Em dois anos de pandemia, cartórios de Maringá registram recorde de pais ausentes
Levantamento realizado pelos Cartórios da cidade apontam que 400 crianças nasceram sem o registro do pai nos últimos dois anos
Dados inéditos levantados pelos Cartórios de Registro Civil de Maringá apontam que, nos quase dois anos completos de pandemia, quase 400 crianças foram registradas somente com o nome da mãe na certidão de nascimento.
O número, que representa 6% dos recém-nascidos maringaenses, ganha ainda mais relevância quando os últimos dois anos apontaram a menor quantidade de nascimentos no município. Já os reconhecimentos de paternidade aumentaram 88% em 2021 em relação ao último ano antes da pandemia.
Os dados constam nos dois novos módulos — "Pais Ausentes" e "Reconhecimento de Paternidade" — que acabam de ser lançados no Portal da Transparência do Registro Civil, plataforma nacional, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), que reúne os dados referentes aos nascimentos, casamentos e óbitos registrados nos 7.654 cartórios de registro civil do Brasil, distribuídos em todos os municípios e distritos do país.
Em números absolutos, 387 recém-nascidos em 2020 e 2021 foram registrados com apenas o nome da mãe em sua certidão de nascimento, sendo 192 no primeiro ano de pandemia, e 195 no segundo ano. Os recordes são verificados justamente nos anos em que houve os menores números de nascimentos da série histórica dos cartórios, desde 2003, totalizando 5.778 registros em 2020 e 5.764 em 2021.
Outro dado verificado pelos cartórios de registro civil de Maringá mostra que os reconhecimentos de paternidade tiveram um aumento significativo em meio à crise sanitária, passando de 28 atos realizados em 2019, para 49 em 2021 — aumento de 88% em relação ao ano anterior.
"Os cartórios de registro civil, por meio do Portal da Transparência, desempenham um importante papel para que a sociedade tenha conhecimento dos impactos causados pela pandemia. Ao trazer estes novos módulos — de mães solos e reconhecimento de paternidade, também fomentar novas discussões como forma de contribuir com o aspecto social e de orientação à população", destaca o presidente do Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen/PR), Mateus Afonso Vido da Silva.
DADOS DO PARANÁ — Já no Paraná, os dados levantados pelos cartórios de registro civil do estado apontam que, nos quase dois anos completos de pandemia, mais de 13 mil crianças foram registradas somente com o nome da mãe na certidão de nascimento. O número, que representa 9% dos recém-nascidos paranaenses, ganha ainda mais relevância quando os últimos dois anos apontaram a menor quantidade de nascimentos no estado.
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Além disso, os reconhecimentos de paternidade caíram mais de 21% quando comparados a 2019, último ano antes da chegada da Covid-19.
Em números absolutos, 13.535 recém-nascidos em 2020 e 2021 foram registrados com apenas o nome da mãe em sua certidão de nascimento, sendo 6.731 no primeiro ano de pandemia, e 6.804 no segundo ano. Os recordes são verificados justamente nos anos em que houve os menores números de nascimentos desde o início da série histórica dos cartórios, em 2003, totalizando 148.221 registros em 2020 e 143.212 em 2021.
COMO RECONHECER PATERNIDADE — Desde 2012, com a publicação do Provimento nº. 16, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o procedimento de reconhecimento de paternidade pode ser feito diretamente em qualquer cartório de registro civil do país, não sendo necessária decisão judicial nos casos em que todas as partes concordam com a resolução.
Nos casos em que a iniciativa seja do próprio pai, basta que ele compareça ao cartório com a cópia da certidão de nascimento do filho, sendo necessária a anuência da mãe ou do próprio filho, caso este seja maior de idade. Em caso de filho menor, é necessário a anuência da mãe. Caso o pai não queira reconhecer o filho, a mãe pode fazer a indicação do suposto pai no próprio Cartório, que comunicará aos órgãos competentes para que seja iniciado o processo de investigação de paternidade.
Desde 2017, caso a criança tenha 12 anos ou mais, também é possível realizar em cartório o reconhecimento da filiação socioafetiva, procedimento por meio do qual se reconhece a existência de uma relação de afeto, sem nenhum vínculo biológico, desde que haja a concordância da mãe e/ou do pai biológico.
Neste caso, caberá ao registrador civil atestar a existência do vínculo afetivo da paternidade ou maternidade, mediante a apuração objetiva por intermédio da verificação de elementos concretos, como testemunhas ou da apresentação de documentos, como por exemplo: inscrição do pretenso filho em plano de saúde ou em órgão de previdência; registro oficial de que residem na mesma unidade domiciliar; certidão de casamento ou de união estável — com o ascendente biológico; entre outros.