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Empresário maringaense morre com suspeita de febre amarela

A morte do empresário Almir Rodrigues da Cunha, de 47 anos, em Maringá (Noroeste), no fim da tarde da última terça-feira (8), está sendo tratada pela Secretaria Municipal de Saúde como suspeita de febre amarela. É o primeiro caso de suspeita da doença no Paraná depois que outras três pessoas - em Goiás e em Brasília - morreram com sintomas de febre amarela.

Perfil

Almir Rodrigues da Cunha era natural de Aloândia, em Goiás, e chegou em Maringá em 1998 - transferido pelo Banco Bradesco. Ele foi gerente do Bradesco e do banco Santander e trabalhou ainda na sede do Sistema Cooperativo do Brasil (Sicoob-PR) de Marialva e Maringá.

Cunha era sócio de factoring em Maringá. Ele era casado e tinha duas filhas. O corpo dele foi velado na madrugada desta quarta-feira em Maringá e levado num avião particular para Caldas Novas, onde foi enterrado.

A diretora de assistência da secretaria da Saúde de Maringá, Rosemeire Munarin, explicou que o sangue do empresário foi coletado e já foi encaminhado para o Laboratório Central do Estado (Lacen), em Curitiba. "Somente após a sorologia será possível afirmar se é um caso de febre amarela ou não", diz. O resultado deve sair no máximo em 20 dias. A Secretaria Estadual de Saúde informou em nota, que trata o caso, inicialmente como leptospirose, mas que não descarta febre amarela e que só os exames poderão confirmar.

Rosemeire contou que o empresário viajou para a cidade de Caldas Novas, no estado de Goiás, no dia 20 de dezembro do ano passado para passar as festas de fim de ano. Cunha retornou à Maringá no dia 01 de janeiro e cinco dias depois (dia 6) foi internado às pressas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Rita, em Maringá.

O quadro apresentado pelo empresário era febre alta, que chegou até 39ºC - sintoma da doença febre amarela. Mas o empresário suspeitava de uma virose simples. "A mulher dele, dias antes, estava com uma virose e o Almir até brincou dizendo que a esposa tinha lhe passado o vírus", relembrou o oficial de Justiça João Batista de Souza, amigo e vizinho do empresário.

Um dia antes da morte, Souza teve a última conversa com o amigo. "Ele se mostrava confiante na recuperação. Disse que no dia seguinte sairia do hospital. Mas a aparência dele não estava normal. Ele estava amarelado", disse. O tom amarelado da pele, explica o médico José Ramos Martins, é icterícia (que indica problemas hepáticos, no fígado), um dos sintomas da febre amarela. Martins, que é coordenador das UTI's do Hospital Santa Rita, prestou atendimento ao empresário e confirmou que o quadro clínico epidemiológico apresentado por Cunha é compatível com a febre amarela. "Além dos sintomas, o mais agravante foi a passagem dele pelo estado de Goiás, onde há registros da doença", explicou o médico.

Martins afirmou que o empresário morreu por falência múltipla dos órgãos e que a doença foi fulminante, o que não é normal. "Somente cerca de 15% dos pacientes apresentam esse quadro fulminante. Há casos da pessoa ter febre amarela e nem saber", contou. Inclusive, o médico não descarta que a mulher de Cunha possa ter sido infectada. "Não posso afirmar, pois além de não examiná-la eu nem a conheço. Mas clinicamente é possível", completou.

O médico preferiu não arriscar o diagnóstico de febre amarela, mas lembrou que outras doenças têm sintomas parecidos, inclusive a dengue hemorrágica. "Após o agravamento do caso, com insuficiência hepática (no fígado) e hematológico (sangue) as possibilidades de doença se restringem, basicamente, a leptospirose, dengue hemorrágica e febre amarela", explicou.

Dúvidas sobre a Febre Amarela

Sintomas:Febre alta, dor de cabeça, vômito e insuficiência dos rins e do fígado.

Contra indicações da vacina:Crianças com menos de 6 meses de idade; gestação em qualquer fase deve ser analisada; e reações relacionadas a ovo de galinha e seus derivados.

Vacina:a recomendação de vacinação é para quem vai viajar para as áreas de risco ou quem não tenha se vacinado nos últimos 10 anos e mora nas localidades de risco (região Norte, da região Centro-Oeste, Maranhão e Minas Gerais).

Gazeta do Povo