COMÉRCIO

Produtos chineses dominam o comércio

Até três anos atrás, produto chinês era considerado coisa de camelô. Hoje, porém, eles invadiram as lojas de eletroeletrônicos, brinquedos, calçados e até de têxteis. Nos últimos dois anos, Maringá manteve a média de 45 milhões de dólares de importação de produtos da China, número quatro vezes maior do que a importação dos Estados. Mas, os números estão longe da realidade, pois a maioria dos produtos made in China chega contrabandeado ao Brasil, via Paraguai.

Boa parte dos produtos chineses nas casas é de eletroeletrônicos de pequeno porte, como liquidificadores, batedeiras, ventiladores, aparelhos de rádio com CD, DVD, telefones e os aparelhos portáteis, como discman, MP3 e máquinas fotográficas digitais. Mas eles podem ser menos visíveis, como cabos elétricos, fiação para internet e até acessórios para veículos.

Eles estão conquistando o mercado principalmente pelo baixo preço: qualquer produto chinês chega a custar pelo menos 30% menos que o similar nacional no comércio estabelecido, mas a diferença pode ser bem maior se o produto for contrabandeado do Paraguai. Nesse caso, preço menor pode significar também qualidade inferior. “Nossos vendedores são instruídos a sempre explicar ao cliente que o produto chinês não tem qualidade comparável com a do nacional, que não podemos dar garantia e muitas vezes, não podemos fazer a troca, no caso de defeito”, explicou o comerciante Ademir Almeida dos Santos, da GLP, que trabalha com componentes eletrônicos e som automotivo no atacado e varejo.

“Muitas pessoas perguntam antes qual a origem do aparelho”, diz Rafael Ortega, da Eletrônica Lipe. Segundo ele, muitos preferem o chinês por causa do preço baixo, mas “outros não querem nem saber de coisa da China, preferem pagar mais pelo nacional e saber que têm um produto confiável, com garantia e peças de reposição.”

De acordo com a comerciante Vanda de Brito, proprietária de uma loja na Avenida Brasil, os produtos chineses mais comercializados em seu estabelecimento são os brinquedos, que custam cerca de 40% mais baratos do que os similares fabricados no Brasil. “Quando se trata de objetos que precisam ter uma durabilidade maior, o cliente prefere pagar um pouco mais e exigir qualidade. Então leva um nacional, mas no caso dos brinquedos, os chineses são os preferidos, pois de qualquer origem eles não agüentam muito tempo mesmo”, brinca.

Competição com os dias contados

Essa vantagem competitiva dos produtos chineses no Brasil não vai perdurar para sempre, garante o economista Neio Lúcio Peres Gualda, do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Para ele, a vantagem que a China leva é baseada na mão de obra barata, que deve se esgotar devido ao emprego de novas tecnologias em outros pontos do mundo.

Gualda vêm como vantagem o fato de a indústria brasileira procurar manter a qualidade de seus produtos, não entrando no jogo da concorrência, desprezando a qualidade para baixar preços.

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), Carlos Tavares, teme que a situação não seja bem essa. Para ele, os chineses já entenderam que perderão a disputa se não melhorar a qualidade de seus produtos e acabar com a fama, no âmbito mundial, de país que explora o trabalhador. "Alguns números já deviam ter migrado, mas não aconteceu porque a China começa a produzir produtos com melhor qualidade, design moderno, de modo que essa situação pode perdurar mais tempo."

Ele avalia que a presença maciça dos produtos fabricados na China não afetam o comércio e sim a indústria, podendo provocar desempregos nos centros industriais.

ACIM