GERAL

Penitenciária de segurança máxima sofre primeira fuga

Quinze detentos de alta periculosidade escaparam, entre a noite de domingo e a madrugada de ontem, da Penitenciária Estadual de Maringá (PEM), localizada na Gleba Ribeirão Colombo, limite com o município de Paiçandu. Foi a primeira fuga da unidade desde a sua inauguração, em abril de 1996.

A fuga foi percebida por volta das 6h30 de ontem, momento em que uma equipe de funcionários iniciava a entrega do café aos internos. Os funcionários depararam com grades da porta de acesso à Galeria 7 serradas e duas teresas (cordas feitas com lençóis trançados) presas nos muros da ala oeste.

Apesar do alerta e das buscas realizadas nas matas e áreas de plantio atrás da unidade, nenhum detento foi encontrado. A hipótese de os fugitivos terem recebido ajuda externa não foi descartada.

A fuga surpreendeu a direção e funcionários do presídio, classificado de segurança máxima pelo Departamento Penitenciário (Depen-PR) . De acordo com o diretor da PEM, coronel Antonio Tadeu Rodrigues, a fuga ocorreu na Galeria 7, um setor de observação criminológica destinado a detentos recém-chegados na unidade prisional.

Parafusos soltos

Uma perícia inicial detectou que um preso conseguiu deixar a cela através de uma estreita portinhola por onde são repassados os alimentos. Utilizando uma chave de boca de tamanho reduzido, o preso soltou os parafusos das portas de quatro celas, libertando outros 14 colegas. Em seguida, o grupo serrou as grades da porta principal da galeria e alcançou o pátio de sol.

Com uso de uma teresa, eles escalaram o muro de cinco metros de altura e alcançaram a área destinada para cultivo de mudas. Com outra teresa, eles escalaram outro muro de sete metros de altura, que circunda o presídio, e alcançaram a liberdade.

Visivelmente abalado, o diretor da penitenciária não titubeou em afirmar que a fuga aconteceu porque alguns procedimentos de segurança não foram observados por parte dos funcionários. "Posso afirmar, sem sombra de dúvida, de que houve falha humana", disse o coronel Antonio Tadeu Rodrigues, acrescentando ter determinado a instauração de uma sindicância interna para apurar responsabilidades. A hipótese de facilitação também não foi descartada.

Vigilância

No momento da fuga, o presídio era vigiado por 12 agentes penitenciários e dois policiais militares. A reportagem apurou que um agente penitenciário era responsável pela guarda da Galeria 7. Caberia a ele permanecer de prontidão na parte externa da galeria observando as celas e o corredor durante todo turno, que é de 12 horas.

Aos policiais militares, caberia a vigilância constante dos cerca de 800 metros de muros que circundam o presídio. Não chovia no momento da fuga, o que facilitava o trabalho e a visão.

A penitenciária conta, ainda, com sistema de monitoramento por câmeras, instaladas em pontos chaves para detectar toda e qualquer movimentação de presos nos corredores e pátios externos.

A direção da penitenciária confirmou que a última contagem de presos foi feita por volta das 22 horas de domingo e nada de anormal foi observado. Suspeita-se que os presos tenham demorado entre uma e duas horas para soltar as portas, serrar as grades e ter acesso ao último muro.

Ainda de acordo com o diretor do presídio, a serra e a chave de boca tiveram os tamanhos reduzidos, de forma a facilitar a introdução dentro do corpo de um(a) vistante. Mesmo em caso de suspeita, o toque em órgãos genitais de visitantes é proibido por lei.

ACIM