ECONOMIA

Gasolina e diesel estão mais caros desde a 0h de hoje.

Depois de exatos três meses em que o barril de petróleo se estabeleceu acima dos US$ 40 no mercado internacional, a Petrobras anunciou ontem aumento de 4,8% no diesel e 2,4% na gasolina, decepcionando analistas que calculavam a necessidade de reajustes acima dos 10% para alinhar os preços internos aos do exterior. O aumento, que entrou em vigor à 0h de hoje, deve significar para o consumidor um acréscimo de R$ 0,03 na gasolina e de R$ 0,06 no diesel, segundo estimativa da Federação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (Fecombustíveis).

''Mas o repasse deve depender da estratégia de cada posto, diante da sua concorrência e também do valor que será repassado pelas distribuidoras'', argumentou o presidente da Federação, Luiz Gil Siuffo, lembrando que o consumo não deve sofrer impacto porque o porcentual do reajuste é pequeno.

O índice abaixo do esperado também deixou, entre os analistas, a expectativa de um novo reajuste no curto prazo para reduzir a defasagem entre os preços internos e externos. Com base no reajuste, a avaliação de mercado é de que o barril da Petrobras estaria sendo negociado a US$ 37, em vez dos US$ 36 anteriores ao aumento -uma diferença de quase US$ 20 para o valor de US$ 54,76 hoje no pregão da bolsa de Nova Iorque.

Segundo o Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), a gasolina, que estava 21% mais barata no Brasil do que no Golfo Americano antes do reajuste, teve esta defasagem reduzida para 18%. Já no caso do diesel a diferença caiu de 30% para 26%. ''Vamos viver agora na espera do segundo turno do reajuste'', disse o professor Adriano Pires, diretor do CBIE. Para ele, a decisão da estatal está atrelada às eleições municipais, o que tem sido negado pela Petrobras.

Ainda segundo o CBIE, o reajuste faz com que a estatal reduza de R$ 30 milhões para R$ 25 milhões em média o volume que deixa de ganhar por dia por causa da defasagem dos preços. Segundo Pires, do CBIE, a estatal já teria deixado de ganhar desde agosto cerca de R$ 1 bilhão por não repassar a alta integral do barril. O professor admite, entretanto, que o cálculo tem bases ''grosseiras'' e que pode haver falha porque leva em conta apenas a cotação do Golfo Americano.

Volatilidade - Em entrevista em Belo Horizonte (MG), o diretor-financeiro da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou que a companhia optou por não ''traduzir'' para o mercado doméstico a volatilidade das variações do preço internacional do petróleo. Ele disse que foram consideradas algumas variáveis para a determinação do reajuste, entre elas o fato de o volume de contratos no mercado futuro ter se mantido estável nas últimas três semanas, apesar da alta do barril. Isso refletiria ''um cansaço do potencial de alta por razões especulativas''. Outra variável teria sido, segundo ele, a redução na pressão de demanda por produtos no mercado americano.

Folha de Londrina