SAÚDE

Prevenção: profissionais da saúde discutem gravidez na adolescência

Em 2005, Maringá registrou 534 casos de adolescentes grávidas, o que representa 12,77% do total de partos realizados na cidade.

No Paraná, o índice é de 20,8%.

Os números fazem parte de uma relação apresentada, hoje (quarta-feira, 31), durante debate organizado pela Secretaria Municipal da Saúde.

O evento, dirigido a médicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem e integrantes das equipes do Programa Saúde da Família, PSF, foi no Auditório Hélio Moreira.

Organizados em duas turmas, uma pela manhã e outra à tarde, os profissionais da área da saúde discutiram a gravidez na adolescência com o médico ginecologista, Weber Alexandre Sobreira Moraes e com a psicóloga e sexóloga, Eliane Maio Braga.

Sobreira fez um alerta.

Disse que o início da atividade sexual ocorre cada vez mais cedo.

“Chegamos a fazer um parto de uma criança com 11 anos e 9 meses”, justificou.

Na opinião dele, reconhecer a sexualidade das crianças é uma forma de evitar o sexo precoce e a promiscuidade.

“É um instinto natural e temos que aprender a ensinar nossos filhos a lidar com os desejos e a sensualidade”, afirmou.

Outra dificuldade é a influência dos meios de comunicação de massa, principalmente, as emissoras de televisão, que veiculam apelos ao erotismo e à juventude, em novelas e nos comerciais.

O ginecologista revelou que 70% das avós, com filhas grávidas, foram mães adolescentes.

“É um ciclo negativo, difícil de ser interrompido”, comentou.

Sobreira destacou também que 90% das gestações, ocorrem nos primeiros 12 meses da atividade sexual, com o agravante de as adolescentes só procurarem o acompanhamento médico um ano após a primeira relação.

A sexóloga Eliane Maio reforçou os dados do ginecologista com os problemas psicológicos e os traumas provocados por gravidez precoce.

É alto o índice de meninas que abandonam a escola após o parto.

“Sem estrutura emocional, quem cuida dos bebês, são as avós”, complementou.

O rompimento dos laços familiares é outro problema comum.

“Os pais rejeitam as filhas grávidas e os meninos que engravidam as meninas, na maioria dos casos, fogem à responsabiliade de criar os filhos e constituir uma nova família”, exemplificou.

Os debates com as presenças do ginecologista, Weber Alexandre Sobreira Moraes e da psicóloga, Eliane Maio Braga marcaram o encerramento da Semana de Orientação e Prevenção da Gravidez na Adolescência.

Instituída pela Lei 7.091, de março de 2006, que alterou a redação da Lei 6.874, de junho de 2005, de autoria do vereador Francisco Gomes dos Santos, o Chico Caiana, a Semana tem o objetivo de informar, sensibilizar, conscientizar e envolver a comunidade na discussão da maternidade e paternidade precoce.

Pela Lei, a Semana deve ser realizada na quarta semana do mês de maio.

Este ano a Secretaria da Saúde promoveu palestras com adolescentes nas escolas, organizou mostras de vídeos e grupos de debates sobre o assunto.

“Cada unidade ficou responsável pela programação. Foram atividades diversas que atingiu o público esperado”, ressaltou a coordenadora da Saúde da Criança e do Adolescente, Paula Cristina Sabioni Siqueira.

O secretário da Saúde de Maringá, Antônio Carlos Nardi, afirmou que a sociedade precisa enfrentar a gravidez na adolescência com a atenção e o cuidado que o problema merece.

“Todos estamos envolvidos”.

O prefeito Silvio Barros disse que todos têm um papel a desempenhar na luta pela redução dos casos aos níveis mínimos.

“É um tipo de problema que pode ser evitado e a sociedade precisa concentrar esforços para reduzir e, se possível, zerar os índices local e estadual”, frisou.

Pmm