POLICIAL

Grupo especial soluciona 24 homicídios antigos em 20 dias

O Grupo de Homicídios Não-Resolvidos (Honre), criado em março para investigar casos de crimes que não foram elucidados até 2008, em Curitiba, conseguiu solucionar 24 inquéritos policiais em 20 dias. Os policiais civis analisaram 79 inquéritos, ouviram 210 pessoas, realizaram 95 audiências e emitiram 38 ordens de serviço para os investigadores e 120 intimações.

Segundo o delegado-chefe do Grupo Honre, Rubens Recalcatti, a criação da força-tarefa específica para trabalhar com crimes não-solucionados é uma demonstração de respeito à sociedade e às vítimas e seus familiares.

“Quem perde um ente querido por homicídio quer justiça, quer que o crime seja solucionado e, quando isso não ocorre, a sensação de frustração, de impotência diante da escalada da criminalidade traz mais dor e angústia às famílias”, diz.

Atualmente, a Delegacia de Homicídios tem cerca de 4 mil casos que aguardam solução. “É um volume muito grande de trabalho e a nossa equipe é pequena, mas, com certeza, vamos atuar para resolver o maior número possível de casos. Há inquéritos policiais emperrados nos quais praticamente nada se fez, a não ser pedir renovação de prazo, e estamos aos poucos revendo caso a caso”.

Cada inquérito policial antigo trabalhado, explica Recalcatti, gera uma corrente investigatória intrincada e desgastante, devido às dificuldades de localizar testemunhas, parentes de vítimas e pesquisar laudos e documentos.

“Muitas vezes a vítima está ligada a outro crime ou o autor já foi morto, o que gerou outros inquéritos. Os inquéritos antigos nos levam a outros inquéritos que se relacionam entre si, necessitando profunda análise. Dessa análise surge a necessidade de expedir inúmeras intimações, além de pesquisas para buscas de laudos, oitivas no sistema penitenciário e outros procedimentos. Podemos apresentar como resultado positivo, nesses poucos 20 dias de trabalho do grupo, 24 inquéritos policiais com autoria esclarecida e vários inquéritos relatados”, analisa.

EXEMPLO - Nesta semana, o Honre solucionou o homicídio de Liberato Koubay da Silva, 23 anos, ocorrido em 12 de agosto de 2005, no bairro Campo Comprido, em Curitiba. Ele foi morto com 13 tiros, por dois homens que ocupavam um Corsa preto e que haviam marcado encontro com a vítima.

Segundo as investigações, Liberato estava envolvido com traficantes de drogas na região de Campo Largo, e agiam no Paraná, Santa Catarina e em outros países. “O grupo possuía poder bélico muito grande, tinha fuzis e outros tipos de armas, era composto também por mulheres e adolescentes e além do crime de tráfico, utilizava de locadoras de carros para lavar o dinheiro ilícito”, explica Recalcatti.

Em março de 2006, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) prendeu uma quadrilha de 18 integrantes, sendo três adolescentes. Na época, foram apreendidos 180 quilos de maconha e 10 quilos de crack, além de um fuzil Ruger 223, duas pistolas calibre 9 milímetros, uma pistola 380 e farta munição. A droga foi avaliada em R$ 200 mil.

O chefe do grupo era João Romão Netto, vulgo “Japa”, e Debora Cristina Meciano. Também integravam a quadrilha, Anderson Rogério Gonçalves dos Santos, o “Negão”, e Marcio Borghi Ribeiro, conhecido por “Zona Sul”, que marcaram encontro com Liberato e o assassinaram. Anderson foi morto em um tiroteio, e Márcio está preso na Penitenciária Central do Estado.