CULTURA

Filme “Céline” será exibido neste sábado (26), no Auditório Hélio Moreira.

Filme “Céline” será exibido neste sábado (26), no Auditório Hélio Moreira.
Classificação de 18 anos e a entrada é franca

O projeto Um Outro Olhar exibe neste sábado (26), às 20 horas, o filme “Céline”, no Auditório Hélio Moreira (anexo Paço Municipal). A entrada é franca e a classificação de 18 anos. Produzido na frança em 1992, a direção é de Jean-Claude Brisseau.

Criado em 2000, o projeto Um Outro Olhar tem a proposta da exibição de filmes clássicos, alternativos e contemporâneos de arte para a reflexão acerca de inúmeras questões que fazem parte da condição humana. O projeto conta com o apoio da Secretaria de Cultura, Jornal O Diário, Maringá.com, Art Vídeo e patrocínio da Sociedade Médica e da Cocamar.

O coordenador do projeto Um Outro Olhar, Paulo Campagnolo, comenta a obra. “Vamos e convenhamos: a França, que já foi o ′palco′ para a revelação de grandes diretores do cinema hoje vive, se pensarmos bem, quase que só de seu passado fulgurante. Não tanto como a Itália, onde as coisas não vão muito bem há pelo menos três décadas, mas o negócio por lá (na França) está mesmo no ritmo de ′negócio′. São poucos os diretores que, em conluio com a sinceridade artística, podem se destacar. Lembremos, no entanto, de Nicolas Klotz (do poderoso ′A Questão Humana′), de Bertrand Bonello (′l’Apollonide′), o ′enfant terrible′ Leos Carax (de belezas como ′Sangue Ruim′ e o recente e fulminante ′Holy Motors′), de Alain Guiraudie (do polêmico e surpreendente ′Um Estranho no Lago′), Agnès Varda que, mesmo sendo da velha guarda, é capaz de maravilhas como ′As Praias de Agnès′, Olivier Assayas (vindo da crítica e diretor de ′Depois de Maio′) e Bruno Dumont (dos fortíssimos ′A Humanidade′ e ′Flandres′) - todos já exibidos pelo Projeto. E, é claro, o nosso queridíssimo Jean-Luc Godard, que continua vivíssimo aos 83 anos, e que foi lindamente aplaudido em Cannes este ano pelo seu 3D ′Adie au Langage′, além de alguns outros que agora a memória e a pressa não me deixam lembrar. Ah, sim! e Jean-Claude Brisseau. Dele, o Projeto exibiu no ano passado seu último trabalho, ′A Garota de Lugar Nenhum′ - certamente, um dos grandes filmes de 2013. Agora vamos ver ′Céline′, que muitos consideram sua obra-prima. É um desses trabalhos que nos fazem sentir meio ′bestas′, tamanha é a delicadeza, a fulguração de imagens ′plenas′ de cinema, a verdade que se desprende dessas imagens, a beleza conquistada através, e unicamente possível, de uma arte capaz de descongelar os corações mais empedernidos. Céline é Isabelle Pasco (a bela de ′Roselyne e os Leões′, de Jean Jacques Beineix, de 1989), uma garota cujo pai, um publicitário famoso, acaba de morrer em seus braços, não sem antes lhe revelar que ela não é sua filha. Para piorar, o noivo, com quem está prestes a se casar, depois de saber que ela não será a herdeira do império do pai, decide romper a relação. Prostrada diante do portão de uma escola, num dia de chuva, Céline é ′salva′ por Geneviève (Lisa Heredia), uma enfermeira que a leva para casa e cuida dela, inclusive salvando-a de uma tentativa de suicídio. Contratada, depois, pela mãe de Céline para cuidar da filha, Geneviève lhe ensina algumas ′posturas′ de yoga - que foi tão importante para ela em momentos difíceis. A enfermeira, então, passa a viver na enorme casa de Céline e atende seus pacientes por lá, com a garota lhe ajudando. Aos poucos, Céline começa a demonstrar uma intensa predileção pelo silêncio e concentração, nos seus “exercícios” de yoga. E o que virá, depois... bem, melhor não revelar aqui. Mesmo porque é de uma beleza dessas que nem mesmo as palavras seriam capazes de traduzir. Brisseau, um digno ′apóstolo′ de Bresson e autor de obras polêmicas como ′Coisas Secretas′ (que o levou à cadeia) e ′Anjos Exterminadores′, constrói seu filme com a ′carne′ mais saborosa do cinema: imagens estonteantes e um sentido de transcendência tão singular e inesperado, que o espectador ficará de queixo caído com a ′tranquilidade′ das fulgurações espirituais que ′rondam′ o filme de maneira indelével. E o mais bonito, talvez, é que ′Céline′ não seja um filme sobre Céline, mas sim sobre Geneviève (a ótima Lisa Heredia, também conhecida como Maria Luisa Garcia - e que assina, neste filme, também a montagem). E se é sobre ela, então, quem sabe, será sobre nós. Um filme, este ′Céline′, de encher os olhos. Inédito comercialmente no Brasil.”