Mais da metade das pesquisas praticadas na UEM são lideradas por mulheres
Instituição ocupa primeiro lugar nacional em produção científica feminina pelo sexto ano consecutivo.
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A Universidade Estadual de Maringá (UEM) tem muito o que comemorar neste 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. É o sexto ano consecutivo em que a instituição ocupa o primeiro lugar do Brasil em produção científica liderada por mulheres.
Do total de projetos de pesquisa, 55% têm participação feminina, seja de docentes ou alunas. Os números internos foram levantados pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG) da universidade e os dados nacionais são do Leiden Ranking, realizado pela universidade holandesa desde 2011.
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De acordo com dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a porcentagem média global de pesquisadoras é de 33,3%, e apenas 35% dos estudantes de áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês), são mulheres.
Ocupar espaços
A professora e pesquisadora Josiane Pinheiro, do Departamento de Informática da UEM, reconhece essa dificuldade e coordena o projeto “Conectadas - Incentivando meninas e mulheres para a tecnologia”. O objetivo é apresentar as áreas da informática e correlatas a meninas do ensino fundamental e acolher as calouras que chegam à universidade.
O projeto foi um dos contemplados com o Selo Social 2024, certificação que destaca ações de impacto social alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. A UEM foi certificada por 28 projetos. Deste, 20 são coordenados por mulheres.
“Temos uma sociedade ainda muito patriarcal, que designa as funções de cuidado para as mulheres. Os nossos desafios são diferentes dos de pesquisadores homens, porque, para a sociedade, é natural que tenhamos outras tarefas, como o cuidado com os filhos e a casa”, afirma Josiane.
Claudia Bonecker é professora e pesquisadora do Nupélia (Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura) e destaca que o principal desafio é ser vista. “Temos que abrir mais espaço por nós mesmas. O principal desafio é ser lembrada como uma pessoa que pode participar de uma mesa-redonda, por exemplo, que tem algo a acrescentar. Já cheguei a participar de mesas-redondas com quatro pessoas em que eu era a única mulher”, conta a docente.
Segundo Claudia, faltam convites para eventos e comissões importantes, assim como mulheres em cargos de liderança. Já na pesquisa, a presença feminina tem crescido.
“No meu laboratório, se há 10 pessoas trabalhando, sete são mulheres”, ressalta. A pesquisadora também foi uma das contempladas com o Selo Social 2024, com o projeto “A planície de inundação do alto Rio Paraná”.
Esta também é a realidade de Emilly Ohana, acadêmica do 2º ano de Engenharia de Produção, que se diz rodeada de mulheres, tanto no curso quanto nos projetos de pesquisa. “Para mim, essa realidade é normal, mas eu sei que não é assim em outros cursos de Engenharia”, diz.
A estudante é orientada pelas professoras Ana Paula Larrosa e Keila de Souza Silva, pesquisadoras do Departamento de Engenharia de Alimentos. As duas foram contempladas no edital Itaipu Parquetec, que selecionou sete projetos da UEM para financiamento. Elas pesquisam e desenvolvem compostos que podem ser aplicados para agregar valor à produtos de agricultura familiar.
As pesquisadoras, que também são mães, contam que equilibrar as funções é desafiador, mas totalmente possível. “Muitas vezes eu fui questionada sobre a minha capacidade por ser mãe, por não ter tempo, o que não ocorre com homens que são pais”, ressalta Keila.
“O desafio é que as mulheres estejam cada vez mais em todos os ambientes, demonstrando representatividade para as mulheres que estão por vir, para que entendam que engenharia, ciência, tecnologia e inovação também são lugares de mulheres, se elas quiserem”, afirma.
Keila também é assessora de Inovação da UEM. Muitas vezes, ela é a única mulher em reuniões da área. “Mas sinto que preciso estar ali, preciso me manter firme, para que outras venham depois”, reforça. O projeto Conectinova, coordenado pela professora, também recebeu o Selo Social 2024.
Na UEM, são 828 docentes mulheres em projetos de pesquisa e 447 alunas. O quantitativo masculino é de 756 docentes e 258 alunos.