Primeiro surdo a defender doutorado na UEM pesquisou sobre ensino de Libras
Pesquisador aponta saídas para melhorar processo de ensino e aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais.
O estudante de doutorado em Educação, Vinicius Hidalgo Pedroni, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), vai defender, no dia 16 de agosto, às 14 horas, a tese “Ensino de Libras nas Universidades Públicas: uma análise da formação inicial de professores em letras”. A apresentação deverá ocorrer na sala 206, Bloco I-12, de forma híbrida.
Primeiro surdo a concluir o doutorado na UEM, Pedroni foi orientado pela professora Elsa Midori Shimazaki, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPE) da UEM, com a coorientação da professora a Dinéia Ghizzo Neto Fellini, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
Neste estudo, o pesquisador buscou analisar as percepções de acadêmicos ouvintes em relação à formação que recebem na disciplina voltada ao ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), além das contribuições da disciplina para a atuação posterior como docente no ensino regular.
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Para efetivar a pesquisa, depois de estudar a teoria histórico-cultural (escopo teórico da pesquisa), a Educação da pessoa surda ao longo da história e fazer uma revisão das pesquisas realizadas, Pedroni entrevistou alunos do curso de licenciatura em Letras de três universidades públicas no Brasil.
O resultado mostra que, apesar de ser um avanço histórico o reconhecimento da Libras como língua por meio do Decreto 5626, de 2005, e a deliberação, no mesmo decreto, para que o ensino de Libras fosse oferecido obrigatoriamente em todos os cursos de licenciatura e no curso de fonoaudiologia, por ter uma carga horária pequena (60h/a,) isso não contribui como o esperado para a apropriação da cultura surda e da língua de sinais.
Neste estudo, também foi constatada a carência quanto às oportunidades de vivência e contato com a cultura surda e língua de sinais, fato que impulsiona a capacidade dos futuros professores de se comunicarem adequadamente com os surdos e compreenderem suas necessidades específicas.
Com esta pesquisa, Pedroni espera que os resultados contribuam para reflexões acerca da formação atualmente oferecida; possibilidade de mudanças visando a melhoria dos aspectos que diretamente ou indiretamente têm interferido na formação dos alunos; incentivo ao desenvolvimento de outras pesquisas na área; e maior preocupação com a inclusão dos alunos surdos e com as metodologias adotadas.
O ensino de Libras
O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) pode ser dividido na categoria para as pessoas surdas e na categoria para as pessoas ouvintes. Muitas pessoas surdas nunca aprenderam Libras formalmente porque elas normalmente são as primeiras da família com surdez, o que faz com que ninguém do seu entorno tenha contato com o idioma.
O ensino focado nas pessoas da própria comunidade surda costuma ser direcionado para crianças sem o domínio da língua de sinais. Por isso, as escolas devem se preocupar em criar ambientes propícios para o aprendizado da Libras e somente depois para o ensino do português.
Ensinar Libras para pessoas ouvintes é um outro processo, mas também muito importante. O foco do ensino da língua de sinais é promover uma melhor comunicação e acesso à informação para as pessoas da comunidade surda.
Propae
Pedroni tem acompanhamento do Programa Multidisciplinar de Pesquisa e Apoio à Pessoa com Deficiência e Necessidades Educativas Especiais (Propae), da UEM.
O Propae presta acompanhamento especializado direto e indiretamente a 140 estudantes, englobando alunos de cursos de graduação e de pós-graduação stricto-sensu (mestrado e doutorado).
Em 2023, o Programa recebeu um novo espaço, passando a contar com cinco salas destinadas ao atendimento de estudantes com deficiência. São 5 servidores, 9 intérpretes de libras/guia-intérprete, 30 monitores, 10 bolsistas, além de 4 professores.
Eles têm oportunizado o acesso a recursos desenvolvidos e/ou adaptados, como impressões em braile e fonte ampliada; textos digitalizados em formato acessível a alunos com baixa visão; acompanhamento de acadêmicos atendidos na realização de avaliações ou atividades de estudos; e remoção de barreiras físicas e atitudinais, promovendo assim, a ampliação do acesso e permanência.