulso e utilizar meios mais letais do que as mulheres.

A psicóloga Raquel Pinheiro explica que o mapeamento epidemiológico de suicídio não contém 100% dos casos. É necessário considerar que há casos que não chegam até a Saúde e não são notificados como suicídio, o que indica um dado mais alarmante. “Os dados são feitos a partir do preenchimento da Ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Essa ficha deve ser feita pelo profissional que realizou o atendimento médico”, diz Raquel.

O que é feito?

Diante os números e a preocupação com relação ao tema, a Secretaria de Saúde e o comitê organizam ações de prevenção, como capacitações para profissionais da saúde, assistência social e educação. O objetivo é evitar tentativas de suicídio, identificando a ideação suicida e os cuidados necessário para o tratamento.

A técnica de enfermagem, Daiane Angélica de Oliveira, explica a diferença entre a ideação suicida e a tentativa de se suicidar. “A ideação é a intenção de cometer o suicídio, enquanto a tentativa já é o próprio ato. A tentativa deixa sequelas físicas e psicológicas, por isso, precisamos preveni-la identificando a ideia”, informa.

O suicídio pode ser prevenido em 90% dos casos. Maioria das pessoas que tira a própria vida estava com uma doença mental diagnosticável, passível de cuidados. Por isso, o ano passado cerca de 700 servidores da saúde de Maringá foram capacitados para identificar a ideação suicida e evitar os óbitos.

Os diretores e a equipe pedagógica das escolas também tiveram formação para observar qualquer suspeita de ideação suicida nas crianças e adolescentes. Caso haja identificação, será encaminhada para a rede de saúde com acompanhamento de psicólogos.

Neste ano, mais duas capacitações também já foram realizadas para profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e dos Centros de Atenção Psicossocial. Em breve, profissionais da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Sasc) e professores terão capacitação.

O município também apoiou a implantação do Centro de Valorização da Vida (CVV), entidade que realiza apoio emocional, oferecendo atendimento telefônico humanitário via telefone a todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob sigilo.

O atendimento em Maringá começou desde 2017, mas já funcionava em cidades de 18 estados. São realizados no país, anualmente, mais de 2,5 milhões de atendimentos. Quem quiser conversar com um dos voluntários do CVV pode ligar 188 (atendimento ininterrupto).

Entre as ações, também será votado em agosto, o projeto de lei que prevê a criação da Semana de Valorização da Vida. O projeto, de autoria do vereador Jean Marques e a Secretaria da Saúde, presume a implantação de iniciativas que proporcione a reflexão e a conscientização sobre o tema suicídio.

Mundo

O último relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2014, revela que 172 países têm o suicídio entre as três principais causas de morte, o que supera o número de óbitos por guerra e violência interpessoal.

A cada 45 segundos, morre, no mundo, uma pessoa por suicídio. No Brasil, a cada 40 minutos uma pessoa tira a própria vida. Sendo assim, cerca de 30 brasileiros cometem suicídio diariamente. O país é considerado o oitavo, entre os países estudados, em números de óbitos por suicídio.