Psicóloga destaca a importância e urgência em ouvir às crianças
Pesquisas mostram que a escuta ativa fortalece autoestima, autonomia e aprendizagem, além de prevenir silêncios que podem esconder dor.

Brinquedos, passeios, presentes — o Dia das Crianças costuma ser sinônimo de celebração. Mas, em meio às embalagens coloridas e às agendas cheias, um gesto simples e poderoso ainda é pouco lembrado: ouvir as crianças.
Mais do que escutar o que elas dizem, trata-se de dar espaço para que expressem o que sentem, pensam e desejam — inclusive quando não conseguem colocar tudo em palavras.
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De acordo com pesquisas recentes, práticas de escuta ativa têm impacto direto no desenvolvimento emocional e cognitivo. Um levantamento da Fundação SM mostra que crianças que se sentem ouvidas apresentam maior autoestima e engajamento nas atividades escolares, além de melhores relações interpessoais.
Outro estudo, do Instituto Alana, reforça que ouvir as crianças é um direito previsto em normas nacionais e internacionais, e deve ser considerado parte essencial da educação e do cuidado.
Para a psicóloga e escritora Vanessa Miranda, ouvir de verdade é um exercício de presença e empatia. “Escutar é mais do que esperar a vez de falar. É estar disposto a compreender o que a criança está tentando dizer — mesmo quando ela fala com o corpo, com o olhar ou com o silêncio”, explica.
Carioca radicada em Maringá há cinco anos, Vanessa Miranda é formada em Psicologia pela Florida Atlantic University (EUA), com especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental para crianças e adolescentes.
Trabalhou como terapeuta na Behavior Analysis Inc., em Miami, e foi a primeira brasileira a estudar Aprendizagem Investigativa (Inquiry-Based Learning) no Exploratorium Museum, em São Francisco (EUA), uma das maiores referências mundiais em educação criativa.
De volta ao Brasil, fundou a Oficina dos Inventores, projeto que levou experimentos interativos para escolas e professores, incentivando o aprendizado por meio da descoberta e da curiosidade.
Seu mais recente trabalho, Criatividade para Escuta Ativa, foi desenvolvido como um recurso lúdico e educativo voltado ao fortalecimento da escuta sensível de crianças em contextos escolares, comunitários e hospitalares.
O material reúne histórias em quadrinhos, teatro de bonecos destacável, atividades de expressão emocional e adesivos interativos, criando um ambiente seguro e acolhedor, no qual a criança se sente à vontade para expressar sentimentos e experiências sensíveis.
Mais do que um instrumento pedagógico, o livro tem caráter preventivo e terapêutico: ajuda profissionais da educação, saúde e assistência social a desenvolver uma escuta qualificada e a identificar sinais de vulnerabilidade de forma ética e respeitosa.
“Quando criamos espaços de escuta genuína, a criança entende que sua voz tem valor. E é a partir desse reconhecimento que nascem a confiança, a autonomia e a segurança emocional”, afirma Vanessa.
Vanessa defende que o Dia das Crianças é uma boa oportunidade para repensar como os adultos se relacionam com a infância — e lembra que ouvir é também proteger.
“As crianças se comunicam de muitas formas, e a brincadeira é uma das mais poderosas. Quando o adulto se dispõe a entrar nesse universo com escuta atenta e coração aberto, ele ajuda a prevenir silêncios que podem esconder dor”, completa.