DESASTRE - Encontrados dois corpos de vítimas de explosão e danos ambientais são gravíssimos
Dois dos quatro tripulantes do navio chileno VicuÀa, que desapareceram depois da explosão ocorrida na noite de segunda-feira, no Porto de Paranaguá, foram localizados ontem.
Um dos corpos, mutilado e carbonizado, estava boiando próximo à Ilha das Cobras e outro próximo ao Terminal de Conteineres Privado (TCP). Foram identificados os chilenos Jose Eduardo Obreck, 38 anos, e Juan Carlos Sepulveda Adriasora, 51 anos. Outro chileno e um argentino continuam desaparecidos.
O navio, de propriedade da empresa chilena Sociedad Naviera Ultragas, tinha 28 tripulantes. Oito deles ficaram feridos e foram atendidos no Hospital de Paranaguá. Segundo relatório da Capitania dos Portos, vinte pessoas foram socorridas por embarcação, após descerem com bote salva-vidas. No momento da explosão, os tripulantes estavam na parte da frente do navio, destinada ao alojamento, local inicialmente não atingido pelo fogo.
A explosão no navio, que se partiu ao meio, ocorreu no momento em que era feito o desembarque de 14 milhões de litro de metanol, um produto combustível tóxico com origem petroquímica e com efeitos semelhantes ao álcool usado para combustível em automóveis. Nove milhões de litros tinham sido removidos até a hora do acidente. Além do metanol, o navio estava carregado com 1,2 mil toneladas de óleo combustível e 900 toneladas de diesel.
O navio estava atracado no píer privado da Cattalini, que opera no local há 22 anos e aluga tanques para que os navios possam descarregar produtos químicos. Os levantamentos sobre a responsabilidade pelo acidente serão feitos pela Capitania dos Portos e pela Polícia Federal, com auxílio de seis peritos brasileiros e dois ingleses.
De acordo com o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Rasca Rodrigues, esse foi um dos maiores acidentes ecológicos ocorridos nos últimos anos no Paraná. Um boto e vários peixes foram encontrados mortos por causa do metanol e do óleo combustível, que se espalhava ainda ontem rapidamente pela Baía de Paranaguá. Barreiras de contenção foram montadas em toda a extensão do navio, mas o óleo continuava sendo espalhado por causa da movimentação da maré.
As duas explosões levantaram chamas de até 12 metros de altura. A embarcação, com dizeres em espanhol sobre a necessidade de cuidado para evitar combustão, tem sete andares.
O Corpo de Bombeiros informou que, por volta das 19 horas, foi extinto o incêndio que dominava a casa de máquinas do VicuÀa.
Cerca de 50 bombeiros foram acionados para apagar o fogo e isolar o local. Entretanto, o tumulto criado pelos fiéis que participavam da Festa de Nossa Senhora do Rocio dificultou o trabalho preventivo. A festa estava acontecendo na Praça da Fé, 300 metros do píer onde o navio explodiu. ''Foi uma confusão'', relatou o tenente Eduardo Gomes Pinheiro, relações públicas do Corpo de Bombeiros.
O navio, vindo de Rio Grande (RS) com destino a Campana, na Argentina, atracou no Porto de Paranaguá às 20 horas de sábado e deveria sair às 7 horas de ontem. ''Agora o trabalho será demorado. Cerca de dois meses para a retirada do navio do local'', estimou Rasca Rodrigues.(Colaborou Andréa Lombardo)
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