O Paraná prepara o terreno para ingressar com mais vigor na tendência global de crescimento do uso de veículos elétricos. A estratégia é diretamente alinhada a uma política de desenvolvimento sustentável. Segundo o governador Carlos Massa Ratinho Junior, o Estado passará a adotar o ritmo dos países europeus nessa matéria. “Estamos trabalhando antenados ao que o mundo vem fazendo. As soluções sustentáveis partem de carros que poluem menos”, defende.Atualmente, o Paraná tem 275 veículos elétricos, o que representa 0,003% de uma frota de 7.237.593 carros, motocicletas, ônibus e caminhões, e ainda é dependente dos veículos movidos a combustíveis fósseis. Os dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) mostram que a maioria esmagadora dos veículos elétricos do Estado se concentra em Foz do Iguaçu (80) e Curitiba (73). Eles estão presentes em apenas 31 cidades, o que representa 7,7% das 399 do Estado.Os números ainda são tímidos, mas tudo indica que a realidade está prestes a se transformar. O Paraná adota políticas de incentivo, busca a ampliação do programa Smart Energy (vinculado ao Tecpar), parcerias com o setor privado e o fortalecimento da eletrovia da Copel, que corta o Estado de Leste a Oeste via BR-277.
INCENTIVO - Com o intuito de incentivar a aquisição, as metas de sustentabilidade ambiental do Acordo de Paris e a geração de novas tecnologias na área, o governador apresentou um projeto de lei propondo zerar a alíquota do Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores (IPVA) e uma sugestão ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para tirar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a compra dos veículos elétricos.Ao mesmo tempo, a Copel simula a adesão de novos consumidores e garante que consegue atender um incremento repentino de até 700% nesse mercado. A companhia concentra recursos para se tornar protagonista dessa onda com a sua capacidade elétrica instalada.“Estamos prontos para acompanhar essa evolução. Temos cenários hipotéticos e grande preocupação preventiva, para que energia não seja um gargalo do desenvolvimento”, afirma Julio Omori, superintendente de Smart Grid e Projetos Especiais da Copel. “Se essa possibilidade despontar, estamos preparados”.A popularização dos veículos elétricos congrega justamente uma rede capaz de suprir a demanda, aumento de circulação dos veículos e políticas de incentivo que espelham as melhores iniciativas da União Europeia e barateiam os custos. “Esses carros têm energia limpa, não têm ruído e facilitam a vida urbana. É uma tecnologia adotada em muitos países e o Paraná volta a ter uma energia verde. É um ciclo para ter uma frota mais consistente”, completa Mauro Monteiro, Diretor de Operações do Detran-PR.
PAPEL DO TECPAR – O Instituto de Tecnologia do Paraná estabeleceu parcerias para promover estudos sobre uso dos veículos elétricos. “Estamos em constante desenvolvimento, certificação da cadeia de eletropostos, dimensionamento dessa otimização de distribuição”, comenta Rafael Rodrigues, Diretor de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Tecpar.
“Recentemente fechamos acordos de cooperação com o Sistema Fiep, o Senai e a Renault para explorar a cadeia produtiva de biocombustíveis e geração distribuída, além dos dados dos veículos elétricos”, explica.O projeto Smart Energy, incubado no Tecpar, tem como membros da governança representantes de secretarias estaduais, de empresas públicas, universidades estaduais e federais, Itaipu Binacional, Federação das Indústrias Paraná (Fiep).O projeto tem como missão desenvolver as competências locais em energias renováveis e sensibilizar a sociedade para o uso consciente da produção de energia limpa.
PLATAFORMA - Como parte da estratégia de estar alinhado às últimas tendências na área de tecnologia e inovação, o Tecpar também firmou parceria com a Renault para disponibilizar ao instituto a plataforma do Twizy, veículo elétrico produzido pela montadora.Com a plataforma e os dados abertos do protótipo disponibilizado pela montadora, pesquisadores do instituto podem desenvolver novos estudos para criarem novos veículos elétricos, com proposta de transformar o Estado no mais inovador do País.
DESAFIOS – Como desafios, além da necessidade de popularizar a tecnologia, estão empecilhos logísticos e legais. Segundo Rafael Rodrigues, um entrave é o arcabouço legal. “A Aneel ainda não dá segurança institucional para o investidor entrar de cabeça no processo produtivo dos eletropostos. Ainda faltam grandes players, fabricantes nacionais. É preciso vencer essa parte regulatória. É preciso demonstrar para o usuário que esse sistema existe e funciona. Infraestrutura é fundamental”, afirma.O Paraná também precisa aumentar o número de eletropostos conforme cresce a demanda. Atualmente são 18 eletropostos nas cidades e 12 na BR-277 (eletrovia). Curitiba tem 13, Maringá dois, Londrina, Foz do Iguaçu e Cascavel com um cada. Só Londres, por exemplo, conta com 800 pontos de recarga. Em Portugal, com tamanho inferior ao Paraná, há 500.