Hormônios, músculos e bactérias: os efeitos do beijo no corpo humano
Prática milenar de demonstração de afeto e desejo tem sido estudada por cientistas, que chegam a conclusões reveladoras.

O beijo na boca, para além de uma prática de carinho e desejo sexual, tem sido objeto de estudo entre os cientistas há décadas.
Entre as descobertas já conhecidas estão a liberação de turbilhão de hormônios, envolvimento de 34 músculos, troca de milhões de bactérias e, claro, sua importância social como um “termômetro” das relações.
Mas antes de falarmos sobre o beijo na boca e seus efeitos físicos, vamos entender a origem desse prazer humano.
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Mesopotâmia, 2.500 a.C.…
Tudo começou na região onde atualmente se encontram os países da Síria e Iraque. De acordo com a revista Science, a primeira menção ao beijo como uma atividade sexual foi descrita em um texto mitológico no chamado Cilindro de Barton — um artefato de argila de origem mesopotâmica.
Nele é descrita a história de desejo (com detalhes sórdidos) entre duas divindades, que selam a relação com um beijo: “Com a deusa Ninhursag, ele teve relações sexuais. Ele a beijou e preencheu seu ventre com o sêmen de sete gêmeos”, relata a escritura milenar.
Em entrevista concedida ao g1, o pós-doutor em psicologia evolucionista, Marco Antonio Varella, revela que o beijo entre casais “pode ter sido uma evolução do cuidado maternal e paternal na evolução humana”.
Varella explica que nos primórdios da existência os genitores alimentavam seus filhos mastigando os alimentos e passando-os através de um encontro boca a boca.
“Isso pode indicar que o amor filial e o beijar para alimentar possam ter sido cooptados ao longo da evolução humana para também funcionar na parceria romântica indicando afeto, comprometimento e disposição para cuidado. Isso pode ter acontecido conforme fomos ficando mais monogâmicos no início do gênero Homo há 2,5 milhões de anos”, diz.
Os efeitos químicos e físicos do beijo
Frio na barriga, coração disparado e uma verdadeira festa de hormônios não são descrições romantizadas do beijo na boca, mas evidências comprovadas cientificamente. O ato pode disparar doses de serotonina, o hormônio do prazer; ocitocina, o hormônio do amor “responsável” pela criação de vínculos; e a adrenalina, que aumenta a frequência cardíaca.
Além de aumentar os hormônios positivos, um bom beijo também reduz os níveis de cortisol no corpo, aliviando a tensão e estresse.
Essas reações químicas ainda podem causar outros efeitos colaterais como pupila dilatada, respiração ofegante e sensação de êxtase.
No campo físico, o ato pode envolver até 34 músculos — variando conforme a intensidade do beijo. Pesquisas destacam que um simples beijo movimenta apenas dois músculos faciais, enquanto demonstrações de afeto intensas e apaixonadas envolvem, no mínimo, 23 musculaturas.
Termômetro das relações
No campo social, o beijo é considerado um ponto importante entre os casais. Em pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, os casais destacam que a satisfação no relacionamento também é monitorada através da frequência com que se beijam.
As mulheres foram além e pontuaram que um primeiro beijo é importante indicador do destino das relações, que dependem da performance, química e entrosamento do ato com os parceiros.
Troca de saliva (e milhões de bactérias)
Que os beijos na boca promovem a troca de saliva e, consequentemente, milhões de bactérias, todo mundo já sabe. Mas quantas exatamente?
De acordo com uma pesquisa de 2014 realizada em Amsterdã com 21 casais, esse total pode chegar a 80 milhões de microrganismos e, apesar do número expressivo, foi constatado que essa troca não representa risco ao corpo em casos de boa higiene e saúde oral ou geral.
No entanto, doenças infecciosas como a herpes e derivados ainda podem ser transmitidas pelo beijo.