O Brasil é o segundo país com maior percentual de partos realizados por cesárea do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais da metade dos brasileiros (55,6%) nasce em partos cirúrgicos. O índice só é inferior ao da República Dominicana, onde a taxa chega a 56,4%. A OMS recomenda taxa média mundial de cesáreas de 15% dos partos. Em 1990, esse índice era de apenas 6%. O cenário é mais alarmante quando se observa a proporção de partos cesáreos no setor suplementar de saúde brasileiro. No ano de 2015, o índice de cesarianas chegou a 84,4%. Em 2017, a taxa média na Unimed Maringá foi de 92%.“No campo da atenção ao parto e nascimento, o Brasil apresenta um panorama com problemas sistêmicos e crônicos, constituindo uma realidade única no mundo. O país é um dos campeões mundiais de cesarianas, título do qual não devemos nos orgulhar, já que está na contramão das evidências científicas e das melhores práticas internacionais, sem qualquer relação com fatores clínicos”, destaca o ginecologista e obstetra cooperado da Unimed Maringá, Felipe Sá Ferreira. Dado o alto índice de cesáreas, e os prejuízos para a saúde da mãe e do bebê, diversas iniciativas têm surgido na tentativa de incentivar a realização de partos normais. Uma delas é o Projeto Parto Adequado (PPA), desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da Saúde.
O principal objetivo do PPA – implantado na Unimed Maringá – é melhorar a qualidade na assistência ao nascimento no Brasil. “Grupos multiprofissionais e de vários lugares do país têm se reunido para discutir, propor, testar e implementar ações para garantir a melhor e mais eficiente assistência às gestantes, aos conceptos e às famílias.Centros médicos de excelência têm disponibilizado treinamentos e capacitações na assistência ao pré-natal, parto e pós-parto para os profissionais envolvidos no projeto. A consequência direta é a diminuição do número de cesáreas desnecessárias”, ressalta Ferreira, acrescentando que ao longo de 18 meses esse novo modelo de assistênc ia materno-infantil evitou cerca de 10 mil cesarianas desnecessárias. Os benefícios, no entanto, não param por aí. O ginecologista e obstetra cita ainda o aumento da satisfação das gestantes, a diminuição dos internamentos de recém-nascidos em UTI neonatal, melhorias em infraestrutura das maternidades, aprimoramento de protocolos de assistência ao pré-natal, parto e pós-parto, capacitação de profissionais que atuam na atenção à gestação e ao parto, e estímulo ao trabalho em equipe multiprofissional. O Projeto Parto Adequado está na fase 2, que será desenvolvida até maio de 2019, por meio de ações voltadas à atenção integral, adequada e de qualidade às mães e bebê por meio de cursos e incentivo ao parto vaginal. Nesta etapa, participam hospitais e operadoras de todo o país, que manifestaram interesse em atuar como apoiadoras do projeto, entre elas a Unimed Maringá, que iniciou a participação no primeiro trimestre de 2017. Na fase 1, também denominada ‘piloto’, o projeto contou com a adesão de 35 hospitais.