O Centro de Referência Especializado para População em situação de rua - Centro POP de Maringá, gerenciado pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Sasc), vai promover o reencontro do morador de rua Alberto Alves, de 49 anos, com a família no Rio de Janeiro. Depois de passar 17 anos desaparecido, o aposentado por problemas psiquiátricos, vai voltar para casa nos próximos dias. A família de Alberto, que tem oito irmãos, foi encontrada graças a um trabalho conjunto com a Secretaria de Saúde de São Gonçalo. A notícia foi divulgada na semana passada pelo jornal “O São Gonçalo”, que entrevistou os familiares do aposentado, profissionais que cuidaram dele em Maringá e profissionais de São Gonçalo que ajudaram a encontrar a família do morador de rua. O diretor de Proteção Especial do Centro Pop, Adauto Cesário da Silveira, contou que em 12 anos de trabalho este é o quarto caso de pessoa desaparecida encontrada pela equipe dele e devolvida à família. “Nossa equipe acompanhou a rotina do Alberto nas ruas e percebeu que se tratava de uma pessoa com problemas psiquiátricos, por isso ele foi levado para tratamento e conseguimos encontrar a família dele com ajuda de todos. Estamos providenciando a passagem de volta para São Gonçalo e nos próximos dias ele vai estar ao lado da família”. Segundo a psicóloga do Centro Pop, Jaqueline Meleiro, a saga em busca da família de Alberto durou mais de um ano, pois para ter alta hospitalar era necessário encontrar um local que o acolhesse.
“Trabalhamos muito até conseguirmos identificá-lo. Ele não conseguia responder de onde veio e nem tinha lembranças e referências familiares. Aos poucos ele foi falando o nome, a data de nascimento, o nome dos pais e depois começou a dizer que tinha nascido em São Gonçalo. Foi aí que procuramos a Secretaria de Saúde”, explicou. O Centro Pop resolveu providenciar um registro de nascimento tardio para solicitar ao INSS o Benefício de Prestação Continuada para pessoa com transtorno mental e utilizar o benefício para pagar uma instituição capaz de oferecer cuidados adequados para ele. Com o benefício, ele pôde ser internado no Hospital Psiquiátrico e receber tratamento. Na primeira audiência no Ministério Público, o juiz apresentou nome, CPF, data de nascimento e o nome da rua onde a família morava. A família foi encontrada em São Gonçalo pela assistente social Cristiane Lima e pela agente comunitária de Saúde (ACS) Rosângela Santos, que mora no local há 45 anos e trabalha no Posto de Saúde do bairro. “Passei mal, fiquei muito emocionada. Minha mãe procurou muito por ele em todo Estado do Rio. Achávamos que ele tinha morrido, mas minha mãe, que faleceu há cinco anos, morreu dizendo que ele estava vivo e está. Tudo acontece na hora que Deus quer. Vamos cuidar dele, é nosso sangue, faz parte da nossa família”, contou emocionada a irmã caçula, Elisama Alves. Alberto, também conhecido como Betinho, saiu da residência em 1997 para receber o salário de aposentado, com os documentos e a roupa do corpo, mas nunca mais voltou. Anos antes, ele havia sido atropelado e, após o acidente, passou a apresentar sintomas de esquizofrenia. Não se sabe quando e como ele chegou a Maringá, mas foi acolhido, em março de 2013, pelo Centro Pop e encaminhado para tratamento no Hospital Psiquiátrico.