CULTURA

Convite ao Cinema apresenta “O Ódio é Cego” neste sábado (27)

Convite ao Cinema apresenta “O Ódio é Cego” neste sábado (27)
Obra será exibida no auditório Hélio Moreira
O projeto da Secretaria de Cultura, Convite ao Cinema, apresenta neste sábado (27), às 20 horas, o filme “O Ódio é Cego”, do diretor Joseph L. Mankiewcz, no auditório Hélio Moreira. A entrada é gratuita e os participantes devem chegar 15 minutos antes da exibição. A classificação é de 14 anos. Após a apresentação o coordenador do projeto, Paulo Campagnolo, abre um debate sobre a obra.

Confira o texto de Campagnolo sobre o filme:

No mesmo ano em que lançou um dos maiores clássicos de todos os tempos, “A Malvada”, que lhe rendeu seis Oscar, Joseph L. Mankiewicz (1909-1993) também levou às telas esse “O Ódio É Cego” (ou, no original, “No Way Out” - sem saída), um dos filmes mais negligenciados da história do cinema americano. Perturbador e muito complexo, ao ponto de não haver quase nenhuma concessão às plateias da época (e de hoje, vocês verão), “O Ódio é Cego” marca a estreia no cinema do então jovem Sidney Poitier (hoje com 88 anos, o primeiro negro a ganhar um Oscar como ator principal, em 1964, pelo filme “Uma Voz nas Sombras”). Ele interpreta o jovem Dr. Luther Brooks, um médico residente de um hospital prisional, muito elogiado pelos companheiros de trabalho e pelo chefe dos residentes, o Dr. Dan Wharton (Stephen McNally). Luther já cumpriu sua residência, mas deseja ficar mais um ano para adquirir mais experiência. Num dia, dois criminosos chegam baleados no hospital - Johnny e Ray Biddle. Quando Luther chega para atendê-los, Ray (um Richard Widmark simplesmente fantástico) logo replica, de forma violenta: “eu quero um médico de verdade, e não esse negro”. A partir disso, e com a morte de Johnny depois de um procedimento de Luther, o espectador entrará numa seara pouquíssimo confortável: uma denúncia veemente do racismo, como nenhum filme americano da sua fase áurea foi capaz de fazer. Um filme, aliás, tão contundente, que hoje seria quase impossível de ser realizado, tamanha a paranoia (asquerosa, em minha opinião) do que convencionou-se chamar de “politicamente correto”. E esse é um “lugar” onde a tolerância realmente pode se tornar um hábito pernicioso. Polêmico e poderoso, “O Ódio é Cego” teve uma carreira fraturada nos cinemas americanos - chegando mesmo a ser retirado de cartaz nos Estados do Sul. Naquele momento, a luta pelos direitos civis estava apenas começando nos Estados Unidos, e o medo era de que o filme suscitasse uma revolta dos negros, principalmente por conta de uma sequência (absolutamente brilhante), quando a comunidade negra, sabendo que será atacada pelos brancos (como retaliação ao suposto “assassinato” do irmão de Ray, cometido por Luther), adianta-se e provoca um levante de proporções trágicas. Como é de esperar de Mankiewicz, que sempre primou por diálogos inteligentes, o “texto” do filme é primoroso e, como já disse, de extrema complexidade. Poitier entrega um personagem emblemático, muito distante do retrato vitimizado que até então pintavam dos negros. Na fotografia, um inspirado Milton Krasner (dos maravilhosos “Punhos de Campeão”, “Almas Perversas” e “A Malvada”) cria contrastes incríveis de luz e sombra, que coloca o filme a um passo do drama noir. E prestem atenção no desempenho emocionante de Linda Darnell (de “Sangue e Areia” e “Quem é o Infiel?”), como a cunhada de Ray Biddle. No mais, “O Ódio é Cego” é um filme chocante sobre algo aterrador: esse lugar escuro dentro de muitos “humanos” que, ao vir à tona, torna a nossa raça tão perversa e tão desprezível dentro da não esperança.

Projeto

O Convite ao Cinema tem como objetivo a formação de plateia para obras cinematográficas importantes, clássicas e contemporâneas, e que possam suscitar discussões não apenas sobre o cinema, mas sobre assuntos pertinentes da atualidade.

Dia 27/02 -Sábado

Filme: “O ÓDIO É CEGO”
(No Way Out) EUA/1950 - 106min.

Direção: Joseph L. Mankiewcz

Elenco: Richard Widmark, Sidney Poitier, Linda Darnell e

Local: Auditório Hélio Moreira

Endereço: Av. XV de Novembro, 701 (anexo à Prefeitura)

Horário: 20 horas

Realização: Secretaria de Cultura de Maringá

Apoio: Jornal O Diário e Maringá.Com

Classificação 14 anos

ENTRADA FRANCA