DIREITOS LGBTQIA+

Dia do Orgulho: qual a origem da data mais importante para a comunidade LGBTQIA+?

Comemorado no dia 28 de junho, o Dia do Orgulho LGBTQIA+ destaca a luta pela conquista de direitos e o fim da violência e perseguição contra a comunidade

Dia do Orgulho: qual a origem da data mais importante para a comunidade LGBTQIA+?
De acordo com relatório de 2021 da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Interssexuais (ILGA), o Brasil segue ocupando o primeiro lugar no ranking de países da América que mais matam pessoas LGBT+. - Foto: Freepik

O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, comemorado no dia 28 de junho, marca a data da revolução de 1969 em Stonewall Inn., bar gay de Nova Iorque que constantemente era atacado com atos de violência e perseguição policial. Como uma forma de dizer “chega” aos abusos sofridos pela comunidade, os frequentadores da balada reagiram contra os policiais durante mais uma ação injusta, iniciando um levante que marcaria para sempre a história. 

No mesmo dia, com o início da revolta, uma passeata foi realizada até o Central Park e a ocupação dos ambientes públicos pela comunidade LGBTQIA+ ficou marcada como a primeira Parada do Orgulho que, atualmente, é realizada em diversas cidades de diferentes países. 

Operação policial para prender frequentadores do bar Stonewall Inn. resultou na revolta que marcaria a história da comunidade LGBTQIA+. Foto: Divulgação
Passeata contra os abusos sofridos após a revolta de Stonewall Inn. ficou marcada como a primeira Parada do Orgulho no mundo. Foto: Divulgação

Apesar do impacto, no Brasil, a Parada do Orgulho chegou somente em 1997, após diversos cenários de abuso contra a comunidade LGBTQIA+ no país. 

O STONEWALL BRASILEIRO — Em meio à Ditadura Militar no Brasil, além da censura, silenciamento e intimidação de grupos da oposição, haviam iniciativas específicas de perseguição à comunidade LGBTQIA+. Em São Paulo, operações como “Sapatão” e “Tarântula” tinham o objetivo de prender lésbicas e travestis, respectivamente. 

As operações eram lideradas pelo delegado José Wilson Richetti, do Departamento Estadual de Investigações Criminais, que defendia a iniciativa de “limpar a cidade dos assaltantes, traficantes de drogas, prostitutas, travestis, homossexuais e desocupados”, de acordo com informações divulgadas pelo Estadão. 

Foi neste cenário que, para combater a perseguição, a comunidade se uniu para a publicação de periódicos vendidos às escondidas em bancas e bares com o objetivo de informar sobre operações contra gays, lésbicas e travestis. Um destes periódicos de nicho era o Chanacomchana, responsável pelo o que seria conhecido como o Stonewall Brasileiro. 

Em 19 de agosto de 1983, data também conhecida como o Dia do Orgulho Lésbico desde então, membros do Galf (Grupo Ação Lésbica Feminista) se reuniram em frente ao Ferro’s Bar em protesto ao dono do estabelecimento, que estava se recusando a distribuir o periódico.

No Brasil, a principal revolta contra a discriminação foi realizado por lésbicas no Ferro's Bar, durante a Ditadura Militar, em 19 de agosto de 1983. Foto: Reprodução/TAB UOL

Somente em 1997 o Brasil teve sua primeira Parada do Orgulho LGBTQIA+, antigamente chamada de Parada Gay. Com um público de aproximadamente 2 mil pessoas na avenida Paulista, o evento foi inspirado naquele que já era realizado há 30 anos nos Estados Unidos. 

No entanto, apenas na segunda edição da Parada, em 1998, é que a comunidade ganhou o apoio de sindicatos e se espalhou por outras cinco capitais: Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Rio de Janeiro. Atualmente, a Parada do Orgulho em São Paulo reúne cerca de 4 milhões de pessoas e é considerada o maior evento LGBTQIA+ do mundo. 

VIOLÊNCIA PREDOMINANTE — Após 53 anos do Stonewall americano e 39 anos desde a revolução equivalente no Brasil, muitos direitos foram conquistados pela comunidade LGBTQIA+ como a criminalização da homofobia, o direito à união estável, casamento civil, adoção, doação de sangue e retificação de documentos (nome social), mas ainda há um longo caminho a percorrer contra a discriminação e violência. 

De acordo com relatório de 2021 da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Interssexuais (ILGA), o Brasil segue ocupando o primeiro lugar no ranking de países da América que mais matam pessoas LGBTQIA+, sendo a maioria das vítimas pessoas trans. Os Estados da Bahia e Ceará estão entre os cinco estados mais violentos para as pessoas da comunidade.

Diante do cenário enfrentado pelas pessoas da comunidade LGBTQIA+, o Dia Internacional do Orgulho é uma data especial para a comemoração dos direitos conquistados, mas também para promover a conscientização acerca da violência brutal enfrentada pelas pessoas de diferentes sexualidades e corpos. O dia 28 de junho existe para lembrar a luta da comunidade em prol da sua sobrevivência e liberdade, mas também para celebrar a diversidade nas formas de amar e ser.

Maringa.Com