EMPREGO

Um cargo abaixo, mas empregado

Os números revelam uma situação positiva: o retorno dos brasileiros ao mercado de trabalho.

Um cargo abaixo, mas empregado

O número de pessoas empregadas no Brasil, em agosto, foi de 91,1 milhões, um aumento de 1,5% em relação ao trimestre anterior (mais 1,4 milhão pessoas) e de 1% (mais um milhão de pessoas) se comparado ao mesmo trimestre de 2016.

Entre os fatores que promovem esta retomada está o chamado "downgrade de carreira", ou seja, trabalhadores, em geral mais experientes, aceitam um cargo um nível abaixo como forma de voltar ao mercado.

"A pessoa que já está há cerca de um ano fora do mercado aceita a vaga como forma de mostrar seu trabalho e ser promovida em um futuro próximo", explica Fernando Medina, Diretor de Operações da Luandre, agência com 47 anos de atuação, que atende 200 das 500 maiores empresas do Brasil.

A pesquisa do IDados demonstra a dificuldade do trabalhador brasileiro desempregado de se recolocar no mercado de trabalho e destaca que os mais velhos e experientes acabam em situação de desvantagem. Segundo o estudo, esse aumento na diferença de idade se intensificou a partir de 2013, com o início da crise econômica no país.

O instituto ainda observa que profissionais estão sendo contratados com salários mais baixos do que os que estavam na empresa previamente e foram desligados. Hoje, um trabalhador contratado ganha, em média, R$ 358,53 menos que o trabalhador desligado da empresa.

Fernando Medina pontua que a crise afetou principalmente os setores de TI, engenharia e logística, onde se percebe a contratação de trabalhadores com nível maior de conhecimento para cargos com remunerações menores.

O cenário, no entanto, não deve ser encarado com pessimismo. "Nunca vejo um downgrade na carreira como regressão. Sempre há um aprendizado", comenta o diretor da Luandre. "Há casos em que ele se dá porque a posição oferece um salário menor e o contratante escolhe o candidato pela sua bagagem. Vemos também situações de escolha pessoal de profissionais que decidiram mudar de área, de ramo de atividade ou de função. Em ambas, há possibilidade de promoção se a pessoa se empenhar em mostrar seu talento e capacidade".

Medina acrescenta que a situação econômica instável do país levou empresas a contratar profissionais experientes, disponíveis no mercado. "Neste caso é um acordo entre ambas as partes, contratado e contratante", diz. "As empresas com as quais trabalhamos sabem observar talentos. A conjectura muitas vezes não permite um salário maior. No entanto, aconselhamos ao profissional demonstrar sua vontade de trabalhar. Neste momento de retomada econômica, é provável que ele seja promovido ou efetivado, no caso de um contrato temporário", aconselha.

Serviço:
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