POLÍTICA

Odílio Balbinotti é o segundo deputado mais faltoso do congresso

Em tempos de crise, poucas empresas poderiam se dar ao luxo de manter um gerente ou executivo a R$ 1,4 milhão por ano - 15 salários de R$ 16,5 mil, auxílio-moradia de R$ 3 mil, R$ 60 mil para assessores, etc. - que faltasse um a cada quatro dias de trabalho. É com um balanço similar, porém, que o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) encerrou 2008 - não foi a 52 das 226 sessões do ano.

Com 23% de ausência em dias de votação, ele encabeça o ranking dos deputados que mais faltaram em 2008, montado pelo Estado com base na lista de presença de todas as sessões deliberativas do ano, até a última quarta-feira.

Apresentando-se no site da Casa como locutor, comentarista e radialista, Costa está no segundo mandato, eleito em 2006 com 270 mil votos. Na sexta-feira, segundo sua assessoria, ele estava no exterior, inacessível. Ontem, viajava no interior do Pará, onde o celular falhava. Um assessor estranhou o placar - "ele tem boa representatividade, tanto que se reelegeu com 100 mil votos a mais". Afirmou que não houve descaso do parlamentar.

O segundo colocado alegou forte compromisso com os eleitores do Norte do Paraná para explicar as 42 ausências - a ponto de preferir um desconto médio de R$ 600 a R$ 700 por sessão a que faltou.

Odílio Balbinotti (PMDB-PR) informou, via assessoria, que "cuida" de 52 municípios de Maringá e região. "Ele é campeão de entrega de recursos. Às vezes tem de sair antes da sessão de quinta-feira, senão não consegue pegar o vôo", alega o assessor Amarildo Torres.

Fora os abatimentos no contracheque, ninguém sofreu punições mais rigorosas. O artigo 55 da Constituição, inciso 3º, determina a perda de mandato apenas se o deputado faltar a um terço das sessões.

Há ainda as faltas justificadas, para casos de problemas de saúde, missões oficiais, pelo fato de ocupar cargo na Mesa Diretora, exercer função de líder, presidir comissões, entre outras situações previstas.

Por vezes, as faltas justificadas criam situações inusitadas. O radialista Wladimir Costa lidera o ranking de faltas, mas compareceu a mais sessões que Ciro Gomes (PSB-CE) - 173 a 125 presenças. Isso porque o ex-candidato à Presidência teve 35 faltas e 66 ausências justificadas. Segundo seus assessores, como dirigente partidário Ciro participou de eventos País afora e conseguiu apagar as faltas.

Há, por fim, quem cumpra religiosamente o compromisso. Três deputados surpreenderam: Manato (PDT-ES), Pedro Fernandes (PTB-MA) e Jofran Frejat (PR-DF) são o trio da assiduidade. Estiveram em todas as 226 sessões do ano.

Manato orgulha-se do feito, que diz repetir há três anos. Sua última falta, relata, foi em 27 de setembro de 2005, quando o pai morreu. Conta que foi ao enterro, no Espírito Santo, e tentou voltar para a sessão, mas o avião para Brasília atrasou. "Senão teria assistido." E gaba-se: "Gosto de plenário, gosto de discussões. Já que estou em Brasília, não em casa, vou trabalhar."
Estadão