Pedimos para o ChatGPT escrever duas poesias sobre Maringá e estes foram os resultados
Versos criados pela inteligência artificial podem substituir os escritos por humanos? O Maringa.Com conversou com uma escritora sobre o assunto.
“No coração do Paraná, um encanto a brilhar,
Surge Maringá, cidade bela a deslumbrar.
Entre montanhas e verdes campos, um cenário sem par,
Nasceu um sonho grandioso, um lugar singular.
Maringá, oh cidade radiante,
Tua beleza enche a alma de um brilho constante.
Teus jardins floridos, coloridos a dançar,
São fontes de encanto que não param de encantar.”
Os versos acima, retirados de uma das poesias que o Maringa.Com pediu para o ChatGPT, te fazem sentir alguma coisa?
Segundo a escritora e estudante de literatura Mayara Blasi, a poesia existe para despertar sentimentos e levar a imaginação do leitor para outros lugares e, nesse quesito, a “arte” criada pela inteligência artificial deixa a desejar.
Apesar de não existir um ideal técnico ou conjunto de regras que definem uma boa poesia — “para operar sua magia, [a poesia] tem que ser livre”, afirma Mayara — os textos criados pelo Chat tem estruturas parecidas: estrofes de quatro versos, conhecidas como quadras, versos com doze sílabas poéticas (alexandrinos) e esquemas de rimas que se repetem ao longo dos textos. Confira as poesias a seguir.
“Utiliza-se um recurso comum na poesia, o da repetição, mas de um jeito pobre. O uso dos adjetivos é exagerado e algumas estruturas gramaticais e frases criadas têm uma linguagem muito distante da linguagem oral, não caberiam na fala de uma pessoa deste século”, afirma Mayara.
Ao escrever o comando para o ChatGPT “faça um poema sobre Maringá, cidade do Paraná”, estes foram os resultados:
POESIA 1
No coração do Paraná, um encanto a brilhar,
Surge Maringá, cidade bela a deslumbrar.
Entre montanhas e verdes campos, um cenário sem par,
Nasceu um sonho grandioso, um lugar singular.
Maringá, oh cidade radiante,
Tua beleza enche a alma de um brilho constante.
Teus jardins floridos, coloridos a dançar,
São fontes de encanto que não param de encantar.
Teus arranha-céus tocam o céu com elegância,
E o verde de tuas praças é pura extravagância.
Tuas ruas, teus parques, em cada esquina a desvelar,
Histórias, culturas e amores a se entrelaçar.
Em tuas universidades, conhecimento a florescer,
Jovens mentes curiosas, o saber a percorrer.
Tuas escolas, berços de sonhos a se concretizar,
Maringá, és celeiro de talentos a brilhar.
Em cada bairro, a comunidade a se abraçar,
Solidariedade e afeto, laços a se formar.
No comércio movimentado, a vida a pulsar,
Maringá, és pujança e prosperidade a desfrutar.
Tua cultura, tuas festas são convite ao prazer,
Danças, músicas, sabores, para todos se entreter.
O Festival de Música, o Festival de Teatro a emocionar,
Maringá, és arte e cultura a exaltar.
No Parque do Ingá, natureza a exuberar,
Lagos, trilhas e animais, um refúgio a explorar.
O amor pelo esporte em cada campo a vibrar,
Maringá, és energia e vitalidade a irradiar.
Cidade acolhedora, povo hospitaleiro,
Maringá, em teu seio, todos são companheiros.
Em cada sorriso, um abraço apertado a se encontrar,
Nas ruas de Maringá, a felicidade está a morar.
Maringá, oh cidade do Paraná,
Tu és um tesouro que brilha sem cessar.
Neste poema, rendo homenagem ao teu esplendor,
Orgulho de ser parte de ti, ó Maringá, meu amor!
POESIA 2
Em terras paranaenses, singela e graciosa,
Ergue-se uma cidade, bela e majestosa.
Maringá, teu nome ecoa com primazia,
Em versos e canções, em poesia.
Teus campos se estendem, vastos e verdejantes,
Onde a natureza exibe seus encantos radiantes.
Cercada por morros, emoldurada pela Serra,
Maringá, és um oásis que encanta e que aterra.
Tuas ruas são traçadas com arte e esmero,
Planejamento que revela um passado severo.
Do pioneirismo ao progresso, construíste tua história,
Maringá, cidade que pulsa em plena glória.
No coração da cidade, a Catedral se ergue,
Símbolo de fé que ao céu se dirige.
Suas torres apontam para horizontes sem fim,
Maringá, morada onde a esperança não tem fim.
E ao percorrer teus parques e jardins,
A alma encontra paz e tranquilidade sem fim.
No Parque do Ingá, encanto natural se revela,
Maringá, morada onde a beleza se revela.
Tens na tua gente o mais nobre valor,
Acolhedora e vibrante, com fervor.
Culturas se entrelaçam, laços se formam,
Maringá, berço de amizade que se tornam.
Ah, Maringá, cidade dos mil encantos,
Teu nome ressoa em versos e cantos.
Que sigas sempre a brilhar com tua energia,
Maringá, jóia do Paraná, fonte de poesia.
Segundo a escritora, a I.A. utiliza soluções fáceis para rimas, que acabam não fazendo nenhum sentido, como ‘Maringá, berço da amizade que se tornam’. “Não preciso nem comentar o uso do pronome ‘tu’, nada pé vermelho, e de expressões como ‘Ó Maringá, meu amor’, ‘esplendor’, ‘sem cessar’, ‘campos vastos e verdejantes’, Um poema com essas características não me leva para nenhum lugar novo na minha cabeça, não me faz sentir nada. Se eu não conhecesse Maringá, não viria depois de ler os poemas”, completa.
O ChatGPT, inteligência artificial lançada no final de 2022 pela companhia OpenAI, tem gerado polêmica e levantado questionamentos éticos desde sua popularização. A ferramenta utiliza informações coletadas na internet para responder perguntas elaboradas por seus usuários, assim como o Google, mas com um diferencial: as respostas são bastante completas e o Chat é capaz de criar textos de diferentes gêneros, bem escritos o suficiente para serem confundidos com aqueles criados por um ser humano.
A qualidade do nível de resposta dessa tecnologia é impressionante e assustadora, apesar de apresentarem falhas. Em janeiro deste ano, a Folha de S. Paulo fez uma série de perguntas ao Chat, inclusive pedindo para que imitasse, com pouco sucesso, a escrita de James Joyce e William Shakespeare.
Como mostrado na reportagem da Folha, e também de acordo com Mayara, os robôs encontram limitações exatamente onde a sensibilidade do ser humano é essencial para a criação de uma arte com significado. De acordo com a autora, cada poema possui várias camadas de sentido que fogem da superficialidade das rimas forçadas escritas sobre a Cidade Canção.
“Um bom poema carrega um mistério, algo que só se revela no percurso, que precisa combinar elementos não óbvios, experimentar a linguagem, dar atenção para coisas aparentemente óbvias, porque, só assim, alcança mais longe, só assim consegue fundar mundos no mundo, como dizia Victor Heringer".