Uma comissão formada por membros de diversos setores de Maringá, todos com o interesse de preservar a arborização da cidade, se reuniu ontem (segunda-feira, 19), na sala de reuniões da Prefeitura para criar o Instituto da Árvore, organização de caráter ambiental que pretende gerenciar estudos e pesquisas voltadas ao ambiente, envolvendo a paisagem urbana.A organização, que começa a sair do papel, pretende ainda prestar serviços de assessoria, consultoria, elaboração, implantação, execução, conservação e manutenção de projetos e empreendimentos ligados à arborização, defender, educar e preservar o meio ambiente promovendo treinamentos, cursos, palestras, seminários e congressos, além da comercialização de mudas de árvores e planejamento de arborização para outras cidades.Segundo o secretário do Meio Ambiente e Agricultura, José Croce Filho, a consolidação do Instituto da Árvore servirá como suporte para os trabalhos realizados no município. “O Instituto vai dar agilidade aos processos relacionados ao meio ambiente, buscando resgatar a exuberante arborização da nossa cidade, cadastrando e pesquisando as espécies que temos, repondo as espécies ameaçadas e controlando a remoção e plantio feito pela população. Sem dúvida será uma organização que vai contribuir bastante”.Maringá, conhecida nacionalmente pela beleza de seus parques naturais e ruas arborizadas, tem atualmente cerca de 130 mil árvores, deste total 93 mil foram catalogadas por uma equipe do Cesumar, em parceria com a Copel e Gelita, onde 30% apresentam a classificação de “sofríveis”. O Instituto ajudará a catalogar as demais árvores e a fiscalizar o plantio e remanejamento de cada uma, podendo inclusive, após autorização da Prefeitura, fazer o serviço.Cerca de 30 pessoas participaram da reunião de hoje, entre elas representantes da UEM, Cesumar, Companhia Melhoramentos, ONG's, Copel, Sanepar, Polícia Ambiental, Lions Club e Rotary Club, Associação dos Engenheiros Agronômos de Maringá, Comdema, jornalistas e representantes da família de Anníbal Bianchini Filho, primeiro jardineiro de Maringá que deu andamento nos projetos elaborados por Luiz Texeira Mendes. Ambos deverão ser homenageados pelo Instituto para que as futuras gerações possam se espelhar nesses pioneiros e preservar os trabalhos realizados por eles.Na próxima segunda-feira (26) uma nova reunião vai eleger a diretoria e os conselhos do Instituto, que será uma organização sem fins lucrativos e com autonomia administrativa e financeira.Luiz Teixeira Mendes: engenheiro florestal, nascido em São Paulo, foi contratado pela Companhia Melhoramento para se responsabilizar pela criação do Horto Florestal, que pretendia não apenas preservar um pedaço da mata junto à cidade, mas também iniciar um estudo científico no local que fizesse escola em seu trabalho de arborização urbana. Toda a estrutura do Horto foi criada por Luiz Texeira Mendes, que juntamente ao seu assistente Anníbal Bianchini Filho viajaram por toda a região e outros estados em busca de mudas e sementes para a implantação do projeto de arborização em Maringá.De acordo com relatos de Anníbal Bianchini, o engenheiro Luiz Texeira Mendes era um homem extremamente simpático e apaixonado pela natureza. “Ele não gostava que removessem nem mesmo uma teia de aranha nas árvores, pois dizia que era preciso respeitar a vontade da natureza”.Bianchini: engenheiro agronômo, Anníbal Bianchini Filho é um dos grandes responsáveis pela arborização maringaense, sendo conhecido por muitos como o “primeiro jardineiro de Maringá”.Para Bianchini o fato de ter sido assistente de Teixeira Mendes e de poder traçar o perfil das árvores a serem plantadas na cidade deve ser agradecido todos os dias.
“Agradeço todos os dias ao Criador pela oportunidade de ter participado do projeto de arborização, que começou com o dr. Luiz Teixeira Mendes, do qual fui assistente. Portanto, participei desde o início, quando havia tudo por fazer. Conheço a história de quase todas as árvores de Maringá.Me sinto honrado em receber essa homenagem do Instituto da Árvore, mas o verdadeiro responsável por essa exuberante beleza é Teixeira Mendes”.Árvores: o plano de arborização de Maringá foi traçado para dar uniformidade em todas as estações do ano. Hoje temos 39% de Sibipiruna, enquanto a segunda espécie mais freqüente, o Ipê Roxo, representa 10% das árvores, seguido pela Tipuana 6,7%.Bianchini explica que a opção por prevalecer a espécie da Sibipiruna se deve ao fato de ser uma árvore, que ao contrário de outras espécies, cresce rapidamente e proporciona sombreamento em dois anos e meio a três anos.“Quando iniciamos o plano de arborização, era preciso que se tivesse sombra logo. Não poderíamos plantar uma árvore que demorasse oito, dez anos para crescer”.Conforme o secretário José Croce Filho, o Instituto vem para ajudar a preservar as espécies ameaçadas e a controlar o plantio desordenado das árvores. “Muitas vezes a própria população planta as mudas das árvores na frente de suas casas. O que acaba esbarrando no plano de arborização da cidade. A poda e o plantio de árvores realizados por terceiros devem ser controladas para não perdemos o patrimônio de Maringá”, finaliza o secretário do Meio Ambiente e Agricultura.