Setor avícola anuncia redução na produção e em novos investimentos para superar escassez de milho

O setor avícola brasileiro irá reduzir em até 30% a produção de frango de corte no país e irá paralisar até o mês de março de 2008 os projetos de expansão da avicultura no país. A medida é a estratégia do segmento para conter a falta de oferta no mercado interno de milho e aguarda até a colheita da safra de verão (prevista para acontecer no final de fevereiro) para a normalização do cenário, que hoje se depara com a falta de oferta de milho para o mercado interno brasileiro. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, em Curitiba, por representantes do setor avícola dos principais estados brasileiros produtores de frango de corte – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, que juntos respondem por cerca de 80% da produção nacional do produto. Além da redução na produção e na suspensão dos projetos de expansão para o setor, a avicultura nacional também irá viabilizar a importação de milho da Argentina, que hoje tem preços mais vantajosos comparado com o produto brasileiro.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias dos Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) e vice-presidente na região Sul da União Brasileira de Avicultura (UBA), Domingos Martins, o cenário atual mostra a indisponibilidade de grãos de milho no mercado, o que compromete a cadeia de carne, especialmente aves e suínos. “O problema não é mais o preço, mas sim o fato de que não está havendo milho para comprar no mercado”, afirmou. Segundo ele, a escassez de milho no mercado aliado ao alto preço do grão coloca o segmento em alerta. “Nos patamares de preço atuais, o milho e a soja inviabilizam o frango como proteína animal”, alerta Martins.

O presidente do Sindiavipar afirma que, apesar da paralisação em novos investimentos, o setor deverá crescer entre 10% e 12% em 2008. “A partir do mês de março iremos discutir novos contratos de exportação. Por enquanto, a recomendação é de que as empresas apenas cumpram os atuais contratos firmados com o mercado internacional”, afirma.

Escassez de milho no mercado interno

A instabilidade na oferta de milho para a avicultura vem se constituindo o principal entrave para o crescimento da atividade. Esse cenário se agravou devido ao atraso de chuvas, que comprometeu a colheita da safra de verão, que ocorrerá apenas no final de fevereiro. Aliado a isso, houve um incentivo às exportações, devido ao bom preço dos grãos no cenário internacional, utilizados para a fabricação de biodiesel – em 2006, o Brasil exportou cerca de 4,2 milhões de toneladas de milho e a expectativa para este ano é de triplicar esse número, com as exportações de milho chegando a 12 milhões de toneladas.

O crescimento das exportações de milho afeta diretamente as indústrias de produção de carne no Brasil, já que o grão é o principal insumo para a ração animal da avicultura. Segundo levantamento da Câmara Setorial de Aves e Suínos, os produtos tiveram o preço valorizado, com aumento entre 30% a 40%, em função da procura para a produção de etanol. “O setor avícola é favorável ao livre mercado, porém entende que é preciso atuar para que o país produza itens de maior valor agregado, que representam mais impostos e empregos”, afirma o presidente do Sindiavipar. Hoje, o frango de corte tem faturamento no cenário internacional até seis vezes superior comparado aos grãos.