Lideranças da comunidade nipo-brasileira de Maringá, funcionários municipais, profissionais da imprensa e representantes de empresas parceiras do maior parque tipicamente japonês construído fora do Japão acompanharam na tarde desta quarta-feira (17) a chegada dos primeiros habitantes permanentes do Parque do Japão.O parque teve parte de seu complexo turístico, cultural e esportivo inaugurado no dia 22 junho deste ano por Sua Alteza Imperial, o príncipe Naruhito Kotaishi Denka.O evento – que também chamou a atenção de crianças moradoras nos jardins Itaipu e Industrial, próximos ao parque – foi o descarregamento de 50 carpas coloridas, da espécie nishikigoi, vindas da cidade de São Paulo.Na capital paulista elas eram criadas no lago do jardim da sede do Banco Santander Brasil, que as herdou do Banco Real ao adquirir o Banco Sudameris e do antigo Banco América do Sul.Alguns dos exemplares têm cerca de 22 anos e 65 cm de comprimento.De acordo com a direção do Banco Santander, “a instituição decidiu doar as carpas ao Parque do Japão de Maringá pelo valor simbólico que elas representam para a comunidade nipônica e também por sua importância na história dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil”.Para serem transportadas de São Paulo até Maringá as carpas foram acondicionadas em invólucros plásticos oxigenados e tratadas com ração especial de conteúdo nutricional acima de 30 proteínas.“Maringá recebe um prêmio, especialmente pela simbologia que essas carpas significam para a cultura japonesa e pelo reforço que elas representam ao laço de amizade existente entre Maringá e o Japão”, enfatizou o secretário extraordinário das comemorações do Imin 100 em Maringá, Shudo Yasunaga.De acordo com o biólogo paulista Hissachi Kurashima – que há 28 anos realiza a procriação dessa variedade de peixes – Maringá tem as condições ideais para sua continuidade.“Aqui existem exemplares premiados que, na cultura japonesa, representam longevidade, espírito de luta e harmonia”, explicou.NishikigoiSegundo informações no site www.culturajaponesa.com.br a carpa colorida nishikigoi surgiu nas vilas de Yamakoshi, no interior da província de Niigata, região bem distante do mar e com o agravante de ficar isolada pela neve durante metade do ano.Assim, como a aquisição de peixes marítimos, principal fonte de proteína dos japoneses, ficava impossibilitada, em 1781 foi iniciada a criação de carpas na região. Porém, a criação de peixes era dificultada pela neve, obrigando a criação dentro de casa.
Como a região ficava isolada, o assunto entre os moradores acabava sendo sempre as carpas de sua criação. Por obra do acaso e da mutação genética, certo dia, dessas carpas surgiram o Higoi (carpa vermelha), o Asagui (azul e vermelha) e Bekko (branca e preta), que deram origem aos atuais nishikigois.Hoje existem 13 variedades oficiais de nishikigoi e podem ser encontrados exemplares nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Ásia e América do Sul, incluindo o Brasil.A Associação Brasileira de Nishikigoi realiza, anualmente, no mês de maio, a sua exposição no Parque da Água Branca em São Paulo. Com cerca de 3 metros quadrados é possível criar e admirar a beleza das carpas coloridas. Várias pessoas criam o nishikigoi numa caixa d’água de 500 litros, mas é imprescindível que esses tanques tenham um sistema de circulação e filtração de água. A melhor água, por incrível que pareça, é a água encanada, por apresentar melhor nível de pH (acidez), mas como ela contém cloro, que é nocivo aos peixes, é necessário deixá-la descansar por pelo menos dois dias, antes de colocar as carpas.A vida média desses peixes é de 70 anos, mas existem exemplares que ultrapassaram a casa dos 200 anos. Registros históricos mostram que já houve nishikigoi com 1,53 metros e 45 kg.No Brasil, quando criado em grandes lagos, em um ano pode alcançar 30 cm de comprimento. Em três anos pode ultrapassar os 60 cm.Como esses peixes sofrem grande mutação durante o seu crescimento, é possível que daquele alevino que custa muito pouco, surja um grande campeão que pode alcançar milhões de dólares.Segundo o gerente geral do Banco Santander/Real, em Maringá, Cláudio Américo, o grupo mantém uma grande ligação com a colônia japonesa desde a aquisição do antigo Banco América do Sul. “Por isso decidiu-se pela doação desses peixes como forma de preservar a amizade e confraternização com entidades nipônicas. E Maringá e o seu Parque do Japão não poderiam ficar de fora”, concluiu o gerente.