Lideranças empresariais e comunitárias de Maringá decidiram nesta quarta-feira (10), criar uma comissão para solucionar o impasse sobre a destinação do lixo urbano. A proposta partiu do presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM), Adilson Santos, durante reunião convocada pelo prefeito Silvio Barros com a comunidade na busca de uma solução para a proibição da destinação do lixo da cidade no aterro controlado.No dia 28 de novembro o juiz Airton Vargas da Silva acatou pedido do Ministério Público, proibindo o depósito do lixo coletado em Maringá no aterro controlado.O município está recorrendo da decisão, mas diante do risco de não ter para onde destinar o lixo, o prefeito convocou a comunidade para debater o problema.Além do presidente da ACIM, participaram da reunião o promotor de Meio Ambiente, Ilecir Heckert, o presidente do Codem, Wilson Mattos, o diretor regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Paulino Mexia, o presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, Cesar Moreno e o conselheiro da OAB Paraná, Dirceu Galdino, além de vereadores, empresários e populares.O presidente da OAB local, Cesar Moreno, explicou que a Ordem tem poder legal de ingressar com processo de defesa do interesse da sociedade, o que será debatido na comissão. “Como existe o risco do serviço essencial ser interrompido, podemos pedir a impossibilidade de execução da sentença”, disse Moreno. Todas as lideranças se comprometeram a integrar a comissão e buscar uma alternativa para o impasse.O prefeito Silvio Barros abriu a reunião lembrando da ação movida pelo Ministério Público do Meio Ambiente contra o município por conta da destinação final do lixo. A ação, recordou o prefeito, começou há cerca de 10 anos, e gerou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público e o IAP. O município vinha protelando uma solução para o problema.Quando assumiu, em 2005, Silvio Barros foi acionado pelo judiciário no primeiro mês de mandato para solucionar o problema. O prefeito lembrou que como engenheiro sanitarista fez questão de se comprometer a buscar a melhor solução. “E é isso que estamos fazendo”, afirmou narrando todas as medidas adotadas desde então.De forma emergencial o antigo lixão foi transformado em um aterro controlado.Os mais de 100 catadores de recicláveis foram removidos para cooperativas, a área foi isolada, o lixo hospitalar, os dejetos de fossas e de postos de combustíveis deixaram de ser depositados no local, assim como o material contaminante, o chorume passou a ser represado com segurança e junto com municípios da região a Prefeitura buscou uma alternativa para o problema.Neste período, continuou Silvio Barros, 17 tecnologias foram analisadas para tratar o lixo. A melhor opção, de acordo com o prefeito, seria a de 'plasma', inviável economicamente. “Optamos em avaliar a tecnologia Biopuster, que tem resultados positivos na Europa”. O município apenas preparou a área, e os detentores da tecnologia instalaram todos os equipamentos e realizaram uma avaliação autorizada pelo IAP e pela Câmara de vereadores.O prefeito deixa claro que o município não pagou nada para a avaliação da Biopuster, tecnologia que atende as exigências das leis ambientais. “O sistema promove a reciclagem de materiais, produz composto orgânico, trata os gases nocivos ao meio ambiente e descontamina o resíduo, além de tratar o passivo ambiental”, explicou Silvio Barros.
O material resultante do tratamento foi avaliado pela Universidade Estadual de Maringá e pelo Instituto Tecnológico Tecpar, e aprovado pelo IAP.“Estamos propondo solucionar a questão do lixo sem gerar mais impacto, além de recuperar um passivo ambiental com mais de 30 anos e pelo menos um milhão de metros cúbicos de lixo de todo tipo”, lembrou.Silvio Barros colocou ainda que o município está agindo para solucionar o problema. Diante dos resultados, a Prefeitura consultou o Tribunal de Contas do Estado, que permitiu a abertura de licitação para a contratação de empresa que administre o aterro, trate o lixo e recupere o passivo ambiental.O processo de licitação começou no início de novembro, com a divulgação da minuto do edital de concessão no site da Prefeitura. No último dia 3 de dezembro uma audiência pública debateu o processo, e nos próximos dias o edital será publicado para dar andamento à licitação.“Buscamos a melhor solução, mas se não tivermos alternativa paralisamos a coleta de lixo da cidade”, afirmou Silvio Barros.BOXPromotor reconhece avanço na questão do lixo O promotor de Meio Ambiente de Maringá, Ilecir Heckert, reconheceu durante a reunião que existe avanço nas condições do local do aterro controlado. “Promotoria vê avanço no local, mas não é a promotoria que sabe o que é ou não devido”, anunciou ao explicar a decisão dentro do processo.O prefeito Silvio Barros ressaltou existir uma grande convergência entre Ministério Público, Judiciário e Prefeitura de Maringá na questão. “Todos querem preservar o meio ambiente e garantir um município sustentável e com qualidade de vida”, afirmou.Silvio Barros lembrou que a realidade é que a solução demanda tempo.Ele ressaltou que a área do aterro recebe lixo há mais de 30 anos, e deixar o local sem recuperação é um risco para as próximas gerações. Além disso, disse que a busca é por uma solução que evite o impacto de outra área.O município, segundo o prefeito, consultou o IAP em 2002 para licenciar outro local para um aterro sanitário, inclusive apresentando as áreas, mas não conseguiu a licença. “Agora também buscamos uma alternativa para essa situação de emergência, mas não temos um aterro no raio de 100 quilômetros de Maringá para destinarmos nosso lixo”, alertou.O gerente regional do IAP, Paulino Mexia, alertou que a situação é realmente grave, porque se o município paralisar a coleta, pode ser multada diariamente. Ele confirmou também que o IAP não licenciou as áreas apontadas pela administração passada, porque causariam grande impacto ambiental, e que se um pedido de licenciamento for feito agora, pode demorar um ano e meio para ser concluído.Para o prefeito Silvio Barros, a solução é adotar uma tecnologia que permita ao mesmo tempo tratar o lixo e recuperar o passivo ambiental, como está proposto. “Vai sair até mais barato que simplesmente mandarmos nosso lixo para outro local”, disse. O prefeito justificou também a crianção da taxa de tratamento do lixo, que não tem relação com a taxa de coleta, já existente, e que precisa ser criada para atender o que manda o TAC firmado com o IAP e o Ministério Público.