PESQUISA

Pesquisadores descobrem espécie de caracol que só existe em arquipélago paranaense

A espécie foi encontrada em uma área sombreada na Ilha Grapirá, a maior do parque, habitando entre troncos e folhas da vegetação arbórea da floresta e nas bromélias dos costões rochosos

Pesquisadores descobrem espécie de caracol que só existe em arquipélago paranaense
O caracol é nativo da ilha paranaense e restrito a esse local, por isso está ameaçado de extinção. - Foto: André Filgueira/Sucom-UFPR

Pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná) descobriram uma espécie de caracol que só existe em um arquipélago paranaense. Batizado de Drymaeus currais, o molusco é nativo do Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais, que fica em Pontal do Paraná, no litoral.

A espécie foi encontrada em uma área sombreada na Ilha Grapirá, a maior do parque, habitando entre troncos e folhas da vegetação arbórea da floresta e nas bromélias dos costões rochosos. O caracol pertence à família bulimulidae, que são moluscos gastrópodes, assim como as lesmas. Por ser nativo da ilha paranaense, o Drymaeus currais está ameaçado de extinção.

O estudo revela que a espécie resulta de um processo evolutivo, que levou centenas de anos, do Drymaeus currais, um molusco que também é natural da Ilha dos Currais. As principais diferenças entre as duas espécies foram observadas nos sistemas reprodutor e digestório.

“Pela semelhança visual com o Drymaeus castilhensis, pensamos se tratar da mesma espécie e ficamos intrigados. Moluscos terrestres são organismos muito sensíveis, por isso é difícil imaginar que um indivíduo pudesse ter chegado até a região flutuando em alguma coisa ou carregado por aves marinhas”, explica o professor Carlos Eduardo Belz, do CEM (Centro de Estudos do Mar).

Os indícios levam a crer que o invertebrado nativo da ilha paranaense iniciou o processo de especiação quando o mar de toda a costa brasileira era muito mais recuado. “Nessa época, Currais ainda não era um arquipélago e pertencia ao continente”, explicou Belz.

A pesquisa também detalhou que com o avanço do mar e da linha de praia, as ilhas ficaram isoladas e também isolaram a população de molusco. Após centenas de anos em que os animais ficaram se reproduzindo entre eles, aconteceu a divisão das linhagens.

Um fato que surpreendeu os pesquisadores é que o habitat natural do caracol nativo paranaense foi reduzido a um ambiente tão pequeno, que é a Ilha Grapirá. Por isso, a preocupação com a manutenção do equilíbrio no local é grande.

“Os indivíduos estão limitados a essa ilha. Por isso, esse pequeno ambiente tem extrema importância para a manutenção dos animais dessa classe. Qualquer interferência ou desequilíbrio que ocorra nessa ilha, como uma queimada na vegetação, implica o desaparecimento da espécie”, detalhou o pesquisador Marcos de Vasconcellos Gernet, do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da UFPR.

O pesquisador também alertou que a forte estiagem que o Paraná enfrenta também é um fator de risco para os caramujos, já que eles dependem da umidade para sobreviver e na ilha a umidade é proveniente exclusivamente da chuva.

A pesquisa é conduzida pelo professor Carlos Eduardo Belz, do Centro de Estudos do Mar (CEM); pelo pesquisador Marcos de Vasconcellos Gernet, do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da UFPR; em parceria com o professor Luiz Ricardo Simone, da Universidade de São Paulo (USP).

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