Grafiteiros terão apoio da Prefeitura para promover arte e prevenir pichações

A Secretaria Municipal da Mulher, Igualdade Racial, Juventude e Pessoa Idosa (Semulher) reuniu na noite de ontem grafiteiros, artistas e vereadores para discutir políticas de promoção da arte urbana e prevenção de pichações na cidade. A proposta é regulamentar a manifestação artística e oferecer formações para adolescentes e jovens interessados.

“Nossa Secretaria vai apostar no jovem, na formação e na profissionalização do trabalho artístico. Precisamos revelar para sociedade tantas coisas lindas que nossos jovens são capazes de fazer, mas que hoje estão invisíveis. É um outro olhar para desmantelar o preconceito”, disse Aracy Adorno Reis, chefe da pasta que atende a juventude no município. Ela explica que o apoio e o incentivo a arte urbana será feito dentro dos limites da lei.

“Comecei a fazer pichação em 2007, mas a minha intenção sempre foi o grafite. Parei de pichar quando comecei a entender que o grafite é uma arte”, diz Renans Rodrigues. Ele conta que a mudança aconteceu após conseguir um emprego e ter condições de comprar materiais e estudar as origens da arte urbana. “O governo tem que investir na mulecada. Tendo formação, eles vão entender que podem fazer uma coisa da hora sem precisar pichar o muro dos outros ilegalmente”, avalia o jovem que retomou o estudos com o objetivo de fazer faculdade de artes visuais e ganha dinheiro extra com seu trabalho artístico.

“Se eu tivesse recebido oportunidade de aprender o que é um grafite eu não teria feito piche”, diz o assentador de pedras decorativas Leonardo Guerra Henriques que presta contas à Justiça por pichações feitas na cidade em meados de 2012. Ele diz que só mudou de atitude após ter contato com um artista em Santa Catarina. “Esse cara me deu toda as bases, foi onde eu me desenvolvi. Eu pude ver que existe algo além da pichação, que posso fazer aquilo que eu gosto sem prejudicar as pessoas, aprendi que posso ser melhor”, diz o jovem.

Adriano Bacura, gerente da Juventude, acredita que a falta de incentivo associada com problemas sociais é um dos fatores que estimula a rebeldia e formas de protesto como a pichação. “Quem faz pichação arrisca a própria vida escalando prédios e vagões de trem e tem problemas com a Justiça. Queremos mudar essa realidade. Com as oficinas nós vamos ensinar que pichação é uma coisa e grafite é arte”, explica.

Os vereadores Belino Bravin, Willian Gentil, Do Carmo e Jean Marques prestigiaram o encontro. Após ouvir reivindicações dos jovens artistas, os parlamentares divulgaram apoio à causa e à iniciativa da administração municipal. A ideia é regulamentar o grafite e a arte urbana como patrimônio cultural da cidade e viabilizar parcerias e recursos para financiar eventos e oficinas de formação. Os vereadores Altamir dos Santos, Sidnei Teles e Carlos Mariucci enviaram representantes.

Evento

Uma das iniciativas para promoção do grafite vai acontecer este mês. É a primeira edição do Encontro de Graffitti de Maringá, nos dias 11 e 12. A presença de vários artistas em uma mesa redonda na UEM e um encontro no Colégio Estadual João de Faria Pioli fazem parte da programação. O evento tem o apoio da prefeitura e financiamento através do Prêmio Aniceto Matti, lei municipal de incentivo à cultura.