MEIO AMBIENTE

Óleo compromete ilhas do Paraná

Mesmo com o reforço no contingente de pessoas que fazem a contenção e remoção do óleo que vazou do navio chileno VicuÀa, o trabalho de recuperação da Baía de Paranaguá deve durar cerca de três meses. A embarcação, que explodiu na noite de segunda-feira, partindo-se ao meio, estava carregada com cerca de 5 milhões de litros de metanol, 1,2 mil toneladas de óleo bunker (combustível do navio) e outras 150 toneladas de óleo diesel. Os órgãos ambientais ainda não têm um levantamento do volume que vazou do navio.

A estimativa do prazo para retirar todo o óleo foi feita pelo Corpo de Bombeiros, considerando a extensão das barreiras de contenção e absorção instaladas na baía (5 mil metros) e o número de embarcações envolvidas no trabalho que, ontem, totalizavam 20. Por exigência da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o número de pessoas passou de 60 para 350.

Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros, Eduardo Gomes Pinheiro, os trabalhos de limpeza da baía ganharam, ontem, o reforço de um navio da Petrobras que lança jatos de água nas manchas mais espessas. A intenção é dissolver o óleo para que o produto se evapore com mais facilidade.

Técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos calculam que a mancha de óleo esteja avançando 40 quilômetros por dia. De acordo com a Secretaria, o óleo atingiu grande parte das praias e vegetação da ponta oeste da Ilha do Mel, Ilhas das Peças, Ilha das Cobras, Ilha da Cotinga, Piaçaguera e deverá atingir, em breve, todo o complexo lagunar do entorno das baias de Paranaguá, Guaraqueçaba e Antonina.

O governador Roberto Requião sobrevoou, ontem, o local do acidente e disse que quer rigor na apuração dos responsáveis pela explosão. E que os pescadores sejam indenizados enquanto durar a proibição da pesca.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em parceria com o Centro de Estudos do Mar, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), começa hoje uma operação de resgate dos animais atingidos pelo óleo e metanol derramados no navio VicuÀa.

Segundo o superintendente estadual do Ibama, Marino Elígio Gonçalves, populações ribeirinhas da região teriam visto principalmente tartarugas e biguás manchados de óleo. A intenção é montar centro de captura para receber os animais, onde receberão tratamento para serem posteriormente devolvidos à natureza.

O Corpo de Bombeiros e Defesa Civil iniciaram, ontem, o cadastro das famílias das proximidades do local do acidente do navio, que tiveram prejuízos nas casas com vidros quebrados e rachaduras para posterior ressarcimento.

A multa a ser aplicada aos responsáveis pelo dano ambiental ainda dependerá da avaliação da extensão dos danos. Caso os órgãos ambientais decidam aplicar o valor máximo para crimes ambientais, conforme prevê a legislação, deve chegar a R$ 50 milhões. A cifra poderá ser triplicada no caso de os envolvidos serem reincidentes.

Folha de Londrina