CORONAVÍRUS

Sul e Centro-Oeste são novos epicentros da Covid-19 no Brasil, aponta estudo da UFPR

O Sul tem uma pessoa contagiando média de outras 1.38, ou seja, os dados indicam que a cada quatro doentes, são esperados cinco novos casos

Sul e Centro-Oeste são novos epicentros da Covid-19 no Brasil, aponta estudo da UFPR
O modelo da UFPR mostra que o Paraná teve índice de 0,86 em maio, mas hoje tem 1.38 novos contágios a cada infectado por Covid-19. - Foto: Reprodução/EBC

Um modelo estatístico alimentado por pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná) com os dados do coronavírus indica que as regiões Sul e Centro-Oeste são os novos epicentros da Covid-19 no Brasil.

Segundo o estudo, as regiões têm o contágio do coronavírus se alastrando de forma mais rápida a partir dessa semana. Isso se deve ao cálculo da taxa de reprodução do coronavírus, chamado de “R”, que representa o número esperado de transmissões que devem ocorrer a partir de um caso de infecção. Quando o indicador é maior do que um, significa que o número absoluto de infectados aumentará exponencialmente.

O Sul tem uma pessoa contagiando média de outras 1.38, ou seja, os dados indicam que a cada quatro doentes, são esperados cinco novos casos. Já no Centro-Oeste, o indicador é de 1.3. Em seguida aparecem as regiões Norte (1.18) e Sudeste (1.13). O Nordeste, com 1.04, é a região com menor índice de transmissão referentes aos dados coletados até o último domingo (21).

“O Norte e Nordeste já diminuíram as taxas de transmissão. Agora o Centro-Oeste e o Sul demoraram mais para começar o aumento dos casos. E no Sudeste, as coisas aconteceram antes, tudo aconteceu por ali”, explica o professor da UFPR, Wagner Bonat ao Paraná Portal.

Segundo ele, a investigação da taxa de transmissibilidade baseada nos óbitos é mais confiável do que a que se baseia nos casos notificados, conforme os números divulgados pelo Ministério da Saúde. Além disso, Bonat ressalta que o estudo não faz qualquer tipo de previsão e aponta uma proporção.

“Quando tivemos algumas ações fortes do governo, de tentar segurar a movimentação social, em alguns momentos a taxa de transmissibilidade abaixa persistentemente, às vezes até uma semana, fica abaixo de um. Mas por alguma questão social, que dê uma afrouxada, ela volta em torno de 1.2 até 1.5. Isso é um comportamento que aconteceu em todas as regiões e também em outras partes do mundo”, analisa.

COVID-19 PASSOU A PROGREDIR RAPIDAMENTE NO PARANÁ – O modelo da UFPR mostra que o Paraná teve índice de 0,86 em maio, mas hoje tem 1.38 novos contágios a cada infectado por Covid-19.

“O que vimos acontecer em outras regiões do país, como no Norte, é que a doença progrediu rapidamente em cerca de duas semanas, é o que parece que esta ocorrendo aqui”, analisa o professor Wagner Bonat.

Ainda conforme o docente, é preciso considerar que o indicador R baseado em óbitos não é calculado em tempo real, pois depende da notificação das mortes.

“Há sempre um atraso de dez a 14 dias que não deve ser desconsiderado. Mas é possível dizer que ainda estamos num momento muito ruim”, justifica. Além disso, o delay também está relacionado ao impacto das medidas de contenção do vírus: as que são tomadas hoje, começam a repercutir em duas ou três semanas.

Vale lembrar que o governo do Paraná publicou dois decretos na última sexta-feira (19): um determina a proibição de vendas e consumo de bebidas alcoólicas nas ruas após as 22h e outro regulamenta as atividades de shoppings centers e comércio varejista.

NOVAS PESQUISAS DEVEM SURGIR A PARTIR DO MODELO –  Ainda segundo o pesquisador, esse modelo estatístico pode originar novas pesquisas acerca da covid-19, como por exemplo em como a mobilidade e o isolamento social impactaram nas taxas de transmissão.

“Podemos tentar entender como as restrições na mobilidade social impactaram nas taxas de transmissibilidade”, explica.

De acordo com o professor, vários fatores podem ocasionar a variação do R: desde o uso de máscaras, até os hábitos de higienização e a própria dinâmica natural do vírus. “Estes dados são algo que vamos procurar investigar em novas fases de pesquisa”, finaliza Bonat.

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