CULTURA

Maringaense Thayse Fernandes comanda direção de documentário inédito sobre Jovita Feitosa

História da primeira mulher brasileira a se voluntariar para uma guerra será contada no projeto, que está em fase de captação de recursos.

Maringaense Thayse Fernandes comanda direção de documentário inédito sobre Jovita Feitosa
Thayse Fernandes, diretora do documentário ‘Guerras de Jovita’, trabalha na indústria audiovisual há quase 20 anos. - Foto: Reprodução/Instagram @thaysefernandes

No ano de 1865, por todo o Brasil, o exército fazia campanhas de recrutamento com o objetivo de estimular os jovens a se alistarem para fazer parte do maior conflito armado da história da América Latina, que se estendeu por cinco anos e teve consequências tão devastadoras que chegaram a destruir um país inteiro: a Guerra do Paraguai.

Nascida no sertão do Ceará, Jovita Feitosa, uma jovem de 17 anos, decidiu atender ao chamado do Exército e lutar como soldado na guerra. No entanto, as mulheres só começaram a ser implementadas nas Forças Armadas — em cargos não relacionados à área da saúde — gradualmente e muito tempo depois, já no final do século XX.

Por isso, Jovita precisou encontrar uma maneira de conseguir servir ao seu país. Com roupas masculinas e o cabelo cortado, ela se disfarçou de homem, burlou o sistema e foi aceita como primeiro sargento do Corpo de Voluntários.

O seu disfarce não durou muito tempo e, quando foi descoberta, em prantos, pediu aos militares para lutar nas trincheiras. Com a permissão de Franklin Dória, governador da então província do Piauí, Jovita foi incorporada ao Exército e, mesmo sem atingir o objetivo de lutar nas trincheiras e constantemente menosprezada por ser mulher, seu nome entrou para a história. Tanto que, ainda hoje, sua trajetória continua despertando a curiosidade de muita gente, como é o caso da cineasta Thayse Fernandes, diretora do documentário ‘Guerras de Jovita’.

Jovita Feitosa. Créditos: Reprodução

“Sempre tive uma paixão profunda por histórias de mulheres brasileiras. Em uma conversa com Katia Ludermann, produtora executiva do projeto, fui apresentada a Glauber Filho, roteirista renomado de trabalhos como ‘O Cangaceiro do Futuro’, da Netflix, e ‘As Mães de Chico Xavier’. Glauber, em colaboração com Kelma Mattos — a maior pesquisadora sobre Jovita Feitosa no Brasil — desenvolveu um roteiro profundo após intensas pesquisas”, diz a cineasta.

A maringaense trabalha com audiovisual há quase 20 anos e tem se dedicado ao universo cinematográfico desde ‘Iberê e a Liberdade’, curta lançado em 2019. “‘[Iberê e a Liberdade]’ foi um marco na minha trajetória, não só por sua aclamação em festivais, algo que mudou a mentalidade de muitos produtores audiovisuais na cidade ao fazerem filmes com editais municipais, mas também pelo seu valor sentimental, uma vez que foi inspirado em um relato de minha mãe”.

Segundo Thayse, o documentário, filmado em parceria com a produtora maringaense Cosmos Filmes, está em fase de captação de recursos e contará com partes dramatizadas por atores e entrevistas com Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo, Isabel Lustosa, a roteirista Kelma Mattos e parentes de Jovita.

Além de ‘Guerras de Jovita', que ainda não tem data de estreia definida, Thayse tem dois outros projetos engatilhados sobre histórias de mulheres nordestinas, além de um documentário sobre um sobrevivente de Auschwitz, que será gravado na Polônia.

Ainda neste ano, estreia outro projeto dirigido por ela, o documentário ‘Artistas da Tela’, sobre a história dos cartazistas dos antigos cinemas de rua em Maringá.

Maringa.Com
Por Vanessa Santa Rosa