Profissionais de saúde palestrantes do 1º Seminário de Promoção da Saúde, Prevenção e Controle do Tabagismo de Maringá, realizado nesta terça e quarta-feira, convocaram a sociedade a fechar o cerco contra o fumo no Brasil. “Somos o país mais evoluído no controle do tabagismo no mundo, exemplo para outras nações, mas temos muito que avançar”, afirmou a chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Tânia Maria Cavalcante.Segundo Tânia, a prevalência do Brasil está entre as mais baixas do mundo e continua caindo, graças ao trabalho realizado pelos organismos de saúde, entidades e o voluntariado. Ela compara que há 20 anos, 35% da população era fumante, enquanto hoje 15% dos brasileiros fumam.Neste período, o número de mortes por doenças pulmonares relacionadas ao tabaco também caiu significativamente, e está estabilizada. Mesmo assim, alerta Tânia, ainda são 27 milhões de fumantes e o trabalho de sensibilização deve ser constante. “Adotamos medidas exemplares para outros países, e precisamos nos manter na frente”, afirmou a diretora do Inca, ressaltando a importância do envolvimento de toda sociedade.Para Tânia Cavalcante, o resultado aparece quando existem ações integradas contra o tabagismo. “A propaganda foi reduzida, os alertas contra os males do cigarro são mais evidentes, o trabalho com estudantes está maior, combatemos o mercado ilegal, os preços estão mais elevados e oferecemos opção de tratamento para quem deseja largar o vício”, enumera.Ela acredita ser possível avançar mesmo nestes pontos. Primeiro subindo ainda mais o preço do cigarro, dificultando o acesso do consumidor ao produto e banindo a publicidade.“Entre outras medidas”, adianta.Anestésico local
O chefe de controle de produtos de tabaco da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), André Oliveira, revela a necessidade de combater a tecnologia da indústria do fumo. “Hoje a maior preocupação é a engenharia do produto, a tecnologia agregada”, adianta. Ele cita o caso dos cigarros de mentol, que é um anestésico local, ou dos cigarros femininos, que levam mais açúcar e são mais suaves. “Mas são produtos nocivos como todos os demais”.André Oliveira lembra que o cigarro leva até 400 aditivos, que são basicamente produtos de consumo, mas não existem estudos públicos apontando os efeitos no caso desses produtos serem inalados na fumaça. “Vamos mudar essa situação”, avisa ao revelar a montagem do sexto laboratório público do mundo na análise dos produtos fumígeros.Hoje, segundo o chefe do setor da Anvisa, as indústrias conhecem muito bem a realidade dos derivados do tabaco.Com o laboratório, o poder público terá condições de analisar cada produto derivado do tabaco e descobrir com precisão os efeitos no corpo humano. “Será um passo importante na luta contra o tabaco e colocará o Brasil ainda mais na liderança da regulação dos produtos da indústria do fumo”, diz.O seminário reuniu em Maringá centenas de profissionais e acadêmicos de saúde de toda a região de Maringá.Além do combate ao tabagismo, foram abordados a cultura do fumo no Paraná, o tratamento dos usuários pelo sistema público de saúde, o comércio ilegal do tabaco e a Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis e os ambientes livres de tabaco.O 1º Seminário de Promoção da Saúde, Prevenção e Controle do Tabagismo de Maringá prossegue nesta quarta-feira no Teatro Calil Haddad, com palestras e apresentações de trabalhos. O evento é uma realização da Secretaria de Saúde, UEM, Lions Maringá Universitário Integração e Rede Paranaense para Controle do Tabagismo entre Mulheres, com apoio do programa Maringá Saudável e Instituto Brasileiro para Saúde Preventiva.