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Pesquisadores da UEM tem artigo publicado na Revista Science

Pesquisadores da UEM tem artigo publicado na Revista Science
Construção de hidrelétricas ameaça três bacias hidrográficas
Um grupo de cientistas do Brasil, EUA, Alemanha, Canadá e Camboja publicaram um artigo na Revista Science no qual apontam que a construção de usinas hidrelétricas está colocando sob ameaça três bacias hidrográficas que são as mais ricas em biodiversidade em todo o mundo. O estudo, que teve a participação de pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá, entre eles o professor Ângelo Antonio Agostinho, mostra o impacto das barragens construídas nas bacias hidrográficas da Amazônia, do Congo (África) e de Mekong (no sudeste asiático).

Demonstrando preocupação com a ocupação sem planejamento dessas áreas, o trabalho defende que a construção de hidroelétricas se dê a partir de estudos científicos que levantem o impacto da obra na biodiversidade. Agostinho, que é pesquisador do Nupélia (Núcleo de Pesquisas em Limnologia Ictiologia e Aquicultura), diz que a comunidade científica vem chamando a atenção dos órgãos ambientais nesse sentido, visando a preservação de espécies. “Nosso objetivo básico é que a ocupação das bacias seja feita de maneira planejada, levando em consideração que alguns trechos devem ficar livres de barragens”, diz o pesquisador da UEM.

Em entrevista à Folha de São Paulo, Kirk Winemiller, líder do estudo e especialista em vida selvagem e peixes da Universidade do Texas, salientou que “as espécies de peixes não estão uniformemente distribuídas ao longo destas bacias. Muitas sub-bacias e afluentes têm espécies únicas que não são encontradas em nenhum outro lugar”, explica

Winemiller diz, ainda em entrevista à Folha, que um exemplo disso, está aqui no Brasil, no rio Xingu, afluente do Amazonas. “Há dezenas de espécies de peixes que só existem ali”, diz o pesquisador.

O problema é que boa parte dos peixes migra conforme a vazante dos rios. Com as barragens, eles podem ficar pelo caminho. E pelo menos 450 barragens ainda devem ser construídas nas usinas dessas três bacias, segundo aponta o estudo.

Ângelo Agostinho explica que Winemiller tem um projeto em conjunto com pesquisadores da UEM, além de ser professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA). A partir dessa experiência, nasceu a proposta de produzir o trabalho publicado na “Science”, segundo informou Agostinho.

Para o pesquisador da UEM, o impacto da publicação vem ganhando grandes proporções, o que deve contribuir para chamar a atenção das autoridades locais sobre o problema. No Brasil, o foco é sobre a construção da usina Belo Monte, que está sendo erguida em Altamira, no Pará.

De acordo com o trabalho da “Science”, Belo Monte pode estabelecer um recorde mundial de perda de biodiversidade. Isso porque há um número excepcional de espécies que só vive ali.

O trabalho também leva a assinatura de dois outros pesquisadores do Nupélia: Luiz Carlos Gomes e Carla Pavanelli e do ex-aluno do PEA, Fernando Pelicice.