A baía de Guaratuba, no litoral do Paraná, abriga um dos maiores remanescentes de áreas úmidas preservadas do país. São 40 mil hectares em bom estado de conservação. Os dados são da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema) e Instituto Ambiental do Paraná (IAP) que, nesta quarta-feira (02), em comemoração ao Dia Mundial das Áreas Úmidas, destacam a importância deste complexo ecossistema para o combate dos efeitos das mudanças climáticas e para o equilíbrio ecológico. Entre as maiores variedades de áreas úmidas do Paraná estão os manguezais, áreas estuarinas, brejos, várzeas e banhados. Apenas de manguezais, de acordo com levantamento feito pelo Programa Pró-Atlântica, no ano de 2001, são 30 mil hectares. “As áreas úmidas são importantes tanto para conservação da biodiversidade do ecossistema como para o aspecto cultural das comunidades que vivem no seu entorno de forma sustentável”, afirma o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jonel Iurk. Segundo ele, as áreas úmidas podem reter e descarregar água, controlar inundações, purificar elementos tóxicos, reter sedimentos e reduzir a erosão. “Trazem imensa contribuição para regulação do clima, para recarga hídrica do lençol freático e também para retenção de carbono”, cita ainda o secretário. A bióloga e pesquisadora Bianca Reinert completa: “As áreas úmidas também garantem a provisão de água doce, a mitigação de inundações e para a pesca”. O biólogo Marcos Ricardo Bornschein monitora a região há quase dez anos. Juntos, eles publicaram pesquisa sobre o potencial da baía de Guaratuba como Área Úmida de Importância Internacional (AUII) ou sítio Ramsar - nome da convenção criada no Irã, em 1971, para assegurar a conservação e o uso sustentável destas áreas. Bianca conta, que a APA e a baía de Guaratuba possuem diversas características que permitem o seu enquadramento nos critérios da convenção de Ramsar para designação de AUII.
“Levantamos todos os dados ambientais de fauna e flora. Para que se tenha uma idéia, registramos na área da baía e em seu entorno imediato 322 espécies de aves, sendo 14 destas ameaçadas de extinção a nível global”, relatam os pesquisadores. LAGOA DO PARADO – A baía Guaratuba resguarda ainda a Lagoa do Parado, maior área de brejo contínua existente no Litoral do Paraná e de Santa Catarina. Os brejos são variações de áreas úmidas e abriga um berçário de espécies ameaçadas. A Lagoa do Parado é composta por áreas de planícies de inundação da Floresta Atlântica, inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual de Guaratuba. Em 1996, a Prefeitura de Guaratuba decretou como Parque Municipal Lagoa do Parado. “É um ambiente que tem necessidade de proteção devido à sua importância biológica. Com as Unidades de Conservação se sobrepondo estamos garantindo a conservação da área”, diz a gerente da APA de Guaratuba e presidente do Conselho Gestor, Célia Cristina Roch. A APA de Guaratuba possui cerca de 199.586 mil hectares e abrange os municípios de Guaratuba, São José dos Pinhais, Tijucas do Sul, Morretes, Paranaguá e Matinhos. A área foi criada para compatibilizar seu uso e ocupação, protegendo a fauna e a flora, sítios arqueológicos, e para disciplinar o uso turístico e garantir a qualidade de vida das comunidades caiçaras e da população local. “A APA de Guaratuba possui um Conselho Gestor - presidido pelo IAP – com a função de auxiliar na sua gestão e integrá-la à população e às ações realizadas em seu entorno”, explica Célia. CURIOSIDADE - A definição do conceito de área úmida há 30 anos marcou o início das ações nacionais e internacionais para a conservação e o uso sustentável das zonas úmidas e de seus recursos naturais. Atualmente, 150 países são signatários do tratado, incluindo o Brasil. A convenção também classificou as áreas úmidas de importância mundial, os chamados Sítios Ramsar. Existem 1.556 sítios Ramsar reconhecidos mundialmente por suas características, biodiversidade e importância estratégica para as populações locais.