ESPORTE

Vanderlei se despede e passa as férias em Maringá

Depois de 23 anos de carreira, chegou a hora do adeus definitivo. Competições, nunca mais. Vanderlei Cordeiro de Lima completou a 84ª Corrida de São Silvestre em pouco mais de 52 minutos, tempo oito minutos acima do vencedor, apenas na 52ª colocação, mas sem se importar. Despediu-se do atletismo profissional como queria. "Foi como se tivesse vencido", disse o atleta, que nunca conseguiu o lugar mais alto do pódio na prova.

Vanderlei levou consigo o carinho de colegas de profissão e de fãs amadores que se acotovelaram nesta quarta-feira para dar um abraço ou um grito de incentivo a um dos maiores ídolos do esporte brasileiro. "A partir de agora, sou um amador também", percebeu o medalhista de bronze na maratona da Olimpíada de Atenas, em 2004.

Aquela prova marcou a carreira do corredor, hoje com 39 anos. Vanderlei liderava a prova mais tradicional da Olimpíada quando foi agarrado por um ex-padre irlandês, que o derrubou. Mesmo com o baque, o brasileiro não desistiu e conseguiu terminar a disputa com a terceira colocação, heróica. Humilde, logo desculpou o "maluco". Agradeceu ainda. Virou um exemplo de atleta olímpico, entrou para a história.

Durante a prova desta quarta, Vanderlei era só sorrisos. A cada passada, uma olhada para os torcedores nas calçadas e um aceno para agradecer o carinho. No final, chorou, emocionado, ao passar pela frente do pódio que freqüentou pela última vez em 2001, quando terminou a prova na quinta posição.

"Estou bastante feliz", declarou o consagrado atleta. "Foi bonito demais ser aplaudido por tudo que fiz e tudo que o esporte me deu em toda a minha carreira. Nem na Olimpíada fui tão aplaudido. Quero ser lembrado como um atleta que lutou sempre. Saio hoje do atletismo profissional de cabeça erguida, pela porta da frente."

Agora, Vanderlei irá aproveitar merecidas férias em Maringá, junto com sua família. Mas não descarta ocupar algum cargo público no futuro. "Todas as oportunidades que surgirem, vou pensar", afirmou. "Se for bom para o esporte, vou aceitar. É muito importante poder contribuir."
Estadão