CULTURA

Com estreia no dia 2 de julho, peça teatral ‘Más Monas’ busca valorizar a arte drag maringaense

O espetáculo gratuito e com classificação livre apresenta um conjunto de narrativas e memórias de infância da família transformista Haus of X

Com estreia no dia 2 de julho, peça teatral ‘Más Monas’ busca valorizar a arte drag maringaense
Peça é estrelada pelas drags Galathea X, Ramonita X, Ursula Xcar e Areta. - Foto: Divulgação

O Coletivo Transformista Haus of X estreia neste sábado (2) o espetáculo teatral “Más Monas”. Com direção e dramaturgia de Lua Lamberti, o espetáculo apresenta  um conjunto de narrativas e memórias de infância da família transformista Haus of X, trazendo para a cena as drags Galathea X, Ramonita X, Ursula Xcar e Areta em uma estética cabaré, com música, dança e acrobacia. 

As sessões acontecem nos dias 2, 3, 9, 10, 30 e 31 de julho, sempre às 20 horas, no Teatro Barracão, com entrada gratuita, classificação livre e interpretação em Libras em todas as sessões.

O objetivo da peça é mostrar outras facetas das infâncias dissidentes, mais lúdicas e positivas, usando de tom poético para uma espécie de “acerto de contas” com o passado e a construção de um futuro em que outras crianças não precisem passar pelos mesmos traumas que as artistas revelam ter passado. No entanto, para além da temática atual e necessária, Lua Lamberti acredita que o espetáculo também se destaca por outros pontos relevantes.

“Nosso projeto é importante para trazer dignidade à linguagem transformista, que não compõe o panteão das artes hegemônicas, das belas artes e que em muitos espaços nem sequer é entendida como arte, muita gente nem sabe o que é. Também é importante pela linguagem que escolhemos, que é o cabaré, o show de variedades, que é culturalmente muito marginalizado e é muito recente em Maringá”, explica. 

Essa escolha ocorre devido à importância subversiva desta estética, uma vez que eram nesses espaços que todas as “aberrações sociais” poderiam existir, como as vedetes burlescas, as transformistas e todo o grupo social que não era bem vindo aos grandes salões e palcos clássicos. 

Lua é a matriarca do coletivo transformista que existe na cidade desde 2016 e que tem como premissa, justamente, valorizar o transformismo como uma linguagem independente e autônoma, não apenas como uma ferramenta ou técnica de atuação. Por ser a precursora deste movimento que hoje já tem diversas “filhas”, naturalmente foi escolhida como diretora desta montagem.

Ela explica que o trabalho de direção começou a partir de “disparadores criativos”. O primeiro passo foi coletar histórias de toda a equipe envolvida no projeto. Todos escreveram cartas para as crianças que foram no passado. Daí surgiram muitas histórias, depois costuradas umas às outras, de modo que conversassem com as músicas escolhidas por cada artista em cena. 

Durante o processo de montagem da peça foram trazidas três oficinas de drags reconhecidas em nível nacional, a Drag Queen Ginger Moon e o Drag King Don Valentim, que vieram de São Paulo para compartilhar técnicas fundamentais para quem vivencia o campo artístico do transformismo, como perucaria, padding (enchimento) e maquiagem. Esses ensinamentos enriqueceram o espetáculo, que foi viabilizado por meio do Prêmio Aniceto Matti. 

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