INCLUSÃO

Em data histórica, UEM aprova cotas raciais nos vestibulares a partir de 2020

Em data histórica, UEM aprova cotas raciais nos vestibulares a partir de 2020
A decisão estava em tramitação desde 2018 e finalmente foi aprovada, em data especial no Dia da Consciência Negra. - Foto: Divulgação UEM
A partir do Vestibular de Inverno de 2020, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) contará com sistema de cotas para negros em seus processos seletivos de ingresso na graduação. A aprovação da implantação e regulamentação do Sistema de Cotas Raciais foi feita nesta quarta-feira (20), Dia Nacional da Consciência Negra, em votação de reunião plenária do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP).

O processo foi aprovado por 98 conselheiros (4 foram contrários, 7 se abstiveram e 35 estavam ausentes), no Auditório 13 do Departamento de Economia, Bloco C-34. O resultado foi apresentado pelo reitor, Julio Cesar Damasceno, que ficou com os olhos marejados. Os presentes no local aplaudiram a decisão de pé!

“Assumimos na campanha o compromisso de trazer o assunto para apreciação e de darmos nosso apoio. Aprovar as cotas raciais no Dia da Consciência Negra é uma grande realização, repleta de significado. Reafirmamos nosso compromisso por uma universidade pública e inclusiva”, declara Ricardo Dias Silva, vice-reitor.

“O sentimento é de muita alegria, satisfação e alívio. Sabemos que só temos a vitória quando ela realmente chega. Estava preocupada com a resistência, mas agora fica a certeza de que a nossa universidade vai ser mais inclusiva e com mais diversidade”, contenta-se Marivânia Conceição de Araújo, uma das fundadoras do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afrobrasileiros (Neiab).

O reitor, Damasceno, abriu a sessão definindo o dia como histórico, “não apenas para a história da universidade, mas, sobretudo, para a vida de pessoas, pois, as cotas implicam no projeto de famílias”. O professor também disse que via na aprovação uma forma de reparar as injustiças históricas sofridas pelos negros.

Na mesa de abertura também estavam Dias Silva, vice-reitor, e Sérgio Carlos de Carvalho, reitor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde há cotas sociais e raciais há 15 anos. “As universidades têm que pensar em políticas dessa natureza. É sempre um grande desafio e motivo de ansiedade dar esse passo, mas temos que pensar nele pela história do país e das próprias universidades. As universidades, como instrumento público, têm que democratizar a entrada para todos os membros da sociedade”, expôs Carvalho.

COMO SERÁ – De acordo com os relatores do processo, fica estipulado o seguinte para os futuros editais dos vestibulares de inverno e verão da UEM:

– 60% das vagas serão destinadas à ampla concorrência.

– 20% das vagas serão destinadas às cotas sociais (já existentes).

– 20% das vagas serão destinadas às cotas para negros: destas, ¾ vão para negros de baixa renda; e ¼ ficam reservadas para negros sem esse recorte social.

Observações: O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considera negros as populações preta e parda; Não haverá cotas raciais para o Processo de Avaliação Seriada (PAS) da UEM; Os cotistas não podem ser portadores de diploma de curso superior; Se detectada falsidade na autodeclaração de cor, os candidatos serão eliminados do vestibular e, caso estejam matriculados na UEM, serão desligados da instituição.

Segundo dados da Diretoria de Assuntos Acadêmicos (DAA) da UEM sobre os cerca de 17,2 mil estudantes matriculados em cursos de graduação, separados por autodeclaração de cor Brancos totalizam 66,01%; Negros 20,37% (17,39% de pardos e 2,98% de pretos); Não declarados 7,93%; Amarelos 5,29% e Indígenas 0,4%.

Universidade Estadual de Maringá