MEIO AMBIENTE

Têm início obras no lixão

As obras que vão solucionar o problema do lixão de Maringá iniciaram (quarta-feira, 5), com a chegada dos equipamentos da empresa que trabalhará no local.

O início das obras prevê a construção de lagoas de contenção de chorume, um líquido escuro que contém alta carga poluidora.

As lagoas são hoje a maior necessidade no local.

As primeiras máquinas que entraram no lixão, ontem pela manhã, são as retroescavadeiras hidráulicas que deverão solucionar a questão das lagoas de chorume.

Todos os dias são produzidos oito milhões de litros do líquido poluente que resulta.

Hoje a situação é crítica e a lagoa que já existe no local está prestes a transbordar.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Agricultura, José Croce Filho, esta é uma ação emergencial que, além de prevenir contra a contaminação do córrego Borba Gato, desencadeará uma série de alterações no local.

Ainda na primeira etapa do processo, que durará seis meses ao todo, será instalada a tubulação para captação de gases, que serão quantificados.

“Vamos tentar fazer uma certificação de crédito-carbono, que é uma das formas de buscar recursos para sustentar a recuperação da área degradada”, destaca o secretário.

Os créditos-carbono são um mecanismo estabelecido pelo Protocolo de Kiyoto para reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera.

Para isso, os países foram divididos em dois grupos: os que precisam reduzir suas emissões de poluentes e aqueles que não estão obrigados a isso.

Os países mais poluentes também têm que investir em países em desenvolvimento para diminuir a poluição por gases gerados pelo lixo.

Como o Brasil é um desses países que não precisam diminuir suas emissões de dióxido de carbono, pode vender essa redução através dos créditos de carbono para os países que precisam reduzir esse índice.

Croce ressalta que se conseguir certificar o metano e o gás carbônico do lixão de Maringá, o município poderá receber mais recursos para investir no meio ambiente.

Nos próximos dias, depois do início das obras no lixão, que será transformado em aterro controlado, também será dada a largada na campanha “Maringá Recicla”, de coleta seletiva.

A coleta também ficará a cargo da empresa que ganhou a licitação para cuidar das obras do lixão, a Transresíduos.

A coleta seletiva deverá alcançar 100% de cobertura da área do município.

Com isso, a intenção é reduzir a quantidade de recicláveis que chegam ao lixão.

Dessa maneira os mais de 100 catadores que vivem dos produtos recolhidos no local se adequarão mais facilmente ao programa de reinclusão social.

“As pessoas que vivem do lixão deixarão de ser catadores e passarão a ser agentes ambientais”, destaca Croce.

Cerca de 50% dos catadores que vêm ao lixão de Maringá são de Paiçandu.

Outra boa parcela vem de Sarandi e uma minoria é de Marialva ou Maringá.

O secretário está negociando com os prefeitos dos municípios vizinhos para que possa ser solucionada a questão em seu local de origem.

O programa de desocupação do lixão prevê doação de cestas básicas às famílias dos catadores e suporte para readequação dentro das cooperativas de reciclagem.

Para evitar que pessoas voltem a trabalhar no lixão, haverá guarda no local para coibir possíveis catadores de entrarem no local.

Quarenta por cento de todo o lixo doméstico de Maringá é lixo seco, passível de reciclagem. Desses 40%, apenas 4% é recolhido para as usinas.

Croce revela que a intenção é que esse índice aumente para 10%.

O material recolhido será distribuído entre as cooperativas.

A empresa que venceu a licitação terá prazo de seis meses para recuperar a área do lixão.

Croce ressalta que o valor cobrado pela empresa é o menor das cinco que concorreram à licitação.

A empresa também possui as qualificações ISO 9000 e 14000.

Valor total da obra é de R$ 2,3 milhões.

Croce ressalta que o valor será pago em seis meses.

“O valor por tonelada de lixo, de pouco mais de R$ 30, está dentro do preço de mercado e dará um resultado que solucionará o problema do lixo em Maringá”, afirma o secretário.

As ações previstas para os próximos seis meses são referentes a serviços preliminares, obras de construção de portaria, escritótio, refeitório, vestiário, almoxarifado e oficina, drenos verticais de gases, dreno de chorume, tratamento de lagoas de estabilização, drenagem de águas superficiais, obras de monitoramento e operação e manutenção do aterro controlado.

Na semana passada a Prefeitura recebeu a notícia da vinda da verba de R$ 15 milhões do Ministério das Cidades para incrementar as ações que dizem respeito ao resíduo sólido do município.

A verba será disponibilizada pela Caixa Econômica Federal com recursos do Banco Mundial – FGTS e possibilitará o uso de tecnologias adequadas para cada tipo de resíduo.

Maringá concorreu no módulo Resíduos Sólidos e atingiu a maior pontuação de todos os municípios, em todas as categorias, ao chegar a 7,8 pontos.

Os municípios que pontuaram na seqüência de Maringá foram Maceió (AL), Iguaba Grande (RJ), Campina Grande (PB), Governador Valadares (RJ), Teófilo Otoni (MG), Belo Horizonte (MG), Santo Ângelo (RS), Rio Branco (AC) e Alfenas (MG), sucessivamente.

As ações do município serão feitas por meio do Plano de Gerenciamento Integrado e Sustentável dos Resíduos Sólidos Urbanos do Município de Maringá – PGIRS.

PROTOCOLO DE KIYOTO: o objetivo do protocolo é reduzir, entre 2008 e 2012, a emissão dos seis gases que provocam o efeito estufa na atmosfera: dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, hidrofluocarbono, perfluorocarbono e o hexafluorocarbono de enxofre, em média 5,2%.

O que é o Protocolo de Kiyoto?

É um acordo internacional que estabelece metas de redução de gases poluentes para os países industrializados.

O protocolo foi finalizado em 1997, baseado nos princípios do Tratado da ONU sobre Mudanças Climáticas, de 1992.

Quais são as metas?

Países industrializados se comprometeram a reduzir, até 2012, as suas emissões de dióxido de carbono a níveis pelo menos 5% menores do que os que vigoravam em 1990.

A meta de redução varia de um signatário para outro.

Os países da União Européia, por exemplo, têm de cortar as emissões em 8%, enquanto o Japão se comprometeu com uma redução de 5%.

Alguns países que têm emissões baixas podem até aumentá-las.

Os países que mais emitem dióxido de carbono na atmosfera (porcentagem do total emitido no mundo):

Estados Unidos 36,1%

Rússia 17,4%

Japão 8,5%

Alemanha 7,4%

Reino Unido 4,3%

Canadá 3,3%

Itália 3,1%

Polônia 3,0%

França 2,7%

Austrália 2,1%

Espanha 1,9%

Países Baixos 1,2%

República Checa 1,2%

Romênia 1,2%

Pmm