“Passei dez anos da minha vida morando em instituições e albuergues, até que cheguei em Maringá, fui procurar o serviço social e eles me encaminharam para o Portal da Inclusão e o mesmo me encaminhou para o o Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas - Caps'ad, curso profissionalizante no Senai e supletivo. Parei de tomar bebida alcoólica e agora estou tomando juízo.” Esta foi a declaração de F.A.N, 39 anos, morador do Portal da Inclusão desde novembro de 2006.Esse é apenas um exemplo dos bons resultados apresentados no Programa Portal da Inclusão, implantado no município em agosto de 2006. Neste período, os 24 ex-moradores de rua atendidos pelo programa, iniciaram o processo de regularização dos documentos pessoais, realizaram exames de saúde e voltaram a estudar. Dois deles estão empregados com registro em carteira de trabalho e outros dois estão realizando trabalhos informais. Essas e outras ações que são coordenadas por profissionais das áreas de psicologia e assistência social, contribuem para a reinserção dos abrigados na sociedade.Para a coordenadora do Serviço de Atendimento à População de Rua do município, Marina Marques Ribeiro Andreo, a avaliação do trabalho é produtiva. “Os moradores têm, na medida do possível, se socializado e procurado cumprir as regras da casa e escolarização”, explica a coordenadora. Marina afirmou que a dificuldade maior é conseguir inserir os ex-moradores de rua no mercado de trabalho. “Por isso é importante que empresários da cidade nos auxiliem, oferecendo trabalhos informais. Oferecemos a supervisão dos educadores sociais na realização das atividades, para garantir uma boa execução do serviço”, concluiu a coordenadora.A implementação do programa na cidade é resultado da parceria da Secretaria da Assistência Social e Cidadania – SASC com o Sistema Único da Assistência Social do Estado do Paraná, que tem por objetivo a emancipação social de pessoas itinerantes que estejam nas ruas e sem abrigo, utilizando-se da reconstrução de projetos de vida e de vínculos, reduzindo a exclusão, a exposição à violência e o abandono.O Portal da Inclusão funciona em uma casa abrigo devidamente mobiliada que fica na avenida Humaitá, nº 67, na zona 5. O local possui três quartos, uma cozinha, uma copa, uma lavanderia, dois banheiros, um escritório, onde a coordenação trabalha, e um quintal com horta nos fundos. Os abrigados permanecem na casa em período integral, fazem todas as refeições diariamente e são acompanhados por profissionais durante todo o dia e noite.
O programa tem parceria com algumas entidades que também abrigam os ex-moradores de rua. Dez homens são atendidos no abrigo do portal , dez no Instituto Maringaense de Reintegração Social - IMARES, seis no Albergue Santa Luzia de Marillac e seis no Recanto da Fraternidade Plantando Vidas.Os abrigados participam de oficinas e cursos técnicos durante o dia e no período noturno vão para a escola. De acordo com a psicóloga do Portal da Inclusão, Angela Cecíla Rezende Santos, o programa trabalha com quatro elementos que são fundamentais para o projeto de vida das pessoas: dimensão afetiva, dimensão social, dimensão técnica e intelectual e dimensão política. "Apesar de ter iniciado há pouco tempo, o trabalho tem sido muito produtivo e os abrigados têm reconhecido os benefícios proporcionados."Os educadores e profissionais trabalham com grupos de dinâmicas e atendimentos individuais.Uma das principais propostas das atividades é o estabelecimeto de vínculos entre o ex-morador de rua e a sociedade. No final de semana os abrigados podem participar de atividades esportivas e religiosas. A coordenação do programa estabelece algumas regras para o abrigo. Os moradores só podem ir para o Portal da Inclusão depois de ter passado pelo processo de recuperação de dependência química. Não é permitido álcool e cigarro no local e para sair da casa precisam comunicar os responsáveis pelo projeto.O projeto também mantém parceria com o Serviço Social da Indústria - SESI, Serviço Nacional da Aprendizagem Industrial - SENAI e Cocamar, que oferecem cursos técnicos nas áreas de mecânica, elétrica, costura, panificação e recursos humanos.A secretária da Assistência Social e Cidadania, Sandra Franchini da Costa, explica que o programa é útil para possibilitar a inclusão social de muitas pessoas que permanecem em Maringá sem trabalho e sem condições econômicas por períodos curtos e longos. “Os usuários têm acesso a cursos de capacitação profissional oferecidos por parcerias entre o município e outras instituições, assim, não precisam, necessariamente, retornar para as cidades de origem. E, se retornarem, terão condições para permanecerem lá”, ressalta.O Portal da Inclusão fica na avenida Humaitá, nº 67, zona-5. Informações na Secretaria da Assistência Social e Cidadania de Maringá pelo telefone 3221-6400.